O ex-vereador Jonas Barros explica. Na época ele era chefe de gabinete do então Prefeito João Cruz e acompanhou de perto a situação.
Por: Philipe Ramos
Depois de 28 anos o ex-Governador Siqueira Campos vai receber o título de cidadão gurupiense. A Lei número 777 de 19 de junho de 1989 concedia a honraria a Siqueira. Mas porque ele nunca recebeu?
O ex-vereador Jonas Barros explica. Na época ele era chefe de gabinete do então Prefeito João Cruz (in memoriam) e acompanhou de perto a situação.
A Lei foi aprovada pelos vereadores, que tinha como Presidente Paulo Cangati (PMDB). Segundo Jonas, ele se elegeu com o voto de seis vereadores da base do Governador na época, Siqueira Campos. Eram eles: Gumercindo Glória (PDS), Abel Matos (PDS), Zaira Miranda (PDC), Zé Antônio (PDC), Expedito Miranda (PFL) e Pedro Dias (PFL).
Formavam a base aliada a João Cruz: Paulo Cangati, João Queiroz, Prof. Nogueira, Antônio Luiz, Domingos Araújo, Dalvino Reis e Feitosa, todos do PMDB.
A lei foi aprovada a pedido de João Cruz, que ao fazer uma visita a Siqueira Campos em busca de ajuda para construção da pista de pouso do aeroporto Comandante Jacinto Nunes conseguiu a autorização imediata do Governador para a compra de todo material feita pelo Estado.
João Cruz ao assumir a Prefeitura veio com o propósito de paralisar quase todos os serviços por um período de oito meses para fazer caixa. O período era chuvoso. Como Gurupi tinha muitos lotes baldios e poucas ruas asfaltadas, na época a cidade contava apenas com 380 mil metros quadrados de pavimentação. O mato cresceu em muitos pontos.
Os vereadores da base de Siqueira questionaram a falta de ação da Prefeitura. “A bancada de Siqueira na Câmara era bem atuante e polêmica”, contou Jonas.
Entretanto, o Governador sem antes consultar João Cruz, autorizou o engenheiro residente do Dertins, Adelmo Vendramini Campos, a encascalhar, patrolar, e limpar lotes baldios e passeios públicos. “João Cruz gostaria que houvesse uma parceria entre Município e Estado, sendo que o Município gerenciasse os serviços”, explicou Jonas.
De acordo com Jonas Barros, o plano de João Cruz era fazer caixa em oito meses e resolver os problemas de Gurupi a toque de caixa para mostrar choque de gestão. Ele esperava aproveitar isso para se tornar um líder ainda maior, haja vista que no ano seguinte haveria eleição para Governador, pois Siqueira tinha um “mandato tampão” (logo após a criação do Estado). Daí a não entrega do título de cidadão tocantinense a Siqueira.
Em 2017, quase 30 anos depois, o Vereador André Caixeta desengaveta a Lei.
“No decorrer dos anos, Siqueira e João foram grandes aliados, inclusive João se elegeu vice-governador de Siqueira”, lembra Jonas Barros.