(Por Dr. Diego Angolin) A longevidade aumentada foi uma condição criada por nós, por isso surgiu o que hoje é chamado de “ Medicina Anti-Aging”, que trata de manter a condição de saúde (e conseqüentemente, a qualidade de vida) promovendo-a ao seu melhor estado fisiológico, pelo maior tempo de vida possível. Cuidar do envelhecimento com saúde e qualidade de vida é ciência e existe.
Os atletas já entenderam esta parte do tratamento. Praticar esportes continua sendo uma das melhores formas de prolongar a vida com qualidade. Mas o que muitos não sabem, é que o exercício físico intenso, por tempo prolongado e sem aporte nutricional adequado, é causa de muitas doenças e/ou lesões, com algumas repercussões graves.
É aquela velha história do “ele era jovem e saudável, praticava esporte e infartou…”, por exemplo. Na ausência de doença congênita (aquela que “nasce com” a pessoa) ou adquirida, as quais são causas importantes de morte súbita (aproveito para lembrar da importância de uma avaliação médica específica antes de qualquer prática desportiva), uma boa hipótese para tais “histórias” é relacionada ao “estresse oxidativo”, que quando ocorre por muito tempo e sem a correção do desequilíbrio químico que o mesmo causa, pode matar sim.
A maior fonte endógena (ou seja, que o próprio corpo produz) de radicais livres (moléculas ávidas por equilibrarem-se às custas de outras, como uma reação em cascata, um radical livre – estudado por princípio pelo cientista Linus Pauling – desestabiliza uma molécula, que por sua vez, torna-se um radical livre, que desestabiliza outra molécula e assim por diante. A forma como ocorre este desequilíbrio é “roubando” um dos elétrons (partícula negativa do átomo) da última camada molecular (tais quais “pistas de corrida concêntricas”, que compõe o átomo e por onde “circulam” os elétrons, sempre de dois em dois), deixando o elétron restante despareado e ávido por restaurar seu par e consequentemente, o equilíbrio molecular (a natureza vive em equilíbrio e toda alteração nesta dinâmica, tende a equilibrar-se novamente e o mais rápido possível. Este princípio explica inclusive o “efeito-sanfona”, mas esta é outra história.) …voltando aos radicais livres, estes são produzidos em grande monta por uma organela celular chamada mitocôndria, presente em todas as nossas células (é a “usina nuclear” das células, fonte de energia, chamada de ATP, principalmente) e o órgão que mais contem mitocôndrias é o coração, portanto quem se exercita muito sem fornecer um aporte adequado de antioxidantes, mais envelhece do que se beneficia da prática, por isso o termo “sport aging” (criado pelo professor de Ed. Física e triatleta master Gilberto Rezende).
Radicais livres são vitais, mas quando aumentada sua produção para além dos níveis fisiológicos, deve-se ter o cuidado de manter o equilíbrio deste estresse oxidativo (relação entre a produção de radicais livres e a ação antioxidante, que são os “neutralizadores” daquelas espécies reativas) com a prescrição médica de suplementos vitamínicos e minerais, os quais agem como co-fatores e catalisadores de inúmeras reações químicas (ou metabolismo) do organismo.
O uso de aminoácidos específicos, para anabolismo ou para evitar o catabolismo; um aporte de gorduras do tipo ômegas 3 e 6 (sempre equilibradamente), o uso da Co-enzima Q10 e de inúmeros outros suplementos são, de fato, a melhor ação preventiva.
Nunca devemos nos esquecer de cuidar molecularmente de nosso trato gastrointestinal, pois com células intestinais em mau estado, a absorção de todos estes nutrientes fica muito prejudicada. Estas alterações são conhecidas pelo nome de disbiose e constitui um dos mais sérios problemas para quem trata de saúde. O uso correto de pró e pré-bióticos (bactérias benéficas e certos tipos de fibras ou açúcares complexos, respectivamente) é indicado para todo ser vivente nesta sociedade moderna.
Exames de sangue, urina e imagens radiológicas são solicitados, conforme o caso. Analisar individualmente cada ser humano e assim, prescrever suplementos adequados para cada um, faz o resultado aparecer tão logo se inicie o tratamento.
Acabam-se as cãibras, dores musculares, insônia, fadiga crônica… promoção de melhor e mais rápida recuperação pós-treino, com o uso da D- Ribose, por exemplo, tem-se mostrado extremamente eficaz. Por melhorar o aporte energético para o metabolismo, o tempo de recuperação total pós-treino excessivo ou competição cai de 72 para 12 horas. E isto faz toda diferença.
A tendência atual é prevenir e não mais remediar, apenas. A Medicina evolui a passos largos, como eu costumo exemplificar, vide a evolução dos aparelhos de televisão. Há 40 anos atrás, eram pequenas, preto e branco, caríssimas, de imagem ruim. Hoje existem modelos de alguns metros de comprimento, com telas em LCD ou alguma outra tecnologia fantástica, sensíveis ao toque dos dedos e imagens quase reais…a Medicina evoluiu junto. Infelizmente alguns ainda assistem a vida em preto e branco… mas não há como negar a evolução científica e tecnológica que a humanidade promoveu. A fisiologia vem antes da farmacologia, ou seja; evitar o dano com o equilíbrio metabólico correto antes de medicar, medicar e medicar.
Hipócrates, o pai da Medicina, dizia ser o “Primun Non Nocere”(lt) um dos princípios fundamentais desta arte-ciência. Significa o “Princípio da não maleficência ou primeiro não fazer o mal”. Ao administrar remédios com inúmeros efeitos colaterais, ferimos este nobre fundamento. A evolução ocorreu justamente no sentido de evitarmos o mal; com todo embasamento científico necessário, pratica-se a Medicina Ortomolecular (do grego, Orto=certo, Molécula=união de átomos) no esporte e na vida saudável. Hipócrates deve estar feliz.
Bem-vindos ao futuro!
Dr. Diego Agnolin