“Nesta última semana tive a oportunidade de conhecer de perto a ocupação dos estudantes da UFT do Campus de Arraias e percebi o grau de organização e de consciência do grupo na luta por melhorias das condições da Universidade e contra o retrocesso que estar por vir, caso a PEC, batizada já de PEC da morte, pelos movimentos, seja aprovada no Senado Federal”. João Nunes.
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Arraias. Trabalha como projeto em cinema e educação.
Desde que foi colocada em discussão da Proposta de Emenda Parlamentar – PEC 241 pelos deputados federais em Brasília, que visa reduzir o que consideram gastos nas áreas essenciais, tem surgido um forte movimento dos estudantes das escolas e de universidades contra tal medida.
Entende-se que a PEC 241, que agora no Senado recebe o número de 55, em nada contribuirá para a melhoria da economia do país, até mesmo porque levará a maioria da população a uma situação de miséria, sem condições mínimas de saúde, educação e de segurança. Se já está ruim, ficará ainda pior para a população empobrecida.
É exatamente por entender os abusos de tal medida que vem crescendo no país o movimento legítimo de ocupações nas escolas e universidades, além de outros espaços.
Digo legítimo porque parte da própria sociedade a insatisfação com as medidas que vem sendo tomadas pelo governo federal. Há poucos dias escrevi sobre a menina Ana Julia, estudante das escolas ocupadas no Paraná, e seu discurso bastante consciente e seguro da necessidade de se lutar contra o retrocesso no país com as medidas que estão sendo tomadas em Brasília.
Nesta última semana tive a oportunidade de conhecer de perto a ocupação dos estudantes da UFT do Campus de Arraias e percebi o grau de organização e de consciência do grupo na luta por melhorias das condições da Universidade e contra o retrocesso que estar por vir, caso a PEC, batizada já de PEC da morte, pelos movimentos, seja aprovada no Senado Federal.
A organização dos estudantes mostra um sinal de esperança diante de tanto descalabro que vem acontecendo desde que a Presidenta Dilma foi afastada do cargo por um processo de impeachment sem ter cometido crime algum.
Vale destacar que nas ocupações os estudantes dividem tarefas e organizam debates sobre os diversos assuntos de interesse da sociedade, como os impactos que resultarão com a aprovação da PEC em questão.
Outros assuntos de interesse da população são discutidos, como por exemplo, o que significa o projeto de agronegócio denominado de MATOPIBA e quais os impactos negativos que trará para os agricultores pobres e para os moradores do campo e da cidade.
Os debates são realizados com bastante organização e participação dos estudantes, professores e pessoas da comunidade que compreendem o difícil momento que vivemos no país com a ameaça de perdas significativas dos direitos garantidos em lei depois de muita luta dos trabalhadores dos movimentos e organizações da sociedade civil.
As pessoas que não compreendem o que vem acontecendo no país, e se ligam apenas na mídia tradicional, ignoram os movimentos de ocupações e criminalizam esses movimentos e os estudantes envolvidos.
Na verdade as ocupações demonstram a força da juventude e sua capacidade de organização para enfrentar os abusos que estão sendo impostos pela elite política e financeira em nome da ordem e do progresso e do bem da sociedade brasileira.
Tais movimentos se contrapõem ainda a onda fascista que tem cada vez mais tomado conta do país, cujos defensores ignoram a democracia e até pedem a volta da ditadura; essa semana tivemos uma demonstração clara dessa realidade quando um grupo de fascistas invadiu a Câmara Federal com gritos pela ditadura; o grau das pessoas que engrossam essa turba é tão grande que uma delas confundiu a bandeira do Japão com uma apologia ao comunismo, fato que viralizou nas redes sociais.
Ainda na mesma semana um jovem foi assassinado pelo próprio pai que não concordava que seu filho participasse das ocupações. Quer dizer: o fascismo cada vez mais tem transformando o país num barril de pólvora a ponto de explodir e, lamentavelmente, tem sido estimulado pela grande mídia.
As ocupações crescendo cada vez mais têm demonstrado força e consciência dos jovens que acreditam ainda num país melhor e não aceitam retrocesso, pois eles serão os principais prejudicados juntamente com toda a população pobre.
Enquanto isso a mídia tradicional tem alimentado o ódio e apoiado o retrocesso. Os fatos comprovam.