Numa sessão realizada, nesta sexta-feira, 22, o senador Donizeti Nogueira (PT/TO) reuniu no Senado Federal, pela primeira vez, as várias vertentes do movimento camponês para homenagear o Grito da Terra Brasil. A sessão marcou o encerramento da 21ª edição do grito, organizada pela CONTAG, que durante uma semana mobilizou mais de 80 mil trabalhadores rurais em todo o país e culminou com a resposta da presidenta Dilma Rouseff para uma pauta de reivindicações entregue pela entidade no início do ano, e que teve intensa negociação com diversos setores do governo.
Estiveram presentes representantes da CONTAG, MST, MPA e do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que durante três horas destacaram a importância do evento (Grito da Terra) e das organizações nas conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, nestes 21 anos de organização. O senador Donizeti Nogueira lembrou a sua origem de filho de agricultores e o seu envolvimento na política, no começo dos anos 80, quando através do movimento de igreja, ingressou no Partido dos Trabalhadores e afirmou que tem orgulho de sua trajetória e do movimento camponês que permitiu estar presidindo, no Senado Federal, uma sessão de tamanha importância.
Numa aula de história sobre os tempos da ditadura e os “tombados” na luta do campo, o poeta Hamilton Pereira (Pedro Tierra), disse que estava ali por dois motivos: se sentia protagonista desta história pela sua trajetória e porque se sentia testemunho dos fatos, lembrando os mártires da luta e a participação da igreja na organização sindical e pastoral, finalizando com um poema de homenagem a Dom Tomás Balduino, fundador e presidente da Comissão Pastoral da Terra, parceira do movimento sindical em todas as manifestações. Para ele, a CPT teve papel fundamental na organização, porque era ecumênica e nasceu presidida por um padre católico e um pastor evangélico. O presidente da CONTAG, Alberto Ercílio Broch, falou da importância da manifestação, das negociações com os ministérios e destacou a interlocução com o “governo popular” para receber uma pauta de 170 itens, envolvendo 14 ministérios e dar uma resposta ao movimento, citando a presidente Dilma como a grande negociadora.
Entre os parlamentares, o senador Helio José (PSD/DF) e o deputado José Carlos (PT/MA), vice-líder do PT na Câmara dos Deputados, destacaram a força do movimento e a necessidade de fortalecer as organizações para melhorar a qualidade de vida no campo. Representando o ministro Patrus Ananias, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o secretário Rafael Oliveira, a mensagem do ministro e garantiu o compromisso do MDA e a Presidenta Dilma, para afirmar uma agenda de futuro para levar o conjunto de políticas públicas e o acesso ao crédito, com programas como PRONAF e Plano Safra.
Anunciada como representante da mulher do campo, a Secretaria Geral da CONTAG e militante da Juventude Rural, destacou o marco histórico da sessão a agradeceu o Senador Donizeti, acrescentando que é preciso continuar lutando para fortalecer as manifestações de massas, como a Marcha das Margaridas, que acontece em agosto, para ganhar ainda mais o respeito do parlamento e do governo. “A gente acredita no Brasil”, finalizou ele, argumentando que é preciso acabar com a violência, fixar a juventude e criar condições para um projeto rural solidário e um campo de gente feliz.
Para o representante do MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores, Anderson Amaro, o Brasil precisa ser convencido da importância estratégica do alimento. Ele propôs unificar luta numa pauta comum e criar uma bandeira de unidade para uma grande manifestação que “estremeça” a nação e mostre a importância de uma política de abastecimento. Criar a “COMEBRAS” uma agência para tratar a produção de alimento como “questão de estado”. Por fim, o vice-presidente da CONTAG, Willian Clementino – do Tocantins – destacou que a sessão só aconteceu porque o senador Donizeti estava no senado, mas que a força do movimento poderá produzir novas lideranças para criar um novo parlamento, mais comprometido e mais forte. “O parlamento precisa se conscientizar para não ceifar sonhos, para não ceifar vidas”, concluiu.
Combater o ódio.
Durante a sessão, que teve apresentação de vídeos com clippings sobre as jornadas dos trabalhadores rurais, o senador Donizeti Nogueira chamou a atenção dos militantes e do movimento camponês para o que classificou de “campanha odiosa”, contra o PT e contra as esquerdas, e conclamou a todas as organizações sindicais e populares para saírem em defesa da democracia e em defesa do Brasil. Citando um poema sobre o medo e omissão (no caminho com Maiakoviski), ele afirmou que os “contras” tem ódio porque hoje o filho do vaqueiro estuda na mesma universidade que o filho do fazendeiro, porque o filho do vaqueiro, o filho do operário, hoje estão indo estudar em Harward, junto com os filhos dos grandes. “Não é um ódio qualquer, é um ódio de classe”, concluiu ele. (As informação são da assessoria do Senador Donizeti do PT).