A operação intitulada Mr. Hydeda realizada em conjunto pela Polícia Civil e Promotorias de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários de Serviços de Saúde (Pró-Vida) e a de Justiça Defesa da Saúde (Prosus), deflagrou nesta quinta-feira investida para desarticular um esquema criminoso envolvendo cartel formado por hospitais, médicos e empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs). Treze pessoas foram presas, dentre elas o renomado médico-cirurgião, nascido em Gurupi, John Wesley e R$ 500 mil apreendidos.
Estima-se que cerca de 60 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa em um esquema que movimenta milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Segundo a Polícia Civil, o grupo tentou matar um paciente que ameaçava denunciar a quadrilha, deixando um arame de 50cm na jugular dele. Além disso, há casos de cirurgias sabotadas para que o paciente fique sendo operado e, assim, gere lucro para o esquema, utilização de produtos vencidos e troca de próteses mais caras por outras baratas.
O promotor de Justiça do MPDFT, Maurício Miranda, apontou que há condutas muito graves, como o uso de próteses fora do prazo de validade e a simulação de uma venda como se fosse equipamento importado e, no momento da cirurgia, a troca e utilização de equipamento nacional. “A operação de hoje teve dois sentidos. O primeiro foi evitar a continuidade do crime para que as pessoas não sejam mais vilipendiadas na sua saúde e nos recursos financeiros. O segundo foi o de coletar vestígios materiais para permitir a prova já colhida e quem sabe ampliar a investigação para outros ramos”, destaca.
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, na ação deflagrada hoje, foram cumpridos 13 mandados de prisão, sendo oito temporárias e cinco preventivas. Desse total, sete prisões são de médicos. Os outros são funcionários de hospitais, de clínicas e da empresa que estava no centro do esquema, chamada de TM Medical. Além disso, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e quatro conduções coercitivas. Foram apreendidos R$ 100 mil e US$ 90 mil.
Segundo o jornal Correio Braziliense, entre os presos estão o dono da empresa TM Medical e líder do esquema, John Wesley, filho de um ex-funcionário do Banco do Brasil em Gurupi e um sócio da empresa Micael Bezerra Alves.
De acordo com o G1 do DF, a denúncia contra o grupo partiu de uma vítima. “Ela teve uma cirurgia de coluna que foi malsucedida e ela precisou refazer a operação para retirar material. Entre uma e outra, saiu uma denúncia contra o John Wesley e a vítima começou a contestar o doutor. Em uma terceira cirurgia houve um erro médico gravíssimo e isto está sendo apurado”, complementou. A vítima sofreu tentativa de homicídio ao tentar revelar o esquema, diz a polícia.
O advogado da vítima, Jean Kleber Garcia, disse ao G1 “que foi deixado um fio-guia (espécie de catéter) propositalmente na jugular dela, em uma cirurgia que ocorreu em 22 de dezembro. Sem saber, a vítima passou a desenvolver trombose. O instrumento só foi retirado em 2 de janeiro”, disse.
Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, crimes contra a saúde pública e estelionato. No entanto, as investigações prosseguem para apurar crimes de lavagem de dinheiro. As penas somadas ultrapassam pelo menos 40 anos de reclusão. “Essa é a maior investigação já realizada para apurar máfia contra a saúde”, concluem o delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DECO), Luiz Henrique Dourado em conjunto com o promotor de Justiça do MPDFT, Maurício Miranda. (As informações são do G1, Polícia Civil do DF, Correio Braziliense e site Metrópoles)
Confira os números da operação:
21 mandados de busca e apreensão
13 mandados de prisão (oito temporárias e cinco preventivas)
Quatro conduções coercitivas
Sete médicos e um servidor da Secretaria de Saúde estão entre os alvos
Prisão de dois sócios da empresa TM Medical
Condução coercitiva de um diretor do Hospital Home
240 policiais civis, entre delegados e agentes
21 promotores do MPDFT
21 agentes de segurança do MP