A procuradora geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorização para realizar novas diligências no processo de delação dos executivos da JBS (Joesley Batista e Ricardo Saud). O objetivo da PGR é encontrar outras provas que confirmem as já existentes sobre o pagamento de propina da JBS a políticos, dentre eles, o senador tocantinense Vicentinho Alves (PR).
por Redação / AtitudeTO
A solicitação da PGR aconteceu no último dia 7 de maio (Confira aqui o link do documento) e foi tornada pública nesta semana e pode fazer engrossar as denúncias contra os citados na delação da JBS.
Vicentinho é citado duas vezes na delação do grupo JBS, tanto no depoimento de Ricardo Saud, (Confira aqui o link do documento) como no de Demilton Antônio de Castro. Os ex executivos asseguram na delação terem entregue, a título de propina, R$ 500 mil a Vicentinho Alves, durante a campanha eleitoral de 2014, quando Vicentinho Junior foi eleito deputado federal. Na documentação fornecida pela JBS, aparecem dois pagamentos efetuados a Vicentinho, um pagamento em 11 de setembro de 2014 de R$ 150 mil, e outro pagamento no dia 24 de setembro de 2014.
A instrução do processo relativa ao indiciamento do senador Vicentinho pode ter um novo desenrolar tendo em vista o andamento dos inquéritos que correm no Supremo para políticos que tem foro privilegiado.
De acordo com os delatores, Vicentinho fazia parte de um bloco de parlamentares indicados pelo presidente Michel Temer, encarregados de atrapalhar o Demilton Castro na CPI da JBS.
A relação de Vicentinho Alves com Joesley Batista, ex-presidente do grupo JBS é antiga. Pelas mãos de Vicentinho, Joesley visitou o Tocantins (veja imagem ao lado) com o objetivo de implantar um frigorífico da JBS no Tocantins. Um ano depois, Vicentinho recebeu, segundo Saud e Castro, a doação de R$ 500 mil em duas parcelas. Poucos dias depois, Vicentinho Junior foi eleito deputado federal, com 51.069 votos.
Na mesma delação, os executivos da JBS citam o pagamento de propina a outros integrantes do Senado Federal como o presidente Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Aécio Neves, Jader Barbalho, Cássio Cunha Lima, Gleisi Hoffman, Valdir Raup, José Serra e Marta Suplicy, dentre outros.
Histórico
A investigação começou em 2016 por conta da suspeita de pagamento de propina a Eduardo Cunha por facilidades para liberação de financiamentos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em julho de 2016, Joesley Batista foi alvo de investigações na Operação Lava Jato, por supostos pagamentos de propinas pela JBS ao deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para liberação de recursos do FI-FGTS.
Em 17 de maio de 2017, o Jornal O Globo divulgou que Joesley, em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, entregou uma gravação feita na noite de 7 de março de 2017, de uma conversa reservada que teve com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. O diálogo tratava de uma suposta “compra do silêncio” de Cunha, que havia sido preso naquela operação, do suborno de juízes e de outros assuntos polêmicos. Uma séria crise política se instalou no governo depois desta divulgação.
Batista, também revelou em sua delação que os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff receberam 80 milhões de dólares em contas distintas no exterior.