Os protestos vem ocorrendo desde a última sexta-feira, 29, e neste domingo quando aconteceu o vestibular da UnirG acentuou e foi marcado por episódios negativos no momento em que a instituição busca se consolidar como Universidade e trabalha na extensão para oxigenar financeiramente – a exemplo da recém anunciada abertura de um Campus em Paraíso do Tocantins que oferecerá curso de medicina.
por Wesley Silas
A sexta-feira, data em que foi anunciado a implantação de um Campus da Universidade de Gurupi – UnirG em Paraíso do Tocantins para abertura de mais um curso de medicina, foi marcada com a presença da polícia militar em frente da Centro Administrativo. Na justificativa da UnirG, a presença dos policiais aconteceu devido a membros da Academia e da Fundação terem sidos ameaçados por acadêmicos de medicina num momento dificultoso envolvendo a obrigação do concluintes do curso de medicina a fazerem o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para depois acontecer a colação de grau.
“Tivemos que pedir o reforço policial porque tanto o pessoal da academia como da fundação receberam ameaças muito sérias neste final de semana. Chegaram a ir na casa da reitora Sara e chutaram o portão”, disse o presidente da Fundação UnirG, Thiago Benfica.
Mesmo faltando dois dias para o vestibular, os desdobramentos ocorrido neste domingo mostram que faltou eficiência no gerenciamento de crises por parte da UnirG para minimizar a extensão do impacto negativo na imagem da instituição tendo como plateia milhares de vestibulandos de várias parte do Brasil.
Por várias vezes a reportagem do Portal Atitude tentou ouvir, por telefone, o representante da CAMED – Centro Acadêmico de Medicina da UnirG, mas não teve respostas. Porém, em frente ao Campus I da Unirg, apresentaram faixas com frases de protesto e cobranças de melhoria do curso, em alguns cartazes diziam ameaçados e não iriam se calar, cobraram laboratórios equipados, reivindicaram hospital Escola e materiais básicos e expressaram frases como: “não temos o básico”, conforme mostra o vídeo abaixo:
Para o presidente da Fundação Unirg, um dos motivos da mobilização foi a cobrança do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para colocação de grau, onde os estudantes chegaram a ingressar com uma ação judicial e conseguiram uma liminar que foi derrubada pela UnirG no Tribunal de Justiça.
“Mesmo assim, a reitoria está analisando o caso no aspecto administrativo, posto que o MEC não autoriza a colação de grau sem a comprovação de presença do concluinte na prova do Enade, cuja análise resultou na indicação da colação dos concluintes que comprovarem mediante processo individual a regularidade. Portanto, creio que a colação irá ocorrer ainda na próxima segunda”, disse Benfica.
Thiago Benfica rechaçou a interferência dos acadêmicos em questões administrativas como a extensão. No entendimento dele, os protestos dos acadêmicos, seria em defesa de reserva de mercado. Ele defendeu ainda que o curso de medicina é superavitário e a instituição não pode perder a oportunidade de expansão e melhorar a renda.
“Quanto a manifestação, entendo ser direito manifestar por melhorias, pois sempre há o que se aperfeiçoar, porém não compete a alunos a decisão de abrir ou não outros Campus. Fato este que cabe exclusivamente a gestão. O argumento de falta de estrutura só evidência o movimento de reserva de mercado, pano de fundo de tudo isso. Fato que o próprio governo federal já sinaliza enfrentar ao definir políticas públicas para abertura de novos cursos de medicina”, disse.
Segundo ele a Prefeitura de Paraíso ofereceu uma grande estrutura para implantação do curso e, caso a UnirG não for, outras instituições poderão ocupar o espaço.
“A Unirg com mais de 20 turmas de medicina formada se credencia e se se expandir sob pena de assistir passivamente outras IES ocupar espaço que poderia ser nosso, como já aconteceu com a ITPAC”, considerou Benfica.
O que diz a reitora
A reportagem do Portal Atitude ouviu também a reitora da Unirg, Sara Falcão. Segundo ela houveram conversas com os representantes da CAMED – Centro Acadêmico de Medicina da UnirG, antes de acontecer as manifestações onde foi explicado a situação da instituição. Ela também pediu aos acadêmicos mais um voto de confiança.
“Assumimos a gestão tem um ano, estamos trabalhando arduamente para melhorar as condições, inclusive a parte pedagógica já melhorou bastante coisas e para alcançar um número de melhores professores e especialistas, recentemente, fizemos um concurso em que os professores serão chamados a partir de janeiro, estamos fazendo um convênio com o IML para melhorar o anatômico da instituição, estamos refazendo o convênio para que novas peças orgânicas possam ser oferecidas. Na parte de infraestrutura assim que terminar a reforma do Campus I iremos iniciar a do Campus II, estamos contratando empresa de consultoria para fazermos o Centro de Simulação Realística para todos os alunos dos cursos de saúde, estamos buscando melhorias para a qualidade do ensino. Sabemos que muitas coisas devem ser feitas e pedimos a eles um voto de confiança para que no próximo semestre aconteçam coisas melhores como na questão do internato onde já estamos buscando outras parcerias, recentemente adquirimos a biblioteca digital com, aproximadamente, 8 mil livros disponíveis. Então, temos buscado constantemente por melhorias na parte pedagógica alinhando com a Fundação uma parceria para que a estrutura seja melhorada”, disse
Assim como disse Thiago Benfica, a reitora afirmou que a extensão é uma decisão da gestão. “Nós entendemos que a Fundação e a Academia temos um objetivo que é melhorar a instituição e estamos alinhados com a Prefeitura Municipal de Gurupi e foi uma decisão como um todo desta gestão, mas nós iremos buscar melhorias para os acadêmicos em Gurupi”, concluiu a reitora.
Nota:
Respeitando o princípio do contraditório a reportagem do Portal Atitude esteve no Campus I, mas os acadêmicos tinham saído do local. Às 13h 31min a reportagem fez os seguintes questionamentos para o representante da CAMED – Centro Acadêmico de Medicina da UnirG, lembre-se que os mesmos foram lidos imediatamente, mas não não foram respondidos, conforme aponta o texto abaixo:
1. 13h 30 min.: As manifestações tem alguma coisa sobre a exigência do Enade dos formandos;
2. 13h 30 min.: Porque são contra a abertura de um polo em Paraíso;
3. 13h 31 min.: A reitoria e a fundação propuseram alguma alternativa para as questões dos laboratórios e bibliotecas;
4. 13h 32min.: O movimento no dia do vestibular atrapalha a imagem da instituição;
Obs.: O representante da CAMED leu todos os questionamentos e se manteve em silêncio.
Às 22h 31min. a reportagem voltou a cobrar respostas do representante da CAMED:
Estamos concluindo a matéria e não vamos colocar a fala do representante da CAMED devido ele não responder os questionamento sobre os protestos.
Diante ao silêncio e devido estourar o nosso deadline, a matéria foi veiculada às 23h 43min.
Diante as críticas e ataques ao veículo, a redação do Portal Atitude informar que o telefone continua o mesmo (63) 98427-5960 e nunca ignorou o princípio do contraditório.
(Matéria atualizada às 10h 49min. do dia 02/12/2019