Produtores e frigoríficos divergem sobre os números de bovinos para abate com base em dados do Serviço de Inspeção Estadual, defendida pelo veterinário Marcelo Dominici, enquanto seu colega de profissão, Eduardo Fortes, alega que é equivocado afirmar excedente de 1,5 milhão de animais para abate. “Há um déficit pela saída da matéria prima a outros Estados, o que desestimula e desequilibra a cadeia produtiva agropecuária”, defende a tese de Fortes.
por Redação
O debate sobre os números foi provocado após publicação de Nota de Repúdio Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Carnes Bovinas, Suínas, Aves, Peixes e Derivados do Estado do Tocantins (SINDICARNES) desfavor a provação da Lei nº 3.267 reduzir a alíquota do ICMS para a venda de gado vivo a outros Estados da Federação dos atuais 7% para 4%.
Em resposta ao seu colega, o Eduardo Fortes defende que “é preciso ter sensatez” para opinar a cadeia produtiva de carnes no Tocantins. Ele cita dados do Servido de Inspeção Estadual, que aponta a existência 8,7 milhões de bovinos no Estado e deste total conforme a média brasileira indica, 20% são para desfrute, ou seja, em 2017 teríamos 1,74 milhão de animais prontos para abate durante todo o ano, enquanto a capacidade de abate das industrias frigoríficas do Tocantins é de 2 milhões de cabeças/ano, contudo, segundo ele, é um equívoco pensar que pensar que existe um excedente de 1,5 milhão de animais para abate, enquanto, na verdade, há um déficit pela saída da matéria prima a outros Estado.
Para Forte são números que enfraquece a tese de que existe a necessidade de tirar o gado do Tocantins para outros Estados, pois neste ano serão abatidos 850 mil animais nas indústrias frigoríficas do Tocantins, devido aos 1,74 milhão de animais não estarem prontos para abate.
“Ao ficar no Estado o gado não só abastece as indústrias frigoríficas, mas também, beneficia as lojas veterinárias, casas agropecuárias, indústrias de sal mineral, fábricas de ração e todo o comércio afins, além de fortalecer o setor de processamento de couros no Estado. Neste ano, será abatido um total de 850 mil cabeças de gado nas indústrias tocantinenses e, levando em consideração a quantidade de 1,74 milhão de animais prontos para abate, teremos o abate de 890 mil cabeças de gado do Tocantins em outros Estados da Federação”, defende.
Consumo interno e exportação
Ele concorda que o consumo interno do Tocantins representa menos de 1/3 do volume de carnes abatido; mas, os 2/3 restantes são para abertura de mercados externos para exportação dos produtos fomentando o desenvolvimento industrial do Estado.
“Atualmente, os frigoríficos tocantinenses geram 20 mil empregos diretos e 60 mil indiretos. Se a cadeia funcionasse de forma equilibrada, com as indústrias trabalhando em suas capacidades máximas, só os frigoríficos iriam gerar 40% de vagas de empregos diretos a mais em relação a quantidade empregada atualmente, o que representaria mais de 8 mil famílias empregadas. Um número expressivo nesse cenário de crise e desemprego”, explica.
“Dessa forma, é preciso fomentar políticas públicas de desenvolvimento e industrialização do Estado do Tocantins, para realmente dar competitividade entre os elos da cadeia agropecuária, gerar emprego e renda às famílias, riquezas ao Estado e valorizar a produção local, e não trabalhar na contramão disso, desestimulando o crescimento industrial, gerando desemprego e desequilibrando a cadeia produtiva”, conclui Forte por meio da nota titulada “Vamos pensar no futuro!”