Neste mês publicamos uma matéria sobre as ocorrências de mortes violentas em Gurupi por armas brancas e de fogo e nos comentários algumas pessoas, muitas delas cristãs, comemoravam com chavões como: “pelo menos são os bandidos que estão morrendo”.
por Wesley Silas
Aos que gostam de jogar os problemas para debaixo do tapete e generalizam as causas da violência em pontos de vistas cegos, devem refletir que morte de bandido não representa segurança para a sociedade.
Vejam bem, caso não aconteça nenhuma morte violenta nas próximas 26 horas, o mês de março fechará com 22 pessoas mortas nos cemitérios de Gurupi, todas elas, na sua maioria jovens, vítimas de armas branca e de fogo. Nesta estatística não podemos deixar de fora as 19 vítimas de tentativas de homicídios registradas somente neste ano.
Ao contrário do que muitos acreditam, as motivações destes crimes violentos estão relacionados a vários fatores, que podem ser uma briga por uma cerveja como foi o caso da morte de Marcelo Santos Farias Penha, 22 anos, no último sábado, 22; crimes passionais como o caso da enfermeira Cirlene Pereira Soares, morta pelo seu ex-companheiro no início deste mês no setor João Lisboa da Cruz e neste mesmo dia foi morto José Bonfim Pereira no setor Vila Nova por Daniela Dionisio de Souza; na segunda-feira, 24, aconteceu a tentativa de latrocínio contra o instrutor de autoescola Vilmar Alves Ferreira, 48 anos, baleado na cabeça no centro de Gurupi por Lucas Pereira Batista, 24 anos, e o último caso envolve a criança José Henrique Vieira dos Santos, 09 anos, baleada na cabeça quando saia da escola na quarta-feira, 28, e teve morte cerebral confirmada nesta sexta-feira Santa, supostamente por uma bala perdida.
Apesar de não disponibilizar nenhum estudo sobre as origens da violência em Gurupi, seja pelas faculdades ou pela Segurança Pública, citamos caso por caso para mostrar à sociedade que a violência em Gurupi encontra-se generalizada e não é provocada apenas por guerra de facções criminosas ou falta de policiais nas ruas; pois acredito que violência não tem lugar, dia e nem horário para acontecer. As prisões acontecem, somente na operação Sicario da Polícia Civil e a atuação Polícia Militar nas ruas de Gurupi resultaram, somente neste ano, na prisão de mais de 16 pessoas suspeitas participarem dos mais de 37 homicídios ocorridos em Gurupi nos últimos meses.
Enquanto as polícias limpam gelo, muitas pessoas que se intitula cristãs, sejam católicos ou evangélicos, resumem o problema de forma simplista atirando pedras nas vítimas; mas, pouco se faz para minimizar este problema social que tem em seus mais variados contornos, diversos fatores geradores que vão desde a gravidez de uma mulher viciada em crack, crianças grávidas criadas por avós e vítimas de casais irresponsáveis separados, ociosidade de jovens que não querem trabalhar e estudar, sistema prisional que não recupera os presos, sistema penal que favorece a criminalidade, deficiência no mercado de trabalho, dentre outros.
Dados
Para o leitor ter uma noção da gravidade da violência em Gurupi, o estado do Rio de Janeiro que sofre por intervenção do exército na segurança pública, teve em 2017 40 mortes violentas por 100 mil habitantes, enquanto a pequena Gurupi com seus 84 mil habitantes registrou nos últimos três meses de 2018, 22 homicídios.