Desde o início do ano o Tocantins ensaia um processo eleitoral prematuro com seis pretensos candidatos com perfis diferentes num universo onde mais de 10% da população vive em situação de extrema pobreza e 48% dos eleitores possuem baixíssima escolaridade.
por Wesley Silas
Nenhum instituto de pesquisa sério ainda não fez uma pesquisa para saber o que separa os eleitores dos pretensos candidatos ao governo do Tocantins, a exemplo do que tem feito a Datafolha que mostra os perfis dos presidenciáveis na polarização entre esquerda e direita, mostrando Bolsonaro (PSC) o preferido dos eleitores com mais escolaridade e formação, enquanto Lula (PT) é o preferido entre os eleitores de baixa renda e menor escolaridade, onde as ideologias partidárias e ações de governo continuam ignorando a importância da qualidade da educação para o crescimento econômico do País e dos Estados, mostrado hoje no Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020 do Senai, que apontou o déficit de profissionais qualificados para vagas de ensino técnico nas indústrias brasileiras pode ser superior a 13 milhões, até o ano de 2020
A nova política
Em busca do efeito Bolsonaro, o prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), apesar de estar em um partido de esquerda, assim como Márlon Reis (REDE) que não representa nem Direita ou Esquerda, senador Ataídes Oliveira (PSDB) que representa um partido de ideologia capitalista e o presidente da Assembleia, deputado Mauro Carlesse (PHS) que representa uma sigla de cunho ideológico de direita moderada; todos têm em comum a intenção de preencher o vazio eleitoral com discursos de uma nova política.
Em breve analise de prós e contras desta nova política. Carlos Amastha superou a PEC do Amastha que impediria a disputar a eleição por ser Colombiano, levou o nome de Palmas para o mundo e agora encarnou a ideia de colocar “O Tocantins no pique de Palmas”. Por outro lado enfrenta desgastes devido sua conduta na recente greve dos professores e poderá ter dificuldades em cidades pequenas do Tocantins com presença forte da classe política tradicional que ele critica. O juiz e um dos idealizadores da Ficha Limpa, Márlon Reis poderá no final afunilar com Amastha no mesmo palanque e tem como virtude ser um conhecedor profundo do mundo jurídico, mas, tem discurso radical que poderá dificultar nas composições das coligações proporcionais. Outro nome da nova política é o senador Ataídes Oliveira (PSDB), que assim como Amastha tem dinheiro e personalidade forte, mostrou bom em articulação em Brasília e uma prova são as canalizações de recursos para os municípios dando musculatura para seu partido que hoje tem mais de 30 prefeitos filiados; mas, como o perfil de homem do mundo empresarial tem barreiras para passar suas mensagens de político às bases eleitorais. Outro nome forte do segmento empresarial e do presidente da Assembleia, deputada Mauro Carlesse (PHS) que apesar da pouca experiência como político mostrou ser um bom articulador quebrando paradigmas no Legislativo tocantinense ao debater e questionar mensagens do Executivo como o caso dos empréstimos de R$ 600 milhões. O carisma de Carlesse é outra virtude que o coloca em acessão e ainda transita bem entre os pares; mas, terá o desafio de mostrar ser um bom debatedor no período eleitoral de 2018, diante a figuras experientes na oratória como a senadora Kátia Abreu e Amastha.
Políticos experientes
Certamente o governador Marcelo Miranda (PMDB) com a máquina na mão será um nome forte nas próximas eleições. Ele possui a seu favor a humildade, fazer parte de um partido de militância, experiência no Executivo e tem um grupo sólido; mas, enfrenta um dos piores desafios da sua vida política com processos na justiça num momento em que o País enfrenta uma crise política e econômica. Apesar das dificuldades, o governador Marcelo Miranda nas visitas aos municípios recuperação da sua imagem e crescimento político.
Outro nome que também colocou o seu nome para disputa é a ex-ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB). Tem como virtude ser bem articulada, corajosa, bem assessorada, tem transito em vários países; enquanto enfrenta o desgaste e críticas de seus opositores ter contribuído com as eleições de Marcelo Miranda e Siqueira Campos; mas busca emplacar o discurso de que chegou a vez dela de governar o Estado. No entanto, informações de bastidores apontam que Kátia Abreu poderá ser uma alternativa dos partidos de esquerda presente a majoritária nas eleições presidencial, caso o ex-presidente Lula fique inelegível.
Desafio
Apesar da grande decepção dos eleitores com a política, existe a incerteza se os brasileiros, assim como os tocantinenses, estarão dispostos a fazer mudanças radicais no momento em que o eleitor, que sabe escrever e interpretar as manobras marqueteiras, terá nas redes sociais a chance de conhecer melhor os candidatos no sonho de uma pais com menos corrupção com mais qualidade na educação, emprego, segurança pública, saúde…
Ceticismo a parte, os números mostram uma realidade dividida na dualidade entre o saber e a ignorância provocada por um sistema falido de educação, enquanto muitos acreditam e defendem que o eleitor estaria mudando seus conceitos, onde as estatísticas mostram que no universo de 1.037.063 votantes, 24,5% ainda não conseguiram terminar o ensino fundamental, 11,91% apenas lê e escreve e 7.03% são analfabetos, segundo informação do TSE. Em 2016 um estudo do instituto Ipsos mostrou que 19% dos eleitores com até nove anos de estudo escolhem o candidato para não perder o voto, enquanto os eleitores com ensino superior a taxa cai para 9%. Já a frase “Eu voto no candidato que vai ganhar para aproveitar meu voto” é mais usadas por eleitores das classes C e D, contra 12% nas A e B.