“Eu vi a propaganda deles no Facebook e peguei o número do Whatsapp dele e marquei um encontro com ele no escritório. Lá ele falou sobre a carta de crédito, eu assinei um contrato e no primeiro dia que eu fui eu passei para ele R$ 3 mil e depois dei mais R$ 4 mil para uma carta contemplada no valor de R$ 35 mil”, disse uma das vítimas ao Portal Atitude.
“Quando o milagre é demais o santo desconfia”, diz uma conhecida e antiga expressão popular utilizado até nos dias atuais. Nas últimas semanas várias pessoas de Gurupi e de diversas regiões do País perderam milhares de reais por comprar produtos eletrônicos, principalmente no Black Friday, muito abaixo do valor de mercado em sites falsos de lojas famosas, como exemplo das Lojas Americanas.
Nesta semana, o 1º Distrito Policial de Gurupi está movimentado acima da normalidade por pessoas que se dizem vítimas de Carlos Eduardo de Souza Oliveira, 25 anos, natural de Cristalândia, responsável pela empresa Oliveira Representações, localizada no Centro de Gurupi.
Uma delas é o gerente comercial, Charles Martins Carneiro. Ele afirmou ao Portal Atitude que descobriu a empresa Oliveira Representações nas redes sociais.
“Ele promete entregar uma carta de crédito contemplada e pede adiantamento para o consorciado. Ele pega o dinheiro, dá um recibo da empresa dele e depois não cumpri o acordo da carta de crédito. Ele me prometeu uma carta no valor de R$ 24.990,00 e, para isso, passei em dinheiro nas mãos dele R$ 3 mil em espécie. Depois vi que eu estava entrando numa fria e voltei para pedir o dinheiro de volta, mas ele disse que não devolveria mais o dinheiro. Botei a mão nele e o levei à delegacia. Ele fala que não tem dinheiro e tem que esperar o prazo do papel para devolver o dinheiro”, disse Charles Martins.
A reportagem do Portal Atitude esteve na empresa e encontrou três funcionários, sendo que um deles justificou que os clientes “não estão entendendo os procedimentos da empresa”.
“Um deles pegou a carta contemplada e no dia seguinte já queria o dinheiro na mão, enquanto temo um prazo de até 15 dias para liberar os valores”, disse um dos funcionários da empresa.
No entanto, uma mulher que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou ao Portal Atitude que há mais de 15 dias passou para Carlos Eduardo o montante de R$ 7 mil na promessa de receber uma carta contemplada no valor de R$ 35 mil.
“Eles disseram que eu tinha 15 dias úteis para dar a resposta da análise e, na última segunda-feira venceu o prazo, sendo que na sexta eu fiquei preocupada e entrei em contato com ele para ver se tinha alguma resposta; daí ele pediu um avalista, marquei com ele no sábado para entregar os documentos do avalista e ele não foi. Quando foi terça-feira tentei novamente, não consegui e mandei os documentos do avalista pelo whatsapp porque ele inventava todo tipo de desculpas e não tinha como me atender. Na quarta-feira a bomba estourou e já fui à delegacia, dei depoimento e registrei Boletim de Ocorrência”, disse a mulher. “Não foi só eu, ontem na Delegacia tinha umas cinco pessoas e já descobrir que tem umas 15 pessoas que ele deu este golpe. São pessoas de Palmas, Formoso, Cariri e de Gurupi”, acrescentou.
A delegada responsável pelas investigações, titular do 1º Distrito Policial de Gurupi, Lucélia Maria Marques, afirmou ao Portal Atitude que somente na quarta-feira foram registrados seis Boletins de Ocorrências sobre o consórcio duvidoso.
“As pessoas o procuram e ele fala que tem as cartas de crédito contempladas e a vitima deposita certo valor na conta dele e ele dá um contrato para pessoa assinar que estipula o prazo de 10 a 15 dias para a pessoa receber a carta de crédito”, disse a delegada.
Carlos Eduardo foi interrogado pela delegada das 9:30h a 12:15h, mas não foi preso por não ter flagrante e a prisão vai depender do processo de investigação que necessita de uma vítima, que não recebeu, mas que tenha vencido o prazo nas últimas 24 horas.
Na fachada da Oliveira Representações mostra que a empresa representa o Consórcio Nacional RECON, com sede no Estado de Minas Gerais.
Por telefone, a reportagem do Portal Atitude falou no jurídico da RECON com o advogado Matheus Silva. Ele afirmou que a empresa irá enviar na próxima terça-feira a Gurupi um representante do departamento comercial da empresa para checar as denúncias e apurar se a empresa Oliveira Representações usa indevidamente o nome de RECON. “A RECON trabalha com boletos e cada cliente tem seu usuário e senha no nosso site e não autorizamos terceiros receber em nome da RECON”, disse.
Ele afirmou que a RECON não comercializa cartas contempladas e está há 27 anos no mercado, onde trabalha com representantes exclusivos e de multibandeira, o que pode ser o caso da Oliveira Representações.
“Todas as vendas realizadas em todo país, tem um setor da Matriz que faz contato pós-venda com o cliente para averiguar dados como nome, valores e evitar falhas”, disse o advogado.