Por volta das 6h da manhã da terça-feira, 20, a falta de atendimento em dois hospitais públicos, sendo um municipal de Peixe e no Regional de Gurupi, fez com que a mãe Zeneide Ferreira Lustosa, perdeu sua bebê que estava com oito meses de gestação.
De acordo com o lavrador, Antônio de Almeida, pai da bebê morta, sua esposa estava com sangramentos e por volta das 00h da terça-feira, o casal saiu do assentamento Lagoa do Romão, localizada a 72 km do município de Peixe (TO), em busca de atendimento no hospital Municipal de Peixe, mas, ao chegarem na cidade a enfermeira do hospital afirmou que não tinha médico e encaminhou em um ambulância o caso para o Hospital Regional de Gurupi.
Na manhã desta quarta-feira, a reportagem do Portal Atitude falou com a mãe da bebê com morreu. Ele afirmou que o enxoval da criança estava pronto e que perdeu a criança depois que a bolsa rompeu quando ela estava dentro da ambulância em frente ao Hospital Materno Infantil, anexo ao Hospital Regional de Gurupi, e, mesmo assim não foi atendida. “Eles disseram que não ia nos deixar entrar e se quiséssemos tínhamos que esperar do lado de fora do Hospital devido a falta de obstetra. A pediatra falou que, caso a neném nascesse, era para nascer dentro da ambulância porque lá dentro do hospital não ia colocar. Não deixaram entrar e ficamos dentro da ambulância porque não quiseram atender porque disseram que não tinha médicos e ainda disseram que nós queríamos invadir o hospital para entrar”, denunciou a mãe.
Segundo a mãe, um funcionário do Hospital Materno chegou a aconselhar para que o caso fosse encaminhado para o Hospital Geral de Palmas. “Disseram que não tinham médicos preparados e era para nós irmos para Palmas, mas, os enfermeiros que nos acompanharam desde Peixe não quiseram levar para Palmas porque não daria tempo e poderia ou eu ou a criança morrer”, acrescentou.
Sem ter condições de ser atendida no hospital Materno, por volta das 6h da manhã, daquele dia, um enfermeiro que a acompanhava entrou em contato com a prefeita de Peixe, Neila Pereira, que pediu para encaminhá-la para um hospital particular que ela garantiria todas as despesas.
O médico plantonista do hospital particular afirmou à nossa reportagem que, a mãe ao dar entrada no hospital e ser examinada foi constatado que a bebê já estava morta e por volta das 6h uma equipe do hospital fez uma cirurgia para retirar a criança. “Eu recebi a paciente, examinei, constatei que o feto estava morto e, em seguida, chamei outro médico e operamos a mulher já amanhecendo o dia”, disse o médico que pediu para não ter o seu nome divulgado. Em seguida acrescentou: “A mulher teve um descolamento de placenta e quando começou a sangra foi para Peixe e lá não tinha médico, mas, se tivesse um médico em Peixe e tivesse feito cirurgia nela a criança poderia está viva – o que mostra irresponsabilidade da prefeita daquela cidade”, disse.
Sem obstetra
Segundo uma fonte que trabalha no hospital Materno Infantil, encontra-se sem diretor, deste a última segunda-feira está desassistido de obstetra e os casos estão sendo encaminhados para o Hospital Geral de Palmas, como aconteceu com outra grávida da cidade de Alvorada na tarde de ontem, que estava com 40 semanas de gestação e não pode ser atendida em Gurupi.
Residência médica em obstétrica
O caso da mãe, comprova outro ponto grave no Hospital Materno Infantil de Gurupi, pois oferece residência médica em obstetrícia e, obrigatoriamente, deveria haver obstetra para acompanhar os alunos que fazem residência em medicina.
A redação do Portal Atitude entrou em contato com a Ascom da Sesau, mas até o fechamento da matéria não teve nenhuma resposta