Novo líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) afirmou, em entrevista ao UOL e à Folha de S.Paulo, que “ninguém foi tão atacado ou precisou se defender” como o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para o parlamentar, Bolsonaro teve a sua carreira política “interpretada” de modo injusto, o que o tornou alvo de “todos os tipos de ataque”, disse.
da Redação
A declaração foi dada antes da recente polêmica envolvendo o nome do presidente na investigação do caso Marielle e se refere à repercussão de um vídeo, compartilhado por Bolsonaro, em que um leão é acossado por hienas representando o STF (Supremo Tribunal Federal), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), veículos de imprensa e outras instituições.
Na entrevista, concedida anteontem em Brasília, Gomes afirmou ainda considerar “impossível” o avanço de qualquer projeto do governo federal que defenda cortes no salário de servidores e prejuízos à estabilidade do funcionalismo.
Essas e outras medidas são discutidas na elaboração de uma proposta de reforma administrativa que será enviada ao Parlamento pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O pacote vem sendo tratado como prioridade do Executivo após a aprovação do texto da Previdência, na semana passada.
“Na minha opinião, com a experiência desses poucos anos de mandato, acho impossível”, disse o senador, que exerceu o cargo de deputado federal por três legislaturas (2003 a 2015) antes de se eleger senador no ano passado. “Qualquer tipo de mudança na questão do funcionalismo só ocorrerá a partir de novos concursos. Todos que estão no exercício terão seus direitos preservados. Foi isso que eu ouvi [de Guedes]”.
Gomes assumiu a liderança do governo após a destituição da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar tornou-se um desafeto da família Bolsonaro em meio aos atritos provocados pela crise no PSL.
O senador também contestou o mérito da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News, criada no Congresso para apurar a produção e disseminação de notícias falsas na internet. Um dos alvos é a campanha de Bolsonaro na eleição do ano passado. Gomes está entrincheirado com os bolsonaristas para tentar blindar o governo.
“Tenho absoluta certeza de que, na política recente do país, ninguém foi tão atacado e precisou se defender como o presidente Jair Bolsonaro. Nesse episódio, ele fez as retratações que achou corretas. Falou na questão do vídeo pedindo desculpa. A partir do momento em que ele pede desculpa, a gente fica restrito nesse comentário às desculpas que ele pediu”, disse.
“Sempre tenho dito que o presidente Bolsonaro, pela forma como teve a sua carreira política interpretada, foi obrigado sempre a se defender muito de todos os tipos de ataque. Então, eu fico com as desculpas dele porque eu não tenho mais o que falar sobre esse assunto”, declarou.