Wesley Silas
Em um bate papo, o superintendente estadual da Juventude, Ricardo Ribeirinha, falou ao Portal Atitude de problemas que se tornaram corriqueiros nas pautas dos veículos de comunicação provocado pela desestrutura família, responsabilidades dos pais e a vontade de superação dos adolescentes.
“Nós não podemos tratar as pessoas como coitadinhas. Eu também sou filho de uma mãe prostituta e passei por momentos difíceis. […] Quando a gente trata as pessoas como coitadinhos cometemos um erro imenso de tirar o potencial e aquela força que existe dentro do coração de todos nós”, Ribeirinha.
Atitude – Como você vê a importância das Conferências da Juventude:
Ribeirinha: É importante que Gurupi esteja no centro do debate de política de juventude, pois eu sempre tenho dito que se o Brasil começou pela Bahia, o Tocantins começou por Gurupi. Queremos nos planejar, construir bons projetos para que a gente possa avançar e efetivar os nossos direitos nas políticas de juventude no Tocantins para que em 2016 construamos o ano da Juventude Tocantinense e consigamos ajudar o Governo a colocar Estado do Tocantins novamente no trilho dos bons projetos.
Atitude – Como a superintendência estadual da Juventude pensa sobre os problemas de desestruturação familiares que a sociedade coloca o peso na escola?
Ribeirinha: Foge um pouco do nosso papel porque educação vem de casa e não é obrigação do governador do Estado e nem do prefeito da Cidade. Limite quem dá para o seu filho é o pai que colocou o filho no mundo. Estamos em uma sociedade que não se pode falar nada e cada vez mais se tira o direito do policial, do professor, do diretor e até mesmo de uma comunicação livre. Cada um transfere a sua incompetência para o outro. Que fique claro que nós não vamos assumir o que é de competência dos outros. Lugar de conhecimento é na escola e lugar de educação é no seio familiar.
Atitude – Muitos casos são de filhos abandonados e de pais viciados que não têm condições de educar. O que fazer com este problema?
Ribeirinha: A gente pode dar uma contribuição de orientar estes pais sobre a responsabilidade que eles têm é muito importante e não vamos nos furtar desta responsabilidade. Agora, um jovem de 13, 14 ou 15 anos, amanhecer na rua bebendo é também responsabilidade do Conselho Tutelar e das autoridades, mais ainda, de um pai que não viu e não participa da vida de seu filho.
Em seguida Ribeirinha cita exemplo vivido por ele:
Ribeirinha: Nós não podemos tratar as pessoas como coitadinhas. Eu também sou filho de uma mãe prostituta e passei por momentos difíceis e sei que é difícil, mas não é impossível porque quando a gente trata as pessoas como coitadinhos cometemos um erro imenso de tirar o potencial e aquela força que existe dentro do coração de todos nós. Então, é importante nós termos este cuidado na construção, e, se o seu pai é bêbado e sua mãe é bêbada ou prostituta e se você tem qualquer outro problema que te causa tristeza, é um sinal que você deve se fortalecer mais, procurar mecanismo na sociedade por meio de alguém – pois todo mundo tem este alguém na vida que pode ser um tio ou um vizinho.
Atitude: Religião pode ajudar:
Ribeirinha: Eu não gosto de envolver Deus e o mundo religioso na vida do jovem, mas esta força existe e não podemos menosprezar ela. O problema de muitos jovens que eu converso e participo da vida deles é que eles ficam extremamente tristes porque ele é filho de um alcoólatra e não é filho do Murilo Benício e temos a sensação de uma sociedade que quer encontrar tudo pronto, mas nós não temos esta sociedade pronta. Temos encontrar a força para gente construir porque estamos em uma sociedade que tem a cultura, totalmente, imediatista onde o cara mal acaba de plantar a semente e já quer ganhar emprego bom e dinheiro sem estudar.
Atitude: Então, o futuro depende da força de vontade de cada um?
Ribeirinha: Todos os jovens que eu conheço que encararam de frente através da carteira e do professor venceram na vida porque o Estado tem uma força extraordinária. Porque a nossa vida está nas nossas mãos e nós temos que parar de entregar o nosso futuro nas mãos dos outros, mas que seja uma pessoa boa que nos oriente, quem tem que tomar a decisão do bom caminho somos nós.
Atitude: Voltando à conferência, quando acontecerá a Conferência Geral?
Ribeirinha: Nós vamos fazer quatro pré-conferências, sendo uma na região do Bico do Papagaio na cidade de Augustinópolis, envolvendo os 25 municípios; depois vamos passar para o Jalapão, pelo Vale do Araguaia e Sudeste. Depois vamos fazer nos dias 30 e 31 e outubro a Conferência Geral com todos os nossos jovens para que possamos debatermos, escolher os delegados, concluir a etapa para que possamos passar para etapa nacional
Atitude – A Assembleia Legislativa também será parceira deste projeto?
Ribeirinha: Estamos convidando todos os deputados a terem um momento com esta juventude porque o dinheiro está com eles e não podemos mais admitir que a nossa juventude critique o deputado por causa do auxilio moradia, pois entendo que o jovem tem que ir para dentro da Assembleia para debater. Não adianta fazer protestos, como fizeram estes dias, com a Assembleia fechada. Que agente democrático que somos nós que não tem condições de dialogar? Quer dizer que na hora do voto a juventude é importante, mas na hora de participar da legislatura nós não servimos mais. É isso que não queremos: uma juventude participativa dentro da Assembleia Legislativa respeitando os deputado e dialogando porque tem coisas são possíveis e outra impossíveis.
Atitude – Como tem lidados com os grupos da situação e oposição dentro do parlamento:
Ribeirinha: A superintendência da Juventude não vai ser manobra política nem de deputado da situação e nem tão pouco de oposição. Nós vamos dar um testemunho para o Governo atual e passado que a juventude aprendeu a sentar na mesa, olhar nos olhos, negociar e planejar. É isso que nós queremos dar para nossa juventude tocantinense.