A cerimônia de encerramento da Rio 2016 teve início com voluntários vestidos de pássaros formando imagens de pontos turísticos do Rio de Janeiro, como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. Em seguida, o cantor Martinho da Vila interpretou as clássicas Carinhoso, de Pixinguinha, e As pastorinhas, de Noel Rosa.
O Hino Nacional foi interpretado por um grupo de 27 crianças integrantes de um projeto social de Niterói, ao som de atabaques. Logo depois, as bandeiras dos países participantes dos Jogos Olímpicos desfilaram ao som de Tico-tico no fubá, interpretada pela cantora Roberta Sá, vestida de Carmem Miranda.
Quem levou a bandeira do Brasil foi o canoísta Isaquias Queiroz, que ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze nos Jogos.
A cerimônia de encerramento foi pensada para contar a história da arte brasileira, desde de seu início: com a pintura rupestre, passando pela arquitetura e o paisagismo, artesanato, dança e arte contemporânea, sempre permeada pela música nacional, em suas multifacetadas vertentes: samba, choro, MPB, frevo, cânticos tradicionais indígenas, ciranda, forró e marchinhas de carnaval são alguns do ritmos da trilha sonora, assinada pelo produtor musical Alê Siqueira. O som de várias gerações de músicos e intérpretes fazem parte do show, como Pixinguinha, Braguinha, Noel Rosa, Martinho da Vila, Carmen Miranda, Roberta Sá, Arnaldo Antunes, Heitor Villa-Lobos, Luiz Gonzaga e Ernesto Nazaré.
A festa exalta a inventividade do brasileiro e sua capacidade de criar com as próprias mãos, reforçando elementos marcantes da nossa identidade cultural, como as esculturas de mestre Vitalino e as rendas de bilro. O primeiro ato trouxe as belezas naturais do país, a diversidade da fauna e da flora e algumas das mais icônicas paisagens do Rio de Janeiro sob a perspectivas de pássaros. Por ser o adeus dos Jogos Olímpicos, o show também reserva momentos de reconhecimento do trabalho dos voluntários, com uma canção em homenagem a eles cantada por Lenine, e uma retrospectiva dos melhores momentos.
A chama olímpica será apagada em um ato cheio de simbolismo: enquanto a cantora Mariene de Castro interpretará a música Pelo tempo que durar, de Marisa Monte e Adriana Calcanhoto. Uma chuva, que representa a abundância das águas tropicais, cairá sobre a pira, extinguindo o fogo. A mensagem, no entanto, não será de finitude: uma grande árvore surgirá no centro da cena, ressaltando o novo começo.
Por fim, a maior festa brasileira ganhará o gramado do Maracanã, evocando a tradição dos blocos de rua de carnaval e o esplendor dos carros alegóricos que passam todos os anos pela Marquês de Sapucaí. Rainhas das escolas de samba, passistas, percussionistas e baianas se juntarão ao Cordão do Bola Preta para o último elemento da cerimônia, em um cortejo liderado pelo gari Renato Sorriso e a modelo brasileira Izabel Goulart.
Brasil tem melhor desempenho da história, mas não atinge meta de medalhas
Foram 19 pódios para o Brasil nos Jogos Olímpicos, um recorde na história do país. Mas o número de medalhas não foi o necessário para se chegar à meta estabelecida pelo governo e pelo Comitê Olímpico do Brasil, de ficar entre os 10 primeiros países no ranking de total de medalhas.
Em 2012, quando foi estabelecido pelo governo o Plano Brasil Medalhas, a meta era investimento de R$ 1 bilhão de recursos públicos em bolsas para atletas, investimento em equipes técnicas e participação em torneios internacionais e também na construção de centros de treinamentos.
O Brasil terminou os Jogos do Rio em 13º no ranking com total de medalhas. Com sete ouros, o país bateu o recorde de Atenas 2004, quando foram conquistadas cinco medalhas. Ainda superou o número de medalhas de prata, com seis conquistas.
Incentivos aos atletas
Nos Jogos do Rio 2016, 358 dos 465 dos atletas brasileiros (77%) receberam apoios diretos do governo com o Bolsa Atleta. Para os esportistas, foram estabelecidas quatro tipo de bolsas: nacional (R$ 925 mensais), internacional (R$ 1.850), olímpica (R$ 3.100) e pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil). Cada bolsa é definida de acordo com os resultados dos atletas. Em 2016, está previsto o gasto de R$ 80 milhões para este benefício.
Além deste incentivo, 145 atletas que estiveram nos Jogos também eram apoiados pelo Programa Atletas de Alto Rendimento das Forças Armadas, que incorporou esportistas em destaques como 3º sargento temporário nas três forças, com soldo de R$ 3.200 reais. Esses atletas conquistaram 14 medalhas na Rio 2016. Em 2016, o programa tem previsão orçamentária de R$ 43 milhões.
Confira os investimentos públicos nos medalhistas brasileiros da Rio 2016 e nos seus respectivos esportes:
Canoagem de velocidade
A grande surpresa dos Jogos foi o canoísta de velocidade Isaquias Querioz com três medalhas (duas pratas e um bronze). Isaquias recebeu Bolsa Atleta durante todo o ciclo olímpico, não sendo atleta militar. Erlon Silva, companheiro de prata de Isaquias na C2 de 1000 metros, também recebeu a Bolsa Atleta durante os últimos cinco anos. Segundo o Ministério do Esporte, a a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) recebeu R$ 2,1 milhões para estruturação de centros de treinamento pelo país, além de mais de R$ 6 milhões em bolsas para atletas da modalidade.
O esporte que mais medalhas trouxe ao país, o judô também foi apoiado ao longo do ciclo olímpico com mais de R$ 50 milhões em convênios com Ministério do Esporte. Todos os atletas da equipe que disputou os jogos ainda são apoiados pelas Forças Armadas, os homens pelo Exército e as mulheres pela Marinha. Rafaela Silva, medalha de ouro no Rio 2016, Mayra Aguiar e Rafael Silva, medalhas de bronze, receberam a Bolsa Atleta pódio durante todo o ciclo olímpico.
Ginástica Artística
A ginástica artística também trouxe três medalhas para o país. Diego Hypolito, prata no solo, também recebeu a Bolsa Atleta durante o ciclo olímpico. Arthur Zanetti, prata nas argolas, e Arthur Nory, bronze no solo, receberam o apoio de bolsa durante quase todo o ciclo, com exceção de 2013. Do total de recursos repassados pelo Ministério do Esporte, a Confederação de Ginástica, federações, clubes e atletas receberam cerca de R$ 29 milhões.
Atletismo
O atletismo foi um dos esporte que mais recursos recebeu do governo federal nos últimos anos. Só com criação e reformas de pistas oficiais foram investidos R$ 300 milhões. Além de mais de R$ 50 milhões em convênios para a manutenção de centros nacionais de atletismo, R$ 28 milhões foram para bolsas para atletas entre 2012 e 2015. Thiago Braz, ouro no salto com vara, além do apoio da Aeronáutica, recebeu o Bolsa Atleta durante todo o ciclo olímpico, com exceção de 2013.
Boxe
O boxe acabou sendo uma das categorias que menos recebeu recursos federais. Desde 2010, o esporte recebeu menos de R$ 1 milhão. Mas os atletas acabaram amparados pelo Bolsa Atleta, com R$ 9 milhões em bolsas. Robson Conceição, ouro na categoria até 60 kg, também é terceiro sargento da Marinha e recebeu apoio da bolsa em todo ciclo olímpico.
Vela
A dupla Kahena Kunze e Martine Grael, ouro na classe 49er FX da vela, terceiras sargentas da Marinha, receberam apoio durante quatro anos do último ciclo olímpico. A vela, segundo esporte que mais conquistou medalhas para o Brasil, recebeu investimento do Ministério dos Esporte apenas em bolsas para mais de 600 atletas, somando R$ 13 milhões.
O vôlei é um dos principais esportes do país, trazendo na história 23 medalhas olímpicas nas modalidades de quadra e de praia. Desde 2010, diversos convênios entre Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Vôlei permitiram a estruturação da modalidade no país, com investimentos de R$ 48 milhões. Em bolsas atletas, foram desembolsados R$ 8 milhões para duplas de praia e R$15,5 milhões para os jogadores de quadra.
As duplas Alison e Bruno – ouro na praia – e Agatha e Bárbara – prata no feminino – além de sargentos da Marinha, recebem o bolsa atleta desde 2013. Dos 12 integrantes da equipe masculina que conquistou o ouro no vôlei de quadra, dez receberam apoio da bolsa atleta em algum momento do ciclo olímpico.
Tiro Esportivo
O primeiro medalhista brasileiro nos Jogos do Rio, o atirador Felipe Wu é sargento do Exército e apoiado pela bolsa atleta desde 2012. Cerca de R$ 9 milhões foram executados em convênios para o desenvolvimento da modalidade no país. Além do aporte de mais de R$ 13 milhões em bolsas atletas durante o período olímpico.
Maratonas Aquáticas
Poliana Okimoto, bronze na Rio 2016, é terceira sargenta do Exército e também apoiada pela Bolsa Atleta desde 2012. Para os atletas da maratona aquática, foram desembolsados mais de R$ 2 milhões. Não há especificações para convênios diretamente para a modalidade, o ministério informou que Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) recebeu, desde 2010, mais de R$ 15 milhões para investimentos na natação, maratonas aquáticas, nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático.
Taekwondo
A Confederação Brasileira de Taekwondo recebeu em convênio com Ministério do Esporte R$ 3 milhões. Com o Bolsa Atleta, o aporte na modalidade foi de R$ 11,6 milhões. Maicon Andrade, bronze na categoria acima de 80 kg, recebe o benefício desde 2014, sendo ainda terceiro sargento da Aeronáutica.
Futebol
A seleção masculina ganhou pela primeira vez o ouro olímpico. O esporte que na categoria masculina é o mais profissional no país, ao contrário do feminino, que mesmo sofrendo do amadorismo, chegou em quarto lugar na Rio 2016. Somente a modalidade feminina recebe apoio do governo federal, recebendo recursos de patrocínio de estatais e de leis de incentivo ao esporte, além de R$ 9 milhões em bolsas atletas.
Fonte: Nathália Mendes e Gésio Passos -(EBC)