Em encontro realizado nesta quinta-feira, integrantes do instituto e especialistas discutiram representatividade das mulheres no Legislativo
por Redação
O Brasil é um país com baixa representatividade feminina na política. De acordo com dados levantados pela Inter-Parliamentary Union que constam em uma pesquisa divulgada neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país ocupa a 152ª posição, em um ranking de 190 países, no que diz respeito à proporção de mulheres na Câmara dos Deputados. Dos 513 deputados eleitos em 2014, somente 51 eram mulheres. Esses números foram abordados no evento “Mulheres na Política”, promovido na última quinta-feira (29), pelo RenovaBR, instituto de formação de novas lideranças políticas.
Foram três mesas de debate que contaram com a presença de lideranças femininas que participam do curso do RenovaBR, além de pesquisadoras e ativistas. Todo o evento foi transmitido ao vivo pela página da organização no Facebook
Ao abrir o encontro, a co-fundadora e diretora executiva do RenovaBR, Izabella Mattar, falou sobre a necessidade de aprofundar o debate a respeito do tema. “É importante ressaltar que a política também é um espaço de ocupação profissional da mulher. Reunimos mulheres inspiradoras e que estão dispostas a pautar o tema”, falou.
Tabata Amaral, co-fundadora do Mapa Educação e uma das lideranças que estão sendo capacitadas pelo RenovaBR, entende que a pauta precisa ser debatida com mais ênfase, sobretudo às vésperas da eleição. “O desafio é pensar em soluções e entender por que as mulheres têm menos representatividade nas urnas. É responsabilidade da nova geração política lutar pela ampliação de mulheres em cargos eletivos”, destacou.
A convidada Hannah Maruci, doutoranda em Ciência Política na USP, refletiu que “estamos vivendo um momento muito importante, porque a sociedade tem uma abertura maior para falar de pautas que exaltam os direitos das mulheres”.
Ao discutir políticas públicas que poderiam ser desenhadas dentro desse cenário, a convidada Evorah Cardoso, integrante da Rede Feminista de Juristas, destacou que é preciso uma quebra de paradigma para legitimar a capacidade política da mulher. “Se a gente continuar achando que quem tem a cara da política é o homem, branco, de mais de 50 anos e heterossexual, serão essas pessoas que continuarão sendo eleitas”, falou.
“A gestão pública ainda é machista”, observou Juliana Cardoso, outra líder que cursa a formação do RenovaBR. “Em rodas de conversas, as nossas vozes ainda são caladas. Não respeitam o nosso lugar de fala e, por isso, acredito que a gente tem que ocupar esses espaços”.
O evento foi encerrado com a mesa “Os desafios das mulheres que querem entrar para a política”, que reuniu cinco das 27 mulheres que fazem parte da primeira turma de formação do RenovaBR: Alessandra Monteiro, Lia Lopes, Mônica Rosenberg, Tabata Amaral e Thais Ferreira. Para Mônica Rosenberg, o baixo número de mulheres na política brasileira só será revertido se houver articulação da sociedade. “O primeiro passo é aproximar a mulher da política. Existe uma barreira que precisa ser quebrada e é isso que o RenovaBR está fazendo hoje”, afirmou.
Thais Ferreira foi além, apontando que há um longo caminho em direção à efetivação dos direitos das minorias no Brasil. “A gente faz política todo dia e não nos vemos representadas nos espaços de poder. Atuo como liderança comunitária há alguns anos e reforço a necessidade de políticas públicas visando à proteção de grupos minoritários”, destacou.