“Sabemos que nem sempre é fácil para os familiares optarem pela doação de órgãos, mas estamos trabalhando constantemente para sensibilizar as pessoas de que esse é um grande ato de amor e solidariedade. Hoje demos um grande passo na Saúde tocantinense”, comemorou o diretor Geral do HGP, Daniel Hiramatsu sobre a primeira captação múltipla de órgão ocorrida nesta sexta-feira da Paixão.
por Redação
A madrugada desta sexta-feira da paixão, 30, foi de grandes conquistas para a Saúde tocantinense. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio do Hospital Geral de Palmas (HGP), em parceria com a Central Nacional de Transplantes, realizou a primeira captação múltipla de órgãos para transplante. Foram captados, com sucesso, coração, fígado, rins e córneas.
Desde dezembro de 2016, o Tocantins já realizava a captação, o preparo e o armazenamento de córneas para transplante, com a estruturação do Banco de Olhos do Tocantins (Boto) que funciona dentro do HGP, e agora dá mais um passo para a manutenção da vida humana.
Segundo o superintendente de Política de Atenção à Saúde, Carlos Felinto, o Estado vem trabalhando desde 2017 para viabilizar a captação múltipla para transplantes. “Há mais de um ano estamos trabalhando para afinar o fluxo entre a realização das amostras e a captação efetiva dos órgãos. Agora, conseguimos avançar e dar mais esse passo junto com a Central Nacional”, afirmou.
O médico Gustavo Ferreira, coordenador da equipe que veio realizar a coleta dos órgãos, afirmou que o acolhimento e a solicitude de toda a equipe tocantinense foram excepcionais e de grande ajuda na captação. “Esperamos retornar em breve para outras captações. O HGP ofereceu toda a estrutura para a realização do procedimento com rapidez e segurança. Mesmo sendo a primeira cirurgia desse tipo no Estado, foi realizada sem intercorrências”.
Para o diretor Geral do HGP, Daniel Hiramatsu, esse momento foi de suma importância para o desenvolvimento da Saúde no Tocantins. “Sabemos que nem sempre é fácil para os familiares optarem pela doação de órgãos, mas estamos trabalhando constantemente para sensibilizar as pessoas de que esse é um grande ato de amor e solidariedade. Hoje demos um grande passo na Saúde tocantinense. Os órgãos captados aqui hoje serão aplicados na região de Brasília e São Paulo, contribuindo para que mais pessoas tenham a chance de viver”.
Processo de doação
O integrante da Comissão Intra-hospitalar para a Doação de Órgãos e Tecidos para transplantes do HGP, Vinícius Gonçalves Boaventura, explicou como funciona o processo de doação. “Quando um paciente evolui para o quadro clínico de morte cefálica, entramos em contato com a família para verificar se existe o interesse em realizar a doação dos órgãos. Se a família optar pela doação, inicia-se o processo de validação do doador, no qual são realizados inúmeros exames para verificar se as condições são favoráveis para a doação”.
A partir da validação confirmada, a Central de Transplantes do Tocantins assume o andamento do processo, como ressalta a gerente da área, Suziane Crateús. “A partir do momento que está tudo certo para a captação, a gente faz a atualização no sistema entrando em contato com a Central Nacional de Transplantes, que é quem providencia a logística e nos informa, de acordo com um ranking nacional, qual estado realizou a aceitação dos órgãos. É a própria Central Nacional que providencia o transporte da equipe que irá fazer a retirada dos órgãos”, pontuou. A gerente destacou que a própria equipe que faz a captação já leva o órgão para o destino.
Mesmo que os órgãos captados no Tocantins sejam destinados para pacientes de outras localidades, os tocantinenses são beneficiados no processo, explica Donilda Moreira Rodrigues, médica responsável Técnica da Central de transplantes do Tocantins. “A realização da coleta no Estado, indiretamente vai favorecer os pacientes aqui do Tocantins porque a cada paciente transplantado teremos um a menos na lista de espera, que é nacional”.
A médica ressalta a necessidade de se falar sobre o transplante de órgãos com os familiares ainda em vida. “Para que a doação de órgãos aconteça é necessário que em vida o doador avise a família. Se a pessoa tem essa vontade e deixou claro para os familiares, com certeza ela será concretizada”, finalizou.