Montante se refere ao valor imobilizado das áreas, aponta o supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica da Embrapa Territorial, o engenheiro agrônomo Gustavo Spadotti Amaral Castro. “O produtor, em benefício da preservação do meio ambiente, imobiliza esse valor nas áreas por eles preservadas”, disse.
por Redação
Produtores rurais brasileiros preservam atualmente no País um total de 219 milhões de hectares em suas propriedades, o que corresponde a quase R$ 2,4 trilhões em patrimônio imobilizado, de acordo com os dados de maio de 2019. Esses foram alguns dos dados apresentados pelo supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti Amaral Castro, durante o seminário “Soja Responsável – Produzindo Com Sustentabilidade Ambiental”, promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), em Palmas (TO). Ao detalhar os números oficiais da Embrapa, chega-se à conclusão, segundo ele, de que “o produtor, em benefício da preservação do meio ambiente, imobiliza esse valor nas áreas que são preservadas”. ” É um valor de que o produtor abre mão em prol do meio ambiente e que foi calculado pela Embrapa Territorial”, disse.
Ao detalhar os números, o engenheiro agrônomo de formação apresentou a produtores de pelo menos seis Estados que, do total de 851.576.705 de hectares no Brasil, 66,3% é dedicado a áreas de preservação e proteção de vegetação nativa, incluindo terras devolutas e imóveis não cadastrados. Do total do território nacional, 30,2% são ocupados com pastagens nativas, pastagens plantadas, lavouras e florestas plantadas, enquanto 3,5% se referem a infraestrutura e outros. Gustavo Spadotti também comparou os números brasileiros com os de outros países: a Dinamarca cultiva 76,8% de suas terras, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido, 63,9%; a Alemanha, 56,9%.
CERRADO E MATOPIBA
A palestra teve foco na produção sustentável no bioma cerrado e na fronteira agrícola do Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Somente nas áreas de reserva legal do Matopiba, seria possível colher, por exemplo, 30.183.757 de toneladas de milho em um ano, o suficiente para alimentar mais de 120 milhões de pessoas, gerar mais de 500 mil empregos, além de possibilitar a arrecadação de R$ 368.514.567,00 em impostos do Funrural”, disse. Spadotti ressalva que isso não quer dizer que essas áreas devam ser devastadas. “Trata-se apenas de entender o quanto os agricultores e o País estão investindo na preservação”.
O território do Matopiba tem 73 milhões de hectares distribuídos em 337 municípios. São 185.469 imóveis em 40,5 milhões de hectares. Desse total, 7,3 milhões de hectares (10% do território) são protegidos por lei em unidades de conservação e terras indígenas. Outros 22.317.723 hectares (30% do Matopiba) são destinados para a preservação da vegetação nativa dentro dos imóveis. Isso se divide em APP (1.751.514 ha), Reserva Legal (10.051.263 ha), Vegetação excedente (10.218.291 ha) e Hidrografia (296.656 ha). “Dizem que os agricultores iriam acabar com o Matopiba, com o cerrado. Muito pelo contrário. Há 43,9 milhões de hectares de vegetação nativa. É uma pujança de preservação ambiental”, afirmou. “A verdade é que ninguém ou nenhuma categoria profissional dedica mais tempo, recursos e dinheiro em prol do meio ambiente do que os nossos agricultores”, disse.
E mais: ao somar as áreas protegidas com as áreas preservadas, chega-se a um total de 29.578.828 hectares ou 40,4% da área total do Matopiba. Já a agricultura ocupa 4,1 milhões de hectares no Matopiba, que representa 6,7% deste território.
Ele destacou ainda o crescimento do número de imóveis rurais na região que produziam soja em 11 anos. Em 2006, eram 1.998 estabelecimentos produtores de soja. Em 2017, o número saltou para 7.465, um aumento de 273,6%.
PRODUÇÃO E PRESERVAÇÃO
Outro dado importante apresentado na palestra se refere à correlação entre o cultivo de soja e preservação. Gustavo Spadotti levou uma análise feita nas 24 microrregiões do País responsáveis por 50% da produção nacional do grão. “Verificamos que o aumento da produção de soja não é um vetor de desmatamento de novas áreas. Isso evidencia que a cultura ocupa ambientes já antropizados anteriormente, não suprindo uma vegetação nativa para que ocorra a expansão”, explica. “Por que isso? O sojicultor sabe que a fiscalização está em cima. Ele sabe que não pode dar um passo errado. Ele sabe que deve cumprir com o Código Florestal para colher os benefícios para cadeia da soja”, avalia.
CADASTRO AMBIENTAL
O integrante da Embrapa Territorial trouxe ainda dados referentes ao Cadastro Ambiental Rural (CAR). Segundo ele, até o momento o número de imóveis rurais que aderiram ao CAR em todo o Brasil é de 4.894.358. Esses proprietários mantêm 219.041.252 hectares destinados a áreas de preservação da vegetação nativa, de acordo com dados de maio de 2019. O valor do patrimônio imobilizado desta área é de mais de quase R$ 2,4 trilhões (exatos R$ 2.380.561.900.153). As áreas dedicadas à preservação nos imóveis rurais do país compreendem 219 milhões de hectares, ou seja, 48% da área das propriedades e 26% do território do Brasil. Desse total, 11% se referem às chamadas APPs, 51% de reserva legal e 38% de vegetação nativa.
A PRODUÇÃO
O palestrante também abordou o volume de produção no Brasil calculado por órgãos oficiais, citando que a estimativa da safra de grãos é de 235 milhões de toneladas a 245 milhões de toneladas, além de 35 milhões de toneladas de tubérculos, 40 milhões de toneladas de frutas, 10 milhões de toneladas de hortaliças, 1 milhão de toneladas de amêndoas e nozes e 34 milhões de toneladas de açúcar. Toda essa produção é suficiente para alimentar 1,5 bilhão de pessoas. Ao se referir à proteína de origem animal, ele elencou que o Brasil produz por ano 7,5 milhões de toneladas de carne bovina, 13 milhões de toneladas de frango, 3,5 milhões de toneladas de suínos, 35,2 bilhões de litros de leite, 4,1 bilhões de dúzias de ovos, 38,5 milhões de toneladas de mel, sem contar ovinos, caprinos, coelhos, outras aves, peixes e crustáceos.