Depois de praticamente protagonizar uma novela exibida em horário nobre, a onça-pintada se tornou popular, quase na moda. Aliás, as estampas que imitam as rosetas de sua pelo são consideradas ícones fashionista. Mas, o maior felino das Américas – e o segundo maior do mundo, perdendo apenas para o leão e o tigre – está ameaçado de desaparecer.
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Para desmistificar a onça-pintada como um animal perigoso, que “ataca” rebanhos, animais domésticos e até pessoas, foi criado o Dia Internacional da Onça-pintada, comemorado no dia 29 de novembro.
O dia nacional dedicado à Rainha das Matas foi criado em outubro de 2018, pelo Ministério do Meio Ambiente. Mas, em novembro do mesmo ano, durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-14), realizada no Egito, a data foi referendada e, além de ganhar status internacional, também instituiu a onça-pintada como símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade.
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Isso porque, como topo de cadeia alimentar, seu desaparecimento provocaria um efeito denominado pelos biólogos de cascata trófica, quando os demais níveis da cadeia são alterados, promovendo o desequilíbrio ambiental com graves consequências.
Entre os possíveis efeitos desse desequilíbrio estão a perda de biodiversidade e das condições do solo, além do aumento de espécies exóticas. Outro efeito é o aumento na presença de patógenos, o que pode desencadear riscos de saúde para as pessoas.
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A onça-pintada é uma das espécies mais ameaçadas no Brasil, já tendo desaparecido de várias regiões. Além de perder anualmente seu habitat por causa do avanço dos desmatamentos e da ocupação rural, outros fatores como queimadas ilegais, caça e até atropelamentos – vem contribuindo para a perda significativa de indivíduos.
A bióloga do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Samara Almeida, que coordena o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Centro de Fauna do Tocantins (Cetras/Cefau), explica que o Dia da Onça-Pintada é uma data para pensar em sua preservação e em alternativas eficientes de resolver conflitos envolvendo o felino e humanos, garantindo a segurança de ambos.
“Estamos limitando cada vez mais a área de vida desses animais, obrigando-as a entrarem em propriedades, principalmente aquelas localizadas perto de matas, e quando isso acontece, dizem que ‘a onça ataca’, mas a onça não ataca, nós que estamos fragmentando cada vez mais seu habitat e deixando-as sem alternativas.”, ilustrou Samara.
Risco de desaparecer
Não existem números oficiais sobre a quantidade de onças-pintadas no Brasil. Segundo pesquisa da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), o que há são estimativas.
No Brasil, a onça-pintada já está ameaçada na categoria vulnerável, com perspectivas de agravamento da situação. Na Mata Atlântica, por exemplo, a espécie é classificada como criticamente em perigo. Isso porque boa parte de seu habitat foi perdido. Dados da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o desmatamento no bioma cresceu 27,2% entre 2018 e 2019 na comparação com o período entre 2017 e 2018.
Na Caatinga, por sua vez, a onça-pintada também está criticamente em perigo. No Cerrado, está classificada como em perigo. Já no Pantanal e Amazônia, onde existem as maiores populações, se encontram em situação vulnerável. Esse fato se dá pela perda de indivíduos por retaliação e caça ilegal, além do avanço da agropecuária.
Em razão do declínio populacional das onças-pintadas, cada vez mais têm surgido projetos que buscam unir esforços em ações para a conservação do animal. O desaparecimento da espécie pode levar ao desequilíbrio ecossistêmico, alterando toda a cadeia alimentar. Isso porque as onças-pintadas são predadores, portanto estão no topo da cadeia.
Programas de conservação
O monitoramento das populações desses animais é importante para a criação de uma base de dados sólida. Para isso, o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e Instituto Manacá, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil e banco ABN AMRO, criaram o Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar.
O programa busca justamente o monitoramento da espécie na Mata Atlântica. Seu objetivo é a criação de uma base de dados sobre a espécie e sua relação com os ecossistemas. Dessa forma, torna-se mais fácil o subsídio de ações de conservação mais eficazes. (informações do ecycle.com.br)