por Redação, via Público.pt
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou uma nova ronda de sanções contra a economia da Rússia, tendo como principais alvos os sectores da banca e da tecnologia.
Num discurso em que tentou preparar a população norte-americana para as consequências das sanções que estão a ser aplicadas à Rússia — principalmente o aumento dos preços dos combustíveis —, Biden disse também que as sanções não terão o efeito imediato de levar o Presidente russo, Vladimir Putin, a recuar na invasão da Ucrânia.
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“As sanções não vão impedir seja o que for, levam tempo. Ele [Putin] não vai dizer ‘meu Deus, vêm aí sanções, vou recuar”, disse Biden, na primeira comunicação ao país depois do início da invasão russa, na madrugada desta quinta-feira.
Na prática, a nova ronda de sanções norte-americanas vai afetar mais quatro bancos russos, mais indivíduos ligados ao Kremlin e, em particular, a exportação de alta tecnologia para a Rússia.
Questionado pelos jornalistas sobre se admite aplicar sanções a Putin, Biden disse que essa opção “está em cima da mesa”, mas não se comprometeu com um calendário.
Dirigindo-se a um país ainda a recuperar da traumática saída do Afeganistão, ao fim de 20 anos de guerra, Biden frisou também que os EUA não irão envolver-se militarmente em combates com a Rússia na Ucrânia. Mas reafirmou o apoio ao Governo ucraniano e anunciou o envio de mais soldados norte-americanos para os países da NATO na região.
O Presidente dos EUA disse também que a invasão da Ucrânia renovou “a união e a determinação” da NATO, e fez questão de afirmar que todos os membros da Aliança Atlântica estão preparados para accionar o Artigo 5.º no caso de a Rússia invadir ou atacar um país da NATO — o artigo que consagra o direito à defesa colectiva em face da agressão contra um dos países-membros.
Putin garante aos oligarcas “estabilidade” face a sanções
O Presidente russo, Vladimir Putin, reuniu-se com um grupo de cerca de 30 empresários, incluindo chefes de empresas no sector bancário e da energia, para lhes garantir que as sanções prometidas pelo Ocidente não vão afetar os seus negócios.
“Vínhamos a preparar-nos para o que está a acontecer agora de algum modo do ponto de vista da política de sanções e restrições”, afirmou Putin, citado pela Reuters.
A lista de presentes incluía Herman Gref do Sberbank (um dos poucos responsáveis de empresas estatais e confiantes de Putin que ainda não está na lista de sanções dos EUA, nota o Financial Times, acrescentando que “não parece muito contente por estar ali”, assim como Alexander Dyukov, da Gazprom Neft), mas também muitos outros. Max Seddon, o responsável pela delegação do Financial Times em Moscovo, disse que a lista de participantes mostra como mudou a constelação das empresas ligadas ao Kremlin – antes oligarcas no sentido clássico, agora mais responsáveis de empresas estatais com passado no KGB, e outros até apenas CEO de empresas que são grandes empregadoras.
“Têm de perceber que o que está a acontecer foi forçado”, disse ainda o Presidente russo perante os empresários. “Poderiam ter criado um risco tal para nós que não seria claro como é que o país [a Rússia] poderia sequer existir”, alegou Putin.
“Não queremos prejudicar o sistema global de que fazemos parte”, disse ainda, quando uma das possibilidades discutidas era a exclusão da Rússia do sistema global de comunicações bancárias e financeiras SWIFT.