A gente pode conhecer um povo através do que ele come, e no Festival Gastronômico de Taquaruçu (FGT) há uma boa mostra do que o tocantinense é, seus gostos e costumes. Através da carne de sol, predominante em grande parte dos pratos; do buriti, que vai da culinária ao artesanato; e do pequi, guardado em conservas para ser usado o ano todo, a gente percebe um povo que valoriza os frutos dos cerrado e a produção local, e que por meio da comida também constrói sua identidade.
por Redação
Com 69 expositores, o 12º Festival Gastronômico de Taquaruçu se mostra uma grande oportunidade para o público provar o que se consome nas cozinhas do interior, mas também para verificar a criatividade e a reinvenção do que já estamos acostumados no dia a dia. No FGT, os ingredientes regionais são as estrelas de pratos como a casquinha de surubim, a lasanha de banana da terra, moranga taquara, barquinho de carne de sol, tapiqueixo, acaraserra, entre outros. Como é o caso do Sonho Doce de Tapioca, elaborado pela Elaíze Martins, que juntou o cupuaçu com chocolate, o babaçu e a tapioca, nosso famoso beiju.
“Essa é a primeira vez que participo do Festival, e queria inovar, então criei o chocolate a partir do babaçu, que combina muito com o cupuaçu”, explicou Elaíze Martins ao dizer que está com a expectativa alta para o Festival. “A gente espera muito, porque é muito organizado, e ainda temos os shows”, concluiu.
Já a Maria de Fátima Ribeiro, participa pela segunda vez do FGT, apostou na carne e sol e na banana da terra para elaborar seu prato, o Arrumadinho com Vinagrete de Banana. “Eu fui testando os sabores, e cheguei nesse arrumadinho, com o diferencial da banana da terra no vinagrete”, contou.
Essa valorização dos frutos da terra, foi ressaltada pelos jurados convidados, Franci Santiago, e Ramis Tetu. “É primeira vez que sou jurada, e achei muito interessante a valorização da cultura tocantinense, um dos pratos que experimentei por exemplo, traz a comida típica da cultura quilombola. Esse resgate da cultura tocantinense é muito bacana, a gente percebe também que eles estão muito bem treinados para nos atender bem”, contou Franci Santiago.
Já Tetu ressaltou a gastronomia como cultura e cadeia produtiva. “É a cultura e a gastronomia do Tocantins favorecendo a sua economia, eu destaco a utilização das palmeiras do Tocantins, como o Baru, o Babaçu, o Buriti e outros frutos que tem aqui. É muito interessante e importante essa utilização da vegetação tocantinense ligada à cultura e a gastronomia”.
Evolução
A evolução do FGT também foi destacada pelo público e pelo júri. A jornalista Jaciara Barros, que participa como jurada há várias edições destacou a crescente melhoria na organização, no atendimento e na apresentação dos pratos. “Participo todo ano e a gente vê que eles têm se esforçado mais e mais, o atendimento está muito mais rápido, os pratos mais bonitos. Há um cuidado, eu por exemplo tenho intolerância a lactose, e a expositora adaptou o prato para que eu comesse. Fui muito bem atendida, uma apresentação bonita, teve uma evolução”, reafirmou.
Frequentadora assídua do FGT, a jornalista Cristiane Lima decidiu aproveitar o segundo dia do Festival para conseguir provar com tranquilidade os pratos disponíveis. “Eu escolhi um dia que antecede o feriado e está sendo possível andar tranquilamente pelas barracas e experimentar os pratos sem fila. Onde eu já comi o prato estava super delicioso e o atendimento muito bom, o pessoal super atencioso”, disse.
A evolução do FGT também foi ressaltada pelo Juri Técnico, que explicou que a melhoria ocorre tanto de uma edição para outra, bem como no processo de seleção dos pratos até o início do Festival. “Eu participei da seleção dos pratos do Festival, e a gente vê a melhoria do dia da apresentação até aqui no Festival. Os expositores atenderam nossas recomendações e orientações, aqui já é um prato melhor, do que na primeira apresentação”, contou a professora da Universidade Federal do Tocantins, Nicole Gregório.
“Estou na quinta edição como jurada e fico feliz de ver um crescimento muito grande dos participantes. Realmente estão interpretando o Festival como um Festival Gastronômico, antes a preocupação maior era vender, agora eles entenderam que precisam caprichar, que tem que ter uma apresentação dos pratos, ter sabor”, explicou a instrutora do Senac e apresentadora do programa Comida de Raiz, Roberta Ribeiro.
Cozinha Show
O regionalismo também esteve presente no Cozinha Show, aberto neste segundo dia pelas vencedoras do concurso dos Centro de Referência em Assistência Social (Cras) e do Parque da Pessoa Idosa Francisco Xavier de Oliveira. e que teve como grande estrela da noite a professora de gastronomia Andreia Shima, que preparou um ceviche de cajuí e o prato do Rio a Terra, que uniu a carne de sol ao pirarucu, com a utilização de ingredientes como maxixe, quiabo e jambú.
Durante a preparação do prato, Andreia ressaltou a importância da utilização dos ingredientes locais, como a farinha de puba e a manteiga de garrafa, bem como a importância da apresentação do prato, da textura e do cheiro para a conquista do paladar. “Vocês possuem muitos ingredientes aqui, e uma riqueza que precisa ser aproveitada. E a gente precisa lembrar também que conquistamos o cliente primeiro pelo cheiro, e depois pela apresentação do prato”, disse. Para Andreia, “Cozinhar é um ato social, cultural e político”.
Participante do Cozinha Show, o comerciante, dono de uma lanchonete, Francisco Oliveira, disse que aproveitou o momento para ouvir as dicas sobre culinária. “Foi muito interessante, a forma de montar o prato ficou muito bonito, ficou perfeito. Foram dicas muito construtivas para a gente que trabalha na área. O cheiro, o desenho e o sabor do prato é que conquista”, disse.
Programação
Atrações Musicais
07/09 – Biquini Cavadão
08/09 – Titãs
09/09 – Rosa de Sarom e Show infantil com Batatinha e Personagens
Cozinha Show
07/09 – Adriana Zago, Eduardo Zonta e APAE
08/09 – Rosa Nunes e Roberta Ribeiro e Juventude (Fund. Juventude)
09/09 – Ruth Almeida (com participação dos chefs Osmane e Thiago Siintani)