“Eu não leio livros simplesmente por ler; acho até que dificilmente alguém faz isso; leio porque gosto muito de leitura e de pensar sobre o que leio sobre todas as coisas possíveis; afinal, eu não me vejo ficar um dia sem ler; é tanto que dificilmente alguém vai me encontrar numa fila de banco, ou em alguma sala de espera para ser atendido, sem que eu esteja com um livro. Eu não suporto esperar alguém, ou seja, lá o que for fazer, sem um livro para ler”. João Nunes da Silva.
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Miracema-TO. Trabalha com projetos em cinema e educação
Hoje, logo cedo, comecei a pensar nos livros que li durante o recesso, da Universidade na qual trabalho, no mês de julho; até contei com a ajuda da minha esposa para me lembrar de quantos livros, de fato, consegui terminar a leitura; foram seis livros no total; sem dúvida uma boa quantidade.
Dos livros que li a minha preferência, por autor, é por Haruki Murakami; foram dois livros desse autor: Do que falo quando falo de corridas e Minha querida Sputnik. Os outros foram: Gente pobre, de Dostoievski, Sobre o suicídio e A questão Judaica, ambos de Karl Marx e Verônika decide morrer , de Paulo Coelho.
Como afirmei, foi, sem dúvida, uma quantidade considerável de litura num curto espaço de tempo; mas, é evidente que a questão não é quantidade de leituras e sim de qualidade; afinal, ler não é nenhuma maratona e muito menos deve ser visto como uma disputa de ego; é importante de fato saber por que razão a gente escolhe determinadas leituras num dado momento e, também, o que vai acrescentar na nossa vida como ser humano e, como cidadão e profissional, as leituras escolhidas.
Quando escolho algum livro para ler, no fundo já tenho em mente alguma razão que justifica o motivo escolha; geralmente os temas escolhidos têm a ver com meus questionamentos e necessidades de reflexão; acontece, às vezes, de se tratar de simples curiosidade sobre um determinado assunto; mas tudo o que leio considero que me ajuda muito a entender um pouco a vida; e isso é muito prazeroso.
Eu não leio livros simplesmente por ler; acho até que dificilmente alguém faz isso; leio porque gosto muito de leitura e de pensar sobre o que leio sobre todas as coisas possíveis; afinal, eu não me vejo ficar um dia sem ler; é tanto que dificilmente alguém vai me encontrar numa fila de banco, ou em alguma sala de espera para ser atendido, sem que eu esteja com um livro. Eu não suporto esperar alguém, ou seja, lá o que for fazer, sem um livro para ler.
Das seis leituras que fiz durante esse mês de julho – já estou lendo o sétimo – tentei aproveitar o máximo possível; e logo percebi o quanto aprendi; mas é claro que quando se vai fazer alguma leitura é necessário algum critério, uma classificação por temas, ou coisa do tipo, de modo que ao final a leitura proporcione um resultado satisfatório do ponto de vista do conhecimento, e até sobre coisas que pareciam bastante complexas para mim em algum momento da minha vida; por exemplo, nessa lista de leituras é possível identificar dois livros sobre suicídio – isso não quer dizer que estava pensando em tal coisa- e, desses dois, um é um romance e o outro é um texto científico; o primeiro é do Paulo Coelho e o segundo é do Karl Marx; mas ao escolher tais livros não fiz para aprofundar sobre o assunto a partir do que li no primeiro, no caso, Veronika…; fiz a leitura da obra do Marx sobre suicídio para saber o que ele tinha a dizer sobre esse assunto; somente por isso; no final das contas, tudo deu certo, isto é, uma coisa ajudou a outra.
Das obras do Murakami um é romance – Minha querida Sputnik e o outro é uma obra autobiográfica – Do que falo quando falo de corridas; na verdade trata-se de um Ensaio.
O Romance Veronika decide morrer – do Paulo Coelho – achei ótimo; até escrevi um artigo exclusivamente sobre ele; embora a obra se refira ao suicídio, o que percebi foi um texto reflexivo sobre a vida; mais precisamente sobre a luta diária que qualquer pessoa enfrenta, ou pode enfrentar, para se manter viva ou equilibrada num mundo tão doentio.
Em relação ao livro do Marx Sobre o suicídio, resolvi ler não exatamente porque tinha lido o do Paulo Coelho, mas, por coincidência, havia comprado pela internet há pouco tempo, até mesmo por curiosidade, pois, nem imaginava que o Marx tinha trabalhado esse tema. Li e achei muito bom. A obra demonstra um lado do Marx pouco conhecido, pois, é também um texto que trata da condição da mulher na sociedade burguesa instituída a partir da ótica racional e masculina que impõe à uma sobrevida ao sexo feminino, o que é ridículo. O livro traz inicialmente um capitulo escrito por Michael Löwy. Na segunda parte é que o Marx apresenta suas impresssões
Sobre o suicídio é, na verdade, um pequeno manuscrito do Marx a partir das anotações feitas um arquivista policial, Jacques Peuchet, da França do século XIX, que tinha curiosidade sobre esse tema a partir dos casos que acompanhou na época e que lhe chamaram bastante atenção.
Depois de ler o Verônika … e Sobre o suicídio, do Marx percebi que, embora o segundo seja uma obra cientifica, os dilemas que envolvem a questão do suicídio já na época do Marx, mas tão presentes na sociedade moderna, de certa forma são semelhantes aos que envolvem a personagem central do livro do Paulo Coelho. E, em Verônika… pude perceber claramente que esse romance é uma autobiografia desse importante autor cujos dramas existenciais, conforme seus relatos e entrevistas que já vi, praticamente o levaram à beira da loucura e, por fim, permitiu a ele se tornar um dos maiores escritores brasileiros e um dos mais conhecidos no mundo.
Quanto ao romance Gente pobre, do que considero o maior escritor de todos os tempos, Dostoiévski, trata-se da sua primeira obra; esse romance escrito em forma de cartas, retrata a vida de um homem e uma mulher, de origem pobre, na Rússia do século XIX que, para passarem o tempo, resolvem escrever cartas nas quais relatam seus dramas, ao mesmo tempo em que denunciam como vivem os denominados pobres. O romance é considerado uma crítica social.
Por fim, o livro A questão judaica, de Karl Marx, é uma crítica que esse importante clássico da sociologia e crítico do capitalismo faz ao filósofo hegeliano Bruno Bauer em relação a questão da emancipação política e humana dos judeus que viviam na Alemanha no século XIX. Para Marx, Bauer confunde “emancipação religiosa” com “emancipação humana” e ainda faz uma abordagem teológica ao se referir à emancipação política. Para Marx Bauer não faz uma crítica ampla no sentido de tratar do direito à cidadania plena, como deveria, ao falar de emancipação política.
É isso, ler é prazer e conhecimento.