Nos anos 70, em pleno Governo Militar de governo biônicos, Pelé disse que “o brasileiro não sabe votar”. Em 2016, em plena democracia, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia , ao comentar sobre os altos de abstenção, votos nulos e branco nas últimas eleições municipais, defendeu a obrigatoriedade do voto até que os eleitores tenham “suficiente informações para escolher seus representantes”. Nesta mesma eleição, apesar de Palmas também alcançar considerável índice de não votantes, o prefeito Carlos Amastha afirmou que no Tocantins, a maioria dos políticos são “vagabundos” e que “o povo ainda vota neles”, disse via twitter.
por Wesley Silas
“Eles dizem que não entendem o que eu falo. Eu não entendo o que eles fazem”, repetiu Amastha nos palanques quando conquistou a prefeitura de Palmas em 2012 ao vencer tradicionais grupo políticos. Em 2016, quando ele disputou a prefeitura de Palmas com o vice-prefeito Raul Filho (PR) e com a vice-governadora Cláudia Lelis, não foi diferente e disparou mais uma frase de epitáfio: “classe política me abomina.” Naquela eleição 25,51% dos eleitores de Palmas não participaram da escolha dos candidatos a prefeito.
Agora, de olho no Palácio Araguaia, Carlos Amastha busca mais uma vez aproveita a crise política que passa o Brasil e trabalha para se tornar protagonistas, com raízes na iniciativa privada, na disputada das eleições de 2018.
Para isso, Amastha voltou a chamar atenção da mídia, via twitter, ao depreciar parte da classe política tocantinense com postagens que não passaram de 140 caracteres: “Monte de gente enchendo paciência falando de 2018. NÃO QUERO SABER. Tenho um diamante para polir. Na hora certa tomarei alguma decisão. Agora NÃO”, em Seguida completou: Por isso o Tocantins não sai do buraco. Bando de políticos, na maioria vagabundos, que apenas pensa nisso. E o povo ainda vota neles. Até quando? // De trabalho, de projetos, de melhorar a vida da população, ninguém fala. Vamos cobrar meu povo. Incompetência, roubalheira tem que acabar. Os caras sendo indiciados, denunciados, por crimes que TODOS sabemos que na maioria dos casos são verdadeiros, tem a coragem de pedir voto”, postou Amastha sobre um sistema em que a corrupção no poder público é alimentada pelos corruptores privados.
“E o povo ainda vota neles…”
Conforme foi dito acima, a estratégia de Amastha de usar o sentimento de desprezo dos eleitores com os políticos é algo anátema que ele explora desde que resolveu adentrar nas disputas eleitorais. Desta vez, o que chamou atenção foi o puxão de orelha que ele deu em parte dos eleitores tocantinense numa vertente que não se distancia do que falou Pelé em pleno governo militar e lembrado em 2016 pela ministra Cármen Lúcia quando ela questionou a falta de capacidades dos eleitores escolherem seus representantes políticos nas eleições municipais. No cenário estadual, dados do TSE apontam que no Tocantins 24,4% (254.041) dos votantes ainda não conseguiram completar o ensino fundamental, destes, 72.863 são analfabetos.
Amnésia eleitoral
Os números também mostram que a grande maioria dos brasileiros, desde os mais escolarizados, sofrem de amnésia eleitoral por esquecerem em quem votaram nas eleições passadas quando escolheram seus representantes para compor no Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Governos Estaduais e presidente da República…