Gil Correia
Escrevo um dia antes do resultado final da partida entre Gurupi e Palmas, última rodada da primeira fase, que pode deixar o Gurupi de fora da segunda fase do campeonato tocantinense, o que não acontecia há muito tempo, mais de 10 anos.
Mas independente do time se classificar – o que pode acontecer – desde que vença o Palmas e o Interporto vença ou empate com o Paraíso, no estádio General Sampaio, é preciso repensar a forma de fazer futebol no Gurupi Esporte Clube.
Dinheiro público investido, sem retorno na base, não traz benefício algum pra cidade, nem para os praticantes do futebol, pela falta de gestão esportiva dos dirigentes. Pela falta também de visão política de quem aprova e libera dinheiro sem cobrar uma política permanente de resultados – não apenas títulos de lata que nem pra enfeitar prateleira serve. O Gurupi não tem sala de troféu. Parece casa da mãe joana.
Ouvi hoje um comentário de quem frequenta as hordas palacianas do governo municipal, que um secretário que gosta de criticar todo mundo e chamar os críticos de “vagabundo”, simplesmente porque discorda da forma e da prática que fazem no dia-a-dia, de que “este ano não, mas ano que vem, vamos montar um super time”. Então se gastaram então se gastaram R$ 400 mil oficiais este ano, quanto será preciso para montar um super time?
Claro que não tem nada a ver com o ano eleitoral. De forma alguma. Claro que não vão usar o título ano que vem, caso sejam bem sucedidos, para tentar ganhar eleição, carreando, manipulando emoções e outros “ões”, para a reeleição do atual alcaide.
Manipulação clara na mais deslavada e descarada junção de política usando o esporte. Claro que todo investimento público tem um preço. E que preço. Não importa o trabalho social. Nada vale os apelos para que seja implantada uma política permanente de desenvolvimento esportivo para a cidade.
Não vale ver diariamente mortes e mais mortes envolvendo jovens usuários de drogas, que poderiam estar praticando esportes nos vários centros esportivos espalhados pela cidade.
Não basta ver tantos acidentes de trânsitoscom jovens desocupados, que não têm nenhuma ocupação social, muito menos profissional, em meio a crise de desemprego e tantos encostados em Gurupi e no Brasil.
Quando são cobrados, os “donos do poder”, jogam a culpa no governo federal, que o município não possui recursos para investir em programas de recuperação social, mas passa ano e sai ano, jogam dinheiro fora no time profissional da cidade, que de profissional não tem nada, apenas o registro como tal em uma entidade federativa tão obscura quanto inoperante para trabalhar pelos seus clubes filiados, seja em nível estadual ou nacional.
Os atores estão se movimentando pelo Brasil. Seja pelo Bom Senso Futebol Clube, que está peitando, em uma luta desigual, os “barões” do futebol bretão, na tentativa de alargar senso critico e esclarecimentos aos atletas que são violentamente escravizados e sugados pela máquina de fazer dinheiro do futebol e seus comandos, que tratam o atleta como mercadoria e como tal, não pode reclamar, sentir dor ou ainda, o mais grave: Pensar.
E, no pobre futebol tocantinense, até a pobreza esportiva é usada como moeda de troca, de corrupção de valores e da falta de comprometimento político para que essa situação mude.
Não estou falando da paixão esportiva, que envolve a todos nós. Mas da razão que deveria anteceder aos governantes, dirigentes e atletas, envolvidos no esquema – que muitas vezes e quase sempre – pra não ser afirmativo 100%, só favorece os mandatários, os manipuladores, os “investidores” e os atravessadores. Claro que em Gurupi não tem disso. Nem mesmo no Tocantins.
Todos são desprovidos de outros interesses que não o coletivo, o social, o crescimento real da cidade e da população.
Nenhum deles usa o esporte para promoção particular ou de grupo político. São tão desprovidos deste sentimento mesquinho, que não usam o seu dinheiro, mas o dos impostos, do dinheiro que o cidadão paga, obrigado ou não, para ter segurança, transporte, educação, saúde e tantas outras obrigações sociais capituladas na Carta Magna Brasileira.
Claro que a Constituição Federal é mero detalhe nas mãos de oportunistas de plantão, de pessoas que se acham donas da cidade ou da prefeitura. Que se aproveitam do cargo e da caneta para tentar vender uma mentira como verdade absoluta. Pior ainda são pessoas que sequer foram eleitas, mas agem como verdadeiros déspotas, agindo em nome do rei ou de conluio com o rei.
Gurupi está à deriva, no esporte e em outros setores, mas no caso específico do esporte, precisa avançar muito para chegar ao mínimo necessário da decência, da moralidade, do investimento e da humildade necessárias a todo gestor.
E mais uma vez o time da cidade está na berlinda, nas mãos dos gestores, que usam o dinheiro público como se fossem deles, prometendo abrir o cofre para montar um time campeão ano que vem, para que a reeleição esteja garantida.
Mostra bem o que somos. O que temos.
Pena que para alguns bobos da corte que pensam que são reis, este blogueiro seja apenas um “vagabundo”. Mas pago meu imposto direitinho e vejo os “articuladores” e “asseclas do poder”, jogarem meu importante e suado dinheiro para o ralo, juntamente com o de toda a população. Não em beneficio da comunidade, mas em benefício do circo armado para satisfazer aos egos de quem não está preparado para ser governo, muito menos secretário ou gestor de faz de conta, que não leva realmente a sério quem importa, ou quemrealmente, no final das contas, paga a conta.
Pensando bem, não é só o futebol gurupiense e tocantinense que precisa ser repensado. A forma de fazer política e os gestores, também. Independente do resultado, do jogo deste sábado e das urnas, ano que vem. E, tenho dito!