por Wesley Silas
Após ser denunciado pela jovem Pamella, o caso desencadeou uma série de outras denúncias. Uma das vítimas é a advogada Geanny Mariano Silva. Ele relata que no período entre os anos de 2011 a 2016 quando foi aluna do advogado Luiz Tadeu na disciplina Constitucional I, ele começou uma série de assédio sexual.
“Ele começou me mandar mensagens do tipo ‘queria um minutinho só para provar desses lábio carnudos’, ou ainda se tiver um minuto eu farei dele uma eternidade; enfim, comecei a me afastar dele, até que ele me reprovou e falou que se eu quisesse passar tinha uma maneira. Então reprovei por duas ou três vezes, tentei passar na matéria, mas ele sempre me barrava. Chegou um ponto que eu falei para meus pais que não ia conseguir nunca formar”, relata sobre as investidas do ex-professor universitário e Conselheiro Federal da OAB, Luiz Tadeu Guardiero Azevedo.
Perseguição
De acordo com a advogada, seu ex-professor, Luiz Tadeu chegou ao ponto de descobrir o endereço da casa dela e ele chegou a avisar sobre os constrangimentos à coordenação do curso de Direito da época, mas não tomou nenhuma providência acerca das denúncias devido o professor ocupar na época a presidência do Conselho Superior da UnirG.
“Ele sempre me mandava mensagem dizendo que sabia que eu morava na rua 8. Me recordo que em muitas mensagens ele dizia que queria me ‘chupar’ beijar – esse tipo de indecência. Por não suportar mais tentei alertar a coordenação do curso o que estava acontecendo, mas me falara: se você fizer isso vai piorar porque ele é presidente do Conselho Superior e a denuncia vai chegar lá e ele vai barrar e só vai te prejudicar porque você não forma mais nunca”.
Pedido de ajuda
Segundo Geanny Mariano em julho de 2016 ela chegou a espalhar cartazes no Campus da UnirG com conteúdo das conversas do ex-professor.
“Foi então que imprimi as conversas e espalhei na faculdade para tentar chamar a atenção e ver se alguém da coordenação ou sei lá, qualquer pessoa me ajudasse, mas foi em vão. Para mim formar tive que fazer curso de verão em julho 2016, pois a minha colação de grau era em julho de 2016. Enfim, mesmo espalhando e tudo as conversas nunca deram ouvidos”, disse.
Outra parte
Ao Portal Atitude, o Conselheiro Federal da OAB, Luiz Tadeu Guardiero Azevedo, atacou o Portal Atitude por divulgar as denúncias das mulheres. “O verdadeiro jornalismo deve se inteirar primeiro dos fatos para depois tirar sua conclusão”. Em seguida completou: “Não se preocupe já estou tomando medidas policiais contra quem quer que seja que envolva meu nome nesse tipo de conversa”. Afirmou que estava pronto para qualquer investigação, “sem medo” e de cabeça erguida. “Pode ficar bem tranquilo, querem apurar a delegacia da policia é o caminho. Aliás, já estou com muitas coisas em mãos e pronto para representar contra elas. estou tomando as providências cabíveis contra elas”, disse.
O que diz UnirG
Em nota de posicionamento, a Universidade de Gurupi (UnirG) manifestou que não compactua com atos de intolerância, assédio, preconceito e quaisquer outras formas de violência, e destaca seu comprometimento com a comunidade, responsabilidade social, ética e moral.
“Frente às cenas de machismo e desrespeito às mulheres, a UnirG reitera sua posição de repúdio a todo e qualquer tipo de importunação e manifesta apoio e solidariedade às acadêmicas importunadas”.
Disse ainda que “a misoginia e o sexismo, infelizmente, ainda são muito comuns na sociedade brasileira, mas graças à luta corajosa de mulheres que não abaixam suas cabeças para tais atos, é que a luta por direitos humanos e igualdade social se fortalece”.
Canais para recebimento de denúncias
A Universidade de Gurupi disse que confia nas autoridades competentes para o devido cumprimento de seu papel, para que estes episódios não se repitam.
Informou ainda que dispõe de canais para o recebimento de denúncias, podendo ser encaminhadas para a Ouvidoria, de forma anônima ou não, através dos seguintes meios:
💻 Site: iow.unirg.edu.br/ouvidoria
☎️ Telefone: (63) 3612-7606
📧 E-mail: [email protected]
Ouvidoria da Mulher
Outro canal de atendimento especializado às vítimas de violência foi a criação da Ouvidoria da Mulher, aprovado nesta semana pelo Colégio de Procuradores de Justiça, que prestará atendimento especializado às mulheres vítimas de violência que buscam os serviços do Ministério Público do Tocantins (MPTO). O atendimento deste núcleo da Ouvidoria do MPTO será prestado por servidoras do sexo feminino, por meio de um telefone específico, que atenderá chamadas de todo o Estado. A iniciativa da criação foi da ouvidora do MPTO, procuradora de Justiça Leila da Costa Vilela Magalhães. “Além de contar com uma escuta especializada, a mulher que se dirigir ao Ministério Público para relatar uma situação de violência contará também com o benefício de um atendimento prioritário”, disse ela.
Repercussão
O caso ganhou proporção em todo estado do Tocantins com manifestações de apoio às acadêmicas e das vítimas. O Presidente da OAB Tocantins, Gedon Pitaluga, destacou “seu posicionamento contra qualquer tipo de violência física, verbal, moral ou psicológica contra mulher e vai acompanhar o caso”.
Comissão da mulher Advogada da OAB Subseção de Gurupi “apresentou no Conselho Federal da OAB, denúncias recebidas das mulheres vítimas de assédio moral e sexual em razão dos fatos amplamente divulgados pela imprensa e difundidos em redes sociais quanto às agressões atribuídas ao Advogado e Conselheiro Federal por Gurupi, os quais deverão ser apurados de forma imparcial pelo conselho Federal da OAB para aplicação de medidas pertinentes, cumprindo dessa forma com o compromisso assumido publicamente perante toda sociedade no Manifesto datado no dia 13 de setembro de 2021”.
Casos de assédios a estudantes universitárias no Brasil
Casos de assédio de professores nas universidades é alarmante no Brasil. Em 2015, a coordenadora do Instituto Avon, Mafoane Odara, realizou uma pesquisa sobre violência contra a mulher no ambiente universitário. O levantamento mostrou que 67% das garotas, quando questionadas, reconhecem que foram submetidas a situações de violência.
“Depois da realização da pesquisa, percebemos que houve um aumento na criação de coletivos, um fortalecimento da relação dos coletivos com as faculdades e mais empenho dos reitores na criação de programas de apoio e campanhas para acabar com a violência”, afirmou Mafoane em abril de 2018.