Em meio a tantas notícias negativas, nem tudo está perdido. Alguns tijolos estão sendo colocados no alicerce da reinserção de presos por meio da educação por meio dos programas Brasil Alfabetizado e da EJA – Educação para Jovens e Adultos.
Segundo a professora do programa Brasil Alfabetizado do Presídio Luz do Amanhã, Ana Marcia Souza Barros, os programa atende uma pequena parcela dos 384 detentos. “Lá nós temos presos com o ensino médio, com o ensino básico e temos presos que são analfabetos”, explica a professora.
No entanto, a Técnica de Educação das Diversidades da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), Débora Regina de Oliveira Azevedo, que dá suporte educacional ao sistema prisional no Brasil Alfabetizado e na EJA na região de Gurupi aponta que há mais de quatro anos os presos não tinham acesso a educação no presídio e que o programa retornou no mês de outubro de 2013. “A educação para presos passou quatro anos parado e o primeiro período da Eja começou no dia 03 de outubro do ano passado”.
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De acordo com Débora Regina, os presos que fazem parte e dos dois programas são escolhidos por uma equipe do presídio e levam em consideração a periculosidade e o comportamento do detento para garantir a segurança do professor e coordenador.
Ela explica que, ao contrário do que acontece na zona rural e na cidade, os programas EJA e Brasil Alfabetizado possuem metodologia diferenciada no sistema prisional. “Na cidade as turmas do programa Brasil Alfabetizado são formadas no mínimo 14 alunos na zona urbana e 07 alunos na zona rural, com limite de 25 alunos por sala de aula. No sistema prisional é diferente porque não podemos formar turmas grandes acima de seis alunos e hoje temos quatro turmas com 04 alunos casa uma”, explica Débora Regina.
Já a EJA beneficia 30 presos que são educados de segunda a sexta-feira em uma sala de aula que fica dentro de um pavilhão fechado. “Nós estamos com duas salas de aulas, cada uma com 15 alunos, no período da manhã e temos o terceiro e o quarto período do primeiro segmento”, disse.
Comportamento dos presos
Técnica de Educação do sistema prisional afirmou que nunca houve qualquer incidente com os presos e que o relacionamento entre os presos e os professores é de respeito. “Segundo relatos das professoras que trabalham com presos, dar aulas para os presos é muito melhor de que dar aulas para adolescente nas escolas da cidade porque eles (presos) são mais interessados, ficam na sala, participam e só abandonam as aulas quando são transferidos”, informou Débora Regina. “No presídio eles também recebiam aulas informais de artes, música e pintura, mas venceu o contrato com os monitores e foi suspendido”, acrescentou.
A reportagem do Portal Atitude também ouviu a Técnica da Seduc que também é Coordenadora Estadual do Programa Brasil Alfabetizado no Tocantins, Eliziete Viana Paixão, que está em Gurupi ministrando cursos de formação para educadores que trabalham no presídio Agrícola Luz do Amanhã.
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“Ouvimos hoje o depoimento de uma professora em que ela relata o caso de um aluno que não tinha documentos e não sabia ler e nem escrever. Agora já tem um emprego tem documentos pessoais e já sabe ler e escrever”, citou Eliziete Paixão.
De acordo com Eliziete Paixão, nas oficinas que estão sendo oferecidas os professores e coordenadores de turmas puderam conhecer melhor o programa e entender como funciona a parte de remissão da pena. “É calculada pelo juiz e a cada 12 horas de estudos os presos têm 03 dias de remissão de pena”, explica Elizete.
Elizete esclarece ainda que o Brasil Alfabetizado tem servido como complementação da EJA. “As aulas do Brasil Alfatizado são dadas a presos analfabetos por educadoras que já trabalhavam no presídio e que já conheciam o ambiente. Já as aulas da EJA são dadas por professores da Seduc que dão continuidade a alfabetização”, disse.
“No presídio Luz do Amanhã nós temos três alfabetizadoras e um coordenador que acompanha dentro do presídio. O projeto visa que a cada cinco turmas um coordenador para planejar, fazer formação dos professores e acompanha a turma dentro do presídio”, explicou.