O presidente do Gurupi Esporte Clube, Wilson Castilho, abriu a porta do Gurupi Esporte Clube para falar sobre as dificuldades e desafios de manter o melhor time profissional do Tocantins na Copa Brasil, Tocantinense e Brasileiro da Série D pois, sem o apoio do poder público terá o desafio de arrecadar R$ 960 mil para participar e custear os três campeonatos. “Quero deixar claro aqui que este é meu último mandato e se não aparecer ninguém daqui há dois anos podem ter a certeza que o Gurupi vai ficar sem presidente”, disse Castilho ao citar a eleição da diretoria do Clube.
por Wesley Silas
Fé, coragem e determinação são elementos presentes na história do Gurupi Esporte Clube marcada por conquistas, jamais vista por outro time na história do futebol profissional tocantinense.
O time do tostão que recentemente teve holofotes da mídia nacional após vencer o milionário Londrina, teve na última sexta-feira, 10, sua diretoria renovada mantendo na presidência o nome de Wilson Castilho.
“Até a data da eleição não apareceu ninguém, prorroguei o Edital por duas vezes e procurei o programa de rádio 95,9 que tem programação voltada ao esporte para convocar as pessoas para participarem das eleições e pedi que aparecesse alguém para dar continuidade ao trabalho; mas, não apareceu ninguém. Depois procurei a diretoria para dizer que não tinha aparecido ninguém e que deveríamos continuar. Então, no dia 10 conseguimos reunir em torno de 90% da diretoria e fazer eleição onde foi homologada a nova diretoria, pois o prazo já tinha sido encerrado”, disse Castilho ao explicar questionamentos feitos sobre a publicidade dada à eleição.
Segundo Castilho este é o último mandato dele na presidência do Gurupi Esporte Clube.
“Mesmo depois de ter realizada a eleição, caso tenha alguém que queira dirigir o Gurupi pode me procurar porque eu já dei minha contribuição com muito trabalho que faço com amor e dedicação. Quero deixar claro aqui que este é meu último mandato e se não aparecer ninguém daqui há dois anos, podem ter a certeza que o Gurupi vai ficar sem presidente porque eu não vou mais ficar na presidência”, disse.
Dinheiro público
Outro desafio para a atual diretoria será participar de três campeonatos, sendo um Estadual e dois nacionais sem ajuda financeira do poder Público municipal.
“Neste ano de 2017 o Gurupi não terá nenhum centavo do poder público. Não é porque o prefeito Laurez Moreira não queira dar, mas segundo a assessoria jurídica da prefeitura chegou uma lei federal que proíbe o repasse de dinheiro o futebol profissional e com isso, não queremos fazer coisas erradas e devemos aceitar o que determina a lei”. Disse ainda que “a prefeitura vai nos ajudar em serviços como a manutenção do estádio Resendão que trocou as luminárias, logística, na limpeza e pintura”.
Sobre ajuda do Governo Estadual ele conta que a última ajuda aconteceu há mais de 10 anos. “Se não me engano o último ano que teve parceria entre a Federação e o Governo do Tocantins foi em 2003”.
Ele lembra que no momento de crise toda responsabilidade financeira do clube recai sobre a diretoria. “As pessoas querem ficar na chapa, mas não querem ficar na cabeça porque o pau pega é no presidente”, explica.
Salvação
No entanto, segundo Castilho, a salvação financeira do Camaleão do Sul para iniciar o ano foi o recurso da CBF advindo do título do Tocantinense em 2016 que o classificou para Copa Brasil.
“Graças a Deus nós formos campeão do Tocantinense no ano passado e por termos o direito de participar da Copa do Brasil, como isso, a CBF nos garantiu uma cota de R$ 250 mil, mas com os descontos do INSS e do Fundo dos Atletas ficou R$ 224 mil”, explica.
“Deus vendo a nossa dificuldade e nos abençoou e nós ganhamos do Londrina no último final de semana que foi uma coisa inédita e com isso vai entrar outra cota e com o desconto vai ficar em torno de R$ 224 mil. Este é o dinheiro que tínhamos para participar do campeonato Tocantinense, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro série D”, acrescenta.
De acordo com Castilho, a despesa mensal para manter a equipe do Gurupi Esporte Clube fica em torno de R$ 120 mil, destes R$ 85 mil são investidos na folha de pagamento dos jogadores e as demais despesas são gastas com hotel, restaurante, viagens, medicamento e transporte.
“Só para a Copa Brasil e o Tocantinense são em torno de quatro meses, o campeonato Brasileiro série D fica em torno de quatro meses. As despesas ficará em torno de R$ 960 mil e hoje nós temos em torno de R$ 450 mil para quando a CBF nos repassar as duas cotas”, disse.
Déficit no orçamento
Com déficit de, aproximadamente, R$ 500 mil, a salvação do Gurupi para manter a equipe nas três competições será vencer o próximo jogo da Copa Brasil e, assim possa receber outra cota.
“Esta pode ser a nossa salvação para o campeonato Brasileiro. Se não ganharmos o próximo jogo contra o Figueirense ou Rio Branco, o Gurupi talvez ficará inviabilizado a participar do campeonato Brasileiro. Deus vai nos ajudar a ganhar para termos este recurso para o Brasileiro”, diz Castilho.
Ele explica ainda que os patrocinadores locais nas publicidades em uniformes e placas no Resendão não dão condições de manter o time, bem diferente de times grandes como o time do Londrina.
“O valor é tão irrisório que não posso falar, pois são valores que vão de R$ 1 mil a R$ 2 mil. Para ter uma idéia, depois do jogo contra o Londrina, jornalista do Jornal Nacional (Rede Globo) nos ligou pedindo informações para comparar a folha de pagamento do Londrina que é R$ 2 milhões com a do Gurupi no valor de R$ 120 mil. O que o Londrina recebe por ano fica em torno de quase R$ 30 milhões por meio de cotas da Rede Globo, do Campeonato Brasileiro Série B, da Caixa Econômica Federal. Enquanto o Gurupi para participar das três competições necessitará de R 960 mil”, lamenta o presidente do Gurupi.
Papel da Federação Tocantinense de Futebol
Outro assunto que sempre aparecem nos debates quando se trata do futebol profissional tocantinense é a participação da Federação no campeonato Estadual, pois segundo ele só pode vir por meio de patrocínio via empresas privadas.
“As Federações não repassam dinheiro para Clubes. A Federação Tocantinense nunca repassou dinheiro para os clubes e nunca vai passar. Isso não é só aqui, mas em todas, porque elas sobrevivem das taxas repassadas pelos clubes. Acontece de vez em quanto quando ela consegue patrocínio, como aconteceu em 2013 e 2014, quando ela conseguiu com a Chevrolet que patrocinou as arbitragens e deu um carro para ser sorteado. Como não foi rentável, a Chevrolet não renovou. Federações Paulistas e Cariocas não repassam dinheiro para os clubes, mas, dão premiações”, explica.
Estádio Resendão/Fazendão
As más condições na estrutura do estádio Resendão é outro fator negativo que o time enfrenta.
“Para ter uma idéia o Centro de Treinamento do Londrina é melhor 100% que o nosso estádio. É por isso que eles quando chegaram lá chamaram o nosso estádio de Fazendão. A dificuldade é muito grande porque a nossa estrutura é muito ruim que dificulta a presença do torcedor. Mesmo diante disso agradeço aos torcedores que nos ajudam”, disse.
Meta para 2017
Apesar dos percalços estruturais e financeiro a nova diretoria do Gurupi focará o ano de 2017 e terá como meta conquistar o heptacampeonato Tocantinense, subir do Brasileiro da Série D parta Série C e passar da terceira fase da Copa do Brasil.
“Este ano é do Gurupi para trabalhar e sair destas dificuldades que são três objetivos que são passar de fase na Copa Brasil e conseguimos, pois se não acontecesse teríamos problemas para participar do Tocantinense. Daqui a quatro meses temos outra pendência porque se não conseguirmos classificar o Gurupi poderá desistir do Brasileiro. Nosso objetivo é passar de fase, ser hexacampeão para que no ano que vem possamos começar com uma cota da Copa Brasil e sair da Série D para participar da Série C para que as coisas possam melhorar porque tem cotas de TV e assim o Gurupi possa se tornar independente”.
Divulgação dos jogos
Para Castilho, ao contrário do que acontece em estados mais desenvolvidos economicamente, no Tocantins os papeis mudam, pois o clube ao invés de receber cotas, são obrigados a colaborarem com alguns veículos de comunicação que fazem cobertura dos torneios.
“Já ajudamos equipes de rádios que transmitem os jogos como foram os casos em Araguaína e Tocantinópolis porque não tinham nenhum meio de comunicação para repassar aos torcedores o que estava acontecendo nos jogos. Ajudamos com combustível, com alimentação e hospedagem . Ajudamos bastante diante todas essas dificuldades, tudo isso porque é importante que toda comunidade esteja a par de acompanhar todo o movimento. Então, a dificuldade não é só do clube, mas dos meios de comunicação também. Nunca teve um jogo nosso transmitido ao vivo pela televisão. A RedeSat até tentou transmitir um jogo entre o Gurupi x Araguaína, depois nunca mais porque não conseguem patrocinador”, disse o dirigente do Gurupi.
Considerações
No final da entrevista, Castilho agradeceu o espaço e desabafou mais um pouco sobre o seu amor pelo Camaleão do sul.
“Quero agradecer o Portal Atitude por este espaço, pois sou assíduo neste site porque realmente cobre toda a região. Ser presidente de outro clube é muito bom, mas do Gurupi eu tenho que ajudar levar jogador do hotel para o estádio, para ir almoçar, levar no médico e a comprar remédio. Tenho que ficar correndo atrás de laudos do Corpo de Bombeiro, da Polícia Militar, Vigilância e Engenharia. Eu só tenho hora para sair de casa, mas para chegar não tenho”, concluiu.