Para descrever as belezas de Gurupi e de seu povo amigo e hospitaleiro inspiro em um poema de Vinicius de Morais que retrata a amizade dizendo: “não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração”.
por Wesley Silas
Cidade que surgiu, segundo os nossos antepassados, das trilhas formadas nos gerais do Norte/Goiano onde predominava as matas virgens à esquerda do poente que hoje são denominadas Mata de Gurupi e, à direita, caracterizava grande pastagem naturais e que serviam como habitat natural de animais e pássaros silvestres e trilhas de aventureiros como Simão e Crispim Ribeiro que passou por aqui na década de 1940, abriu caminho para outros desbravadores, onde predominavam os garimpeiros seduzidos pela febre do cristal – minério de alto valor financeiro, encontrado com facilidade nas regiões de Cristalândia, Dueré e Formoso do Araguaia e hoje, aos 58 aos de emancipação vive uma nova fase de esperança de desenvolvimento e esperança de futuro.
Controvérsias…
Segundo estudos embasados em depoimentos de pioneiros como Moisés Brito feito pelo escritor Moura Lima, aponta que o nome de Gurupi foi dado devido a região ser muito parecida com as matas na região de Gurupi no Pará. Já o historiador Roberto Ribeiro contesta com a versão do Cacique Gurupi.
Em seus 58 anos de história prevaleceu, até agora, a história de que o povoamento de Gurupi iniciou por volta do ano de 1947.
Entre os que defendem está vertente está o professor e historiador Roberto Ribeiro, o “Robertão”, que defende que a formação, a povoação das Matas de Gurupi, iniciou-se no dia 15 de maio de 1947 com a chegada de Benjamim Carvalho da Silva, o “Bião”, que se instalou juntamente com seus amigos percussores Maurílio Resende, João Batista de Souza, Domingos Sena, Antônio Ramalho e Antônio Raiz, que ‘desapearam’ à beira do córrego Pouso do Meio, onde criavam seus gados e acolhiam peões, garimpeiros, mascates e aventureiros que trafegaram peãs trilhas dos gerais do antigo Norte-Goiano.
Contrariando alguns pontos dos estudos do professor Robertão, no que diz a povoação da região e o nome Gurupi. Os estudos do escritor Moura Lima mostram que o município teve sua origem na região da Pedra Preta e que nunca houve a tribo indígena Gurupi e nem Cacique Gurupi na região. Ele afirma ainda que o nome Gurupi é em homenagem a região do Rio Gurupi que separa o Maranhão do Pará que, segundo ele, possuiu similaridade com a região da mata da bacia do rio Santo Antônio, que posteriormente foi denominada região da Mata de Gurupi. O estudo diz ainda que o nome Pedra Preta estaria “em consonância com a história da colonização do município, que teve início na fazenda Pedra Preta, primeiro núcleo humano a adentrar o território do futuro município de Gurupi, na década de 1920, capitaneado por Zé Vaqueiro, Bião, Rufino Ciel, Zé Praxedes e outros. Mas é uma outra história que abordo em profundidade no meu livro inédito: “A Conquista do Sertão de Gurupi”.
As versões
Para deixar claro colocamos alguns pontos defendidos por Moura Lima e pelo professor Robertão.
Robertão Ribeiro, o Robertão.
Segundo Robertão, o nome das matas de Gurupi tem mais de 100 anos e foi colocado pelos pioneiros da região que vieram antes de Benjamim Carvalho Lima, o Bião. “O nome de Gurupi foi por causa das matas e do Rio que já tinha este nome e da história do índio Gurupi (…). “O Maurílio Rezende dos Santos (cunhado de Bião) encontrou um grupo de uns 20 índios pescando no Rio Gurupi, e ai, perguntou de que de que nação eles eram, se eram Karajás, Javaés ou Xerentes e, um dos índios disse que eles eram índio Gurupi”, defendeu Robertão.
Para Robertão o nome de índio Gurupi eram porque eles eram da tribo do Cacique Gurupi ‘da nação Xerente que veio da região de Peixe’. “Quando o Benjamim chegou a Gurupi, em setembro de 1951, o Maurílio contou esta história para ele. E, com o passar dos tempos o Benjamim começou a fazer propaganda convidando o povo da região a fundar uma cidade que posteriormente, colocou o nome Gurupi. O município foi criado quando era distrito de Porto Nacional.
Diamante Puro
De acordo com Robertão “a versão de ‘Diamante Puro’ é do professor Adalto Cordeiro de Cavalcante. “Foi ele quem fez a designação da palavra”, explicou.
Robertão disse que pediu a uma amigo que trabalha na Funai em Governador Valadares para que ele levasse a um professor especialista em tupi-guarani que estaria pesquisando o nome Gurupi, mas até hoje este estudo ainda não foi publicado.
Robertão escreveu o livro titulado “O lendário Gurupi”. O livro retrata Gurupi desde 1926.
Moura Lima
De acordo com o estudo lingüístico e histórico (veja aqui) realizado pelo escritor Moura Lima, Gurupi é uma palavra originária do Tupi. “Gurupi é palavra Tupi, e não Xerente. Jamais significou Diamante Puro, mas sim, o Rio das Roças”, defende Moura Lima.
Neste estudo Moura Lima descreve: “se os nossos pioneiros fossem um pouco mais esclarecidos, na toponímia indígena, não teria colocado o topônimo Gurupi, mas sim, ITAUNA, ita-pedra, una-preta. A Pedra Preta, que estaria em consonância com a história da colonização do município, que teve início na fazenda Pedra Preta, primeiro núcleo humana a adentrar no território do futuro município de Gurupi na década de 1920, capitaneado por Zé Vaqueiro, Bião, Rufino Ciel, Zé Praxedes e outros.
Moura embasa a sua pesquisa nos tupinólogos Teodoro Sampaio, Pe. Lemos Barbosa, e Couto Magalhães, que apontam que a sinonímia da palavra Gurupi é o “Rio das Roças” (veja aqui), jamais Diamante Puro.
Ainda de acordo com o estudo para ser Diamante Puro “teria que ser outra palavra do tupi, como, por exemplo: Itaberetê, que quer dizer, o cristal verdadeiro, o Diamante Puro”, defende Moura Lima.
Contrariando a versão do professor Robertão, Moura Lima afirma em seus estudos que o nome Gurupi deu-se em homenagem ao Rio Gurupi no Pará. “O responsável por este transporte semântico da palavra Gurupi foi um dos pioneiros da fundação de Gurupi, Moisés Britto, que voando no seu teço-teco por cima da Mata da bacia do rio Santo Antônio, no início da década de 1950, dizia a sua fala fluente aonde chegava, desde Porto Nacional até Goiânia: É uma bela mata, parece a mata do Gurupi, lá do Maranhão”, defende Moura Lima.
Segundo Moura Lima a repetição se espalhou fazendo com que a mata da bacia do Rio Santo Antônio fosse batizada de Mata do Gurupi. “Por analogia, estendeu ao Rio Gurupi e ao povoado em formação”.
Em seu estudo, Moura Lima descreve que a definição “Diamante Puro” veio do historiador Adauto Cordeiro Cavalcante, no seu livro “Gurupi”, edição UFG, 1968. Moura Lima defende ainda que a publicação de Adauto não tem base filológica, não cita referências bibliográficas e fez uma “maçarocada” lingüística. “Corajosamente definiu Gurupi como ‘Diamante Puro’, defende Moura Lima.
Cacique Gurupi
Para Moura Lima Gurupi padece da síndrome da identidade cultural desde sua fundação. “Com essa ferida erodente no ego, de origem emocional, quer sim, quer não, abriu-se um calabouço para os mitômanos, e alambicados criarem uma história tendenciosa ou forçada”, diz Moura Lima em seu estudo que defende a inexistência do Cacique Gurupi.
Segundo o escritor a história do Cacique Gurupi (leia aqui) é uma mentira de ‘perna curta’ e que os fatos históricos apontam que na região, especificamente na cidade de Peixe, que nasceu 161 anos antes de Gurupi, os viajantes que demandavam Natividade, Arraias, Cavalcante eram era constantemente atacado pelos ferozes índios Avás-canoeiros, ou caras –pretas. “Eram temidos por todos os outros indígenas do Norte Goiano, que pelavam de medo desses aguerridos tapuios. Daí a razão de nunca ter existido índio, na base territorial de Gurupi, de forma permanente, a não ser de maneira esporádica, de passagem, nas andanças erráticas […] O Cacique Gurupi nunca existiu, de carne e osso! É tão-somente, uma ficção, que foi embrulhada no balcão da mentira como fato histórico ou lenda! E lembrai-vos de Nietzsche – A principal mentira é a que contamos a nos mesmos!”, defende Moura Lima.
Obs.: As entrevistas foram coletadas em novembro de 2004 e 2010.