“O nosso pensamento é que Formoso tem que liderar o processo de implantação da TO-500 que é 100% em território formosense. Então, Formoso não pode abrir mão de liderar este processo e Gurupi tem que ir como convidado nosso”, disse o advogado e agrônomo Ronison Parente. Ele comentou ainda as perdas que econômicas que Formoso teve nas últimas décadas favoreceram Gurupi.
Por Wesley Silas
Com experiência na gestão pública municipal, estadual e federal onde exerceu vários cargos como secretário desde o ano de 1997 e por último foi subsecretário Estadual de Agricultura e Superintendente da SPU, o advogado e agrônomo, Ronison Parente (PP), 48 anos, considerou que nas últimas décadas Formoso do Araguaia tem perdido espaço para Gurupi que passou industrializar a produção de Formoso do Araguaia como arroz e carne.
Quando cita o potencial da produção do Projeto Rio Formoso, Ronison Parente defende os investimentos favoreceram mais Gurupi que Formoso do Araguaia. Para ele, o projeto permitiu Gurupi avançar e consolidar economicamente. Disse ainda não aceitar o fato de Gurupi ser protagonista no debate da T0-500, rodovia que ligará Formoso do Araguaia ao Mato Grosso, numa audiência que deverá acontecer no mês de setembro com presença dos governadores do Tocantins e Mato Grosso, do Ministro da Infraestrutura, dos presidentes da Funai e do Ibama e do procurador da república, Álvaro Manzano. O solicitação da audiência foi feita pelo vereador André Caixeta e o requerimento foi apresentado pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO, no senado Federal.
“Formoso não pode andar a reboque de Gurupi e eu não consigo compreender que Gurupi lidera a região Sul. […] O nosso pensamento é que Formoso tem que liderar o processo de implantação da TO-500 que é 100% em território formosense. Então, Formoso não pode abrir mão de liderar este processo e Gurupi tem que ir como convidado nosso pelo peso e pela importância econômica que tem. Com todo respeito a quem está conduzindo isto, mas esta discursão tem que passar por lá”, disse Ronison.
Industrialização
Para Ronison Parente Formoso do Araguaia deixou de industrializar e passou a ser uma exportador de matéria-prima para indústrias de Gurupi. Ele citou o exemplo do arroz, onde Formoso deixou de ter uma das maiores beneficiadoras de arroz da América Latina e hoje exporta 100% da sua produção.
“Nós temos hoje quase 200 mil toneladas de arroz sendo produzida por ano e 100% sendo exportada de Formoso para ser beneficiada, inclusive em Gurupi pela Bom de Gosto e outras empresas que fazem o processo de empacotamento. Ora! Em 2001 quando a Cooperjava fechou as portas, Formoso produzia 120 toneladas de arroz que era suficiente para tocar a Cooperjava, que era na época uma das maiores empresas beneficiadoras de arroz da América Latina; enquanto hoje produzimos 80% a mais, graças a tecnologia e aumento da produtividade, mas, não industrializamos um grão de arroz. Enquanto Gurupi não produz nenhum pé de arroz se beneficia. Isso não é justo e precisamos rever isso”, disse Ronison.
Parente também levou em conta a participação do município de Formoso do Araguaia na criação de bovinos na economia do Estado do Tocantins, assim como o potencial da industrialização do calcário.
“São mais de 300 mil cabeças de bovino e somos o segundo maior rebando bovino do Estado e só perdemos para Araguaçu porque está um pouco contaminada com São Miguel (GO). Veja bem, 100% do nosso gado sai em pé para ser abatido na Cooperfrigu em Gurupi, na Boi Brasil em Alvorada ou em Paraíso do Tocantins; enquanto Formoso não industrializa um quilo de carne sequer. Temos ainda a questão do calcário onde temos uma empresa que trabalha vários segmentos na cadeia do calcário e podemos chegar ao cimento como faz Xambioá, apesar deles terem uma logística muito inferior a nossa que somos vizinho do Estado de Goiás que é ligado com Minas Gerais e próximo a São Paulo”, defendeu.
Geração de emprego estagnado
Na contramão da potencialidade econômica de Formoso do Araguaia, conforme Ronison, o município deixou de gerar expectativa de futuro para jovens que terminam os estudos de segundo grau e ficam na ociosidade e fora do mercado de trabalho.
‘Nós estamos há 20 anos sem receber uma empresa de porte que consiga agregar 50 a 100 empregos diretos. É muito tempo e só para ter uma ideia eu fiz um cálculo nas escolas no município de Formoso, incluindo a Fundação Bradesco, e cheguei a conclusão que nós temos quase 400 jovens que terminam o ensino médio por ano. Eu tenho dito que Formoso tem a obrigação de gerar por ano 400 empregos para atender esta juventude, além dos pais de famílias que estão há muito tempo aptos para o mercado de trabalho”, disse.
Ocupar espaço na região sul
Para sair da estagnação econômica, Ronison defende mecanismos parar que os produtos de Formoso sejam, pelo menos em parte, industrializados no município, caso a população de Formoso do Araguaia aceite a sua proposta política.
“Se a população compreender que um projeto desta dimensão merece oportunidade, Gurupi se prepare porque vamos ter uma cidade pensando grande, como líder e não como caudatário, inclusive na questão universitária de conhecimento”, disse.
Erro histórico da UFT
Para Ronison os políticos cometeram um erro histórico ao implantar o curso de Agronomia da UFT em Gurupi, enquanto poderia ser em Formoso que tem o Projeto Rio Formoso e a Fundação Bradesco.
“Cometeram um erro histórico na década de 90 quando permitiram que o Campus do curso de Agronomia da UFT viesse para Gurupi e até hoje não engoli isso. Inclusive lideranças políticas daquela época que tinha projeção política no Estado permitiram isso. Imaginam em 1990 nós termos uma faculdade agrícola do porte de um Campus da UFT recebendo alunos do ensino médio da Fundação Bradesco com curso de técnico agrícola e com o projeto Rio Formoso pronto para oferecer todas as condições. Foi um erro muito grande e muito ruim para o curso de agronomia do Campus da UFT de Gurupi”, concluiu.
Assista abaixo a íntegra da entrevista: