O marqueteiro João Francisco de Aguiar, 51 anos, conhecido como João Neto, já conduziu 600 campanhas eleitorais em diversos estados, principalmente no Tocantins. Ele contribuiu com a vitória do ex-governador Marcelo numa disputa com Siqueira Campos e das eleições do governador Mauro Carlesse em 2018 . Na entrevista ele argumento sobre os desafios de conduzir uma campanha eleitoral em plena pandemia, estratégias de combate ao fake News, contato físico x contato virtual e cita cases de sucessos e de derrotas como a de Raul Filho em Palmas. “Para melhorar a qualidade das redes sociais a gente tem que ter o presencial (contato pessoal) primeiro e depois o virtual para você saber como você está fazendo”, defende.
por Wesley Silas
João Neto trabalha há 30 anos com marketing político, é autor de 06 livros sobre política, atuou no governo de Marcelo Miranda como secretário de Comunicação e por último na campanha e no governo de Mauro Calesse (DEM) como secretário de Comunicação e Secretário de Política Estratégias.
Neste 30 anos atuando diretamente em campanhas eleitorais, João Neto cita alguns casos que marcaram a sua vida profissionais como a vitória de Marcelo Miranda no criador do Estado do Tocantins, Siqueira Campos (DEM) e da sua participação nas eleições que fizeram Mauro Carlesse governador do Tocantins, enfrentando nomes tradicionais da política do Tocantins como o ex-senador Vicentinho Alves (PL), senadora Kátia Abreu e o ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB).
“Nós estávamos preparados para uma campanha que aconteceria em outubro que antecipou. Tivemos que antecipar todo planejamento e, ao mesmo tempo, conduzir o governo o que acabou sendo um grande desafio. Outro aconteceu entre 2015 e 2016 quando fui secretário do ex-governador Marcelo Miranda e fiz o trabalho de purificar o nome de Marcelo Miranda frente ao ex-governador Siqueira Campos para que ele conseguisse chegar vitorioso. Para mim foi um desafio muito interessante. Teve outra que perdemos, mas não deixou de ser interessante como a campanha do Raul Filho em 1996 que teve uma peça publicitária que foi tão forte que em 2002 ela se tornou o material publicitário mais lembrado de campanha eleitoral que era uma em que uma criança jogava uma boneca fora de tão desiludida com a cidade que ela estava. Tem outros casos interessantes que eu cito no livro Democracia no Varejo ocorrido na cidade de Ceres (GO) quando desenvolvi um conceito na campanha de 1986 que foi repetido por diversas vezes sendo a última em 2012 quando foi usada novamente a mesma temática para o filho do candidato daquela época e acabou virando nome de um bairro e representou a força colocada de um conceito de uma campanha eleitoral. Já são mais de 600 campanhas e só não fiz de presidente da República ainda”, disse.
Efeito pandemia
O marqueteiro defende que a pandemia do novo coronavírus acelerou o processo da tecnologia da informação em 10 anos, porém, ele defende que as pessoas (candidatos) não podem confiar cegamente nas redes sociais como se ela fosse a solução definitiva de fazer campanha.
“Temos que transformar aquilo que era coletivo em individual e eu cito isso no livro Democracia do Varejo que está a venda no site www.joaoaguiaroficial.com.br . Então, o negócio hoje é você direcionar o tiro não de uma .12, mas um tiro de chumbinho, mas tem que acertar de um a um no olho. Você tem que criar uma fórmula matemática para acelerar esta relação e criar redes sociais com pessoas que estão a fim de ouvir o que você está falando. Eu costumo dizer muito que a internet abriu a boca de todo mundo e as redes socais juntou os iguais. Quem pensa verde está junto com os verdes, quem pensa preto está junto com os pretos para falar sobre os pretos e quem defende azul junto com todos de azul no mesmo lugar. Você não vai ver azul misturado com vermelho, ou com o verde e não vai acontecer isso. Os iguais se juntam em função de algo e a rede social não é a solução definitiva”, diz.
Trabalho de formiguinha
Em meio ao distanciamento social, João Neto defende que a campanha deve ser trabalhada individualmente e descobrir os desejos coletivos de cada região de uma cidade.
“O primeiro desafio é você conseguir em vez de colocar 50 ou 100 pessoas na rua juntas, para desperdiçar papel nas casas das pessoas, é você colocar as pessoas individualmente fazendo o trabalho de formiguinha. Uma pessoa vai falar com outra que vai falar com outra e, primordialmente, é descobrir qual a expectativa coletiva daquele território eleitoral. Porque se você conseguir isso, você vai fazer de tal forma uma assertividade que a informação vai andar mais rápida e chegar nas pontas”.
Contato presencial e virtual
Para João Neto, o candidato que seguir princípio presencial poderá melhorar a atuação nas redes socais e criar grupos que comungam a mensagem do candidato.
“Quando você tem o presencial mais do que o virtual você precisa usar a matemática computando quantas pessoas falando o que para quem e por quanto tempo. Essas pessoas que recebem as informações têm que ser jogada para dentro da rede social para elas ficarem próximas e trabalhando com as argumentações que você está atuando. Daí você consegue diminuir a ascensão das Fake News e consegue potencializar as informações positivas do seu candidato”.
Acerta conceito de campanha sem fabricar candidatos mentirosos
Na avaliação do marqueteiro, o ponto mais importante de uma campanha não se trata da divulgação em si, mas acertar no conceito do que cada território eleitoral deseja ver no candidato, caso contrário será tempo perdido.
“Depois que você conseguir isso, o importante é não fabricar um candidato mentiroso porque normalmente o marqueteiro acha que tem que mudar o cara e botar ele para abraçar cachorro e coisas que ele normalmente não faz ou botar ele para comer bolo de milho e tomar café com uma pessoa que ele nunca foi e não vai. O candidato tem que ser verdadeiro e se não for vai emanar mentira que é uma energia ruim. Eu trabalho com energia e o meu candidato tem que ser verdadeiro, entender o que o território eleitoral deseja, tem que se encaixar neste desejo do jeito que ele goste e concorde também e não forçosamente em uma mentira”.
Profissionais preparados e redes sociais
Para combater os concorrente, João Neste defende que numa campanha deve-se criar uma “rede de soldados” extremamente preparados e profissionais antenados com o conceito da campanha.
“Não adianta colocar nomes que mentem e dizem que têm 200 ou 300 votos e não conseguem e não têm condições de provar isso. Então você precisa de uma rede de soldados multiplicadores técnicos e com habilidades de falar com pessoas individualmente numa velocidade para você conseguir expandir estes números naturalmente. Daí vem a rede social fazendo o papel da televisão que é para confirma as informações que estão sendo ditas presenciais pelos multiplicadores. Daí você fecha o elo e faz com que isso funcione positivamente”.
Combate a fake News
Assim como muito pensadores como Eugênio Bucci, o marqueteiro João Neto também acredita que somente o jornalismo profissional é capaz de combater a indústria de fake News (informações falsas).
“A presença da imprensa (jornalismo) é importantíssima para bloquear o trabalho da fake News. Por isso é importante que a imprensa esteja atenta aos processos eleitorais e tenha a condição de entrar nas campanhas. É também importante o candidato ter uma boa assessoria de imprensa para manter bom relacionamento com os veículos de comunicação. Então, o grande desafio é você enquadrar o seu candidato em um território bem verdadeiro”.
“Governo não vai muito se envolver nas campanhas eleitorais”
Apesar de atuar na consultoria política do Governador Mauro Carlesse, João Neto, acredita o Governo limitará sua participação nas campanhas eleitorais municipais, exceto em algumas cidades como Gurupi.
“O Governo não vai muito se envolver nas campanhas eleitorais, exceto em Gurupi que vai está com um candidato ligado ao governo, nas demais cidades eu tenho diferentes candidatos por exemplo em Palmas eu faço o Barison que é de um partido (Republicanos) da base do governo, mas não necessariamente é um aliado. Em Paraíso é o MDB e em Miracema o Progressista. Então é assim, meio que diversificou um pouco. Eu nunca fui filiado a nenhum partido e a minha linha é muito técnica, mas estou no mercado e vou trabalhar muito e, se Deus quiser, ganhar muitas eleições neste ano”, conclui João Neto.