O jornal O Globo publicou uma matéria na segunda-feira, 17, que mostra o drama da família de duas crianças, de 6 e 9 anos, filhas do vaqueiro do ex-senador Manoel Alencar Neto, conhecido por Nezinho Alencar, 67 anos. As famílias do vaqueiro e de seu irmão encontram sob proteção do Estado. “Eu nunca quis dinheiro. Não vou negar que apontei muitas vezes a espingarda para ele, mas sempre pensava em Deus e na vida da minha família, que ia se complicar se eu apertasse o gatilho. Só quero ele preso”, disse o vaqueiro.
Depois de ser repercutido no Tocantins, o caso envolvendo Nezinho Alencar, preso no dia 23 de janeiro, juntamente com sua esposa pela Polícia Federal, voltou a repercutir na segunda-feira, 16, em uma reportagem do jornal O Globo, que leva depoimentos do vaqueiro e seu irmão, assim como do promotor Guilherme Cintra e do advogado de devesa, Ronivan Peixoto.
Nezinho iniciou sua trajetória política como vereador, depois se elegeu como deputado Estadual e chegou ao Senado como suplente do senador João Ribeiro, falecido em 2013, na legislatura passada. Em 2005, exerceu o mandato parlamentar por quatro meses, à época filiado ao PSB, no lugar do titular.
“Ao todo, dez pessoas foram incluídas no programa de apoio a ameaçados: o vaqueiro com a mulher e três filhos, incluindo as duas vítimas do abuso, além do irmão dele, também com a mulher e três filhos”, aponta o jornal.
Na reportagem, o vaqueiro conta como foi o caso e do medo do vaqueiro que após ter tido o sangue frio de gravar as cenas de violência sexual sofrida pelas filhas, saiu da fazenda de Nezinho escoltado pela Polícia Federal.
— A lei de lá é outra. Eu me arrependo de ter denunciado, devia ter feito justiça com as minhas mãos. Hoje eu é que estou preso, e ele está lá, vendendo e comprando gado — desabafou o vaqueiro sobre o caso em que o acusado ficou preso pelo período de, aproximadamente, um mês e meio e foi liberto ao pagar fiança no valor de R$ 22 mil para responder o processo em liberdade.
Conforme o jornal, após a prisão de Nezinho Alencar, o vaqueiro e seus familiares passaram a receber “recados velados e ameaças” na casa de parente em que eles estavam, por onde carros luxuosos incomuns passaram a visitar o bairro pobre onde moravam e, desde então foram colocados sob proteção do Estado.
O promotor de Colmeia (TO), Guilherme Cintra, lembra ao Globo que Nezinho está sendo acusado por estupro de vulnerável e também de dar bebida alcoólica às crianças.
— Se a própria família da vítima está custodiada pelo Estado, isso indica que o denunciado não deveria estar solto — argumenta Cintra ao jornal O Globo.
No entanto, o advogado de defesa argumenta não haver motivos para seu cliente seja mantido preso. Ele defende que a prisão de Nezinho, determinada por um Juiz Federal, teria sido ilegal por fazer parte da Operação Confiar, de combate à pornografia infantil na internet, deflagrada pela Polícia Federal, sendo que seu cliente não compartilhou imagens na rede mundial de computadores.
Apesar da imagens sejam autênticas, o advogada afirmou ao jornal que seu cliente estaria sendo vitima de “armação da família” das crianças.
— Houve uma indução para que ele fizesse aquele ato. O que eu lamento é o uso das crianças para esse fim — afirma Peixoto.