O saneamento básico tem como premissa satisfazer as necessidades sociais com melhoria da qualidade de vida da população com prevenção de doenças e conservação do meio ambiente. Porém, em Gurupi nos últimos anos a prometida universalização deste serviço trouxe vários transtornos aos moradores que reclamam da má qualidade da recuperação da pavimentação asfáltica, falta de celeridade nos serviços para minimizar o impacto de vizinhança e falha no plano de comunicação alertando a população afetada de forma direta e indireta com as obras, assim como a demora de implantação da expansão de rede de esgoto na bacia no córrego Mutuca que se arrasta há anos e recebe dejetos de presos da CPP e do comércios.
por Wesley Silas
Empresas que já foram responsáveis pelo saneamento básico como a Odebrecht Ambiental que foi banida a realizar os serviços devido seu envolvimento da operação Lava Jato e a cobertura de água e esgoto foi transferida à idônea empresa BRK Ambiental, mas mesmos assim, continua tendo reprovação popular não só nos valores das tarifas de água e esgoto, mas em seus serviços de manutenção e ampliação destes serviços.
A situação de transtornos causados pela BRK Ambiental tem sido criticado não só pela população. Ouvido pela reportagem do Portal Atitude, o Conselho Municipal de Saneamento Básico de Gurupi considerou que, apesar da obras de instalação de infraestrutura, como rede de esgoto e manutenção da rede de água sempre geram transtornos em qualquer lugar, as intervenções da concessionária BRK deve ter um rígido controle por parte do poder público.
“A concessionária BRK deveria colocar em prática um amplo plano de comunicação à população gurupiense, explicando quais serão as áreas que irão passar por tal transtorno, quais ruas serão interditadas, e por quanto tempo, para que a população tenha um mínimo de conhecimento e possa se preparar na medida do possível para os problemas decorrentes, além do respeito demonstrado a toda sociedade local, que deve considerar todos os afetados de forma direta e indireta, pois mesmo pessoas que vivem longe de qualquer obra, muitas vezes acabam ficando sem água por longas horas em suas residências, por conta de uma manutenção da qual não tiveram conhecimento e não puderam se preparar”, considerou o Presidente do Conselho Municipal de Saneamento Básico de Gurupi, Diego Raoni da Silva Rocha em nome de todos os conselheiros.
“O Conselho Municipal de Saneamento Básico de Gurupi se compromete, dentro das suas atribuições legais, a monitorar o andamento da situação, atuando de forma a propor em suas reuniões e enviar as devidas sugestões de melhorias à BRK com o objetivo de solucionar a questão”, pontou o Conselho.
A falta de qualidade recomposição da pavimentação asfáltica feita com dinheiro do contribuinte gurupiense é percebida, praticamente, em todo centro da Cidade. Em um questionamento feito pela reportagem do Portal Atitude as respostas foram, praticamente, as mesmas.
“Não adianta a Prefeitura ir lá colocar a Lama Asfáltica e depois vem a BRK e faz aqueles buracos. Precisam chegar em um entendimento e de quem é a responsabilidade, pois temos muitas ruas bem cuidadas e sinalizadas com placas faixas e tudo mais. Só que os asfaltos estão sendo cortados, daí vem aquele remendo muitas vezes mal feito deixando as ruas feias e com riscos de acidentes”, disse Edinaldo Rufo.
No mesmo sentido respondeu Marcele Naécio. “Minha Avaliação e que é horrível!!!! O asfalto de Gurupi mais parece uma corrida com obstáculos. Sinceramente que serviço mal feito, material pior ainda porque tem lugares que segundo eles estão recuperados e já tem buracos. Aí eu me pergunto aonde fica a qualidade?? Isso se chama irresponsabilidade, principalmente com nós que circulamos pelas ruas e Gurupi correndo um risco”, disse Marcele.
Junior Krawnella considerou que a fiscalização da Prefeitura seria falha. “A prefeitura não está fazendo papel de fiscalização dos serviços da BRK. As ruas de Gurupi estão parecendo os remendos do pneu do Fusca do meu avô. Hoje andar nas ruas de Gurupi está pior que a BR-153 com tantos remendo mal feitos. A BRK tapa os buracos sem nenhuma norma técnica. Chega e joga massa asfáltica e do jeito que ficar está de bom tamanho. A prefeitura deixa a desejar nas fiscalizações. Todo tapa buraco é feito seguindo as normas do DNIT”, disse Júnior.
O Diretor Municipal de Arquitetura, Urbanismo e Acessibilidade, Daltro de Deus Pereira, argumenta que a Prefeitura de Gurupi tem se preocupado com os transtornos provocados pela concessionária aos gurupienses.
“Há uma preocupação da gestão municipal, quanto ao fornecimento adequado de abastecimento de água, e quanto ao transtorno de fechamento de vias, que são invariavelmente necessárias para sanar os vazamentos e até mesmo para a substituição de rede, como se vê na Avenida Goiás e anteriormente na Avenida Paraná, substituição esta, motivada por tubulações antigas e causando diversas fugas d´agua”, disse.
Segundo Daltro de Deus outro problema que a Prefeitura tem cobrado é a recuperação decente da pavimentação asfáltica.
“No que tange os serviços de repavimentação asfáltica nas valas, foi realizada reunião com a equipe técnica da BRK, e foram mostrados a eles, os defeitos no pavimento provocado pelos recalques, e ficou acordado que fariam os devidos reparos, como se vê na prática na Avenida Paraná. No momento desta reunião, ajustamos com a equipe da BRK, que eles seriam responsabilizados caso não atendesse tais recomendações”, declarou.
De acordo com o vereador André Caixeta, a Câmara Municipal tem cobrado qualidade nos serviços da concessionária, inclusive a realização de recapeamento asfáltico de toda extensão das ruas e avenidas da cidades impactadas pelos servidos da BRK. Além disse, o vereador informou que apresentou um requerimento na Casa destinado ao responsável pela empresa em Gurupi para prestar informações sobres os investimentos nos últimos cinco anos e planejamento para os próximo cinco anos e mostrar o percentual de residências que possuem água tratada e esgoto sanitário e os valores cobrados.
“Temos cobrado muito da empresa responsável hoje que é a BRK sobre a melhoria no serviço prestado em nossa cidade. A nossa malha viária está toda danifica pela péssima qualidade de serviços que a mesma vem realizando. Se você sair nas ruas e avenidas poderá perceber que a maior parte dos buracos estão relacionados a substituição de mangueiras e tubulação. É só olhar no alinhamento dos hidrômetros que tem danificação. Temos inúmeros caso de acidentes ocasionado pela a demora na conclusão do serviço, sem falar que pagamos uma taxa exorbitante do serviço de esgoto se nossa cidade”, disse Caixeta.
Mutuca
Outro problema envolvendo o esgoto de Gurupi encontra-se na bacia do córrego Mutuca que possuiu vários comércios e fica próximo a Casa de Prisão Provisória de Gurupi que depositam o esgoto no leito córrego, conforme já foi noticiado por várias veste pelo Portal Atitude.
Em entrevista ao Portal Atitude no mês de março de 2015 , o então gerente regional da concessionária afirmou que na parte da bacia do córrego Mutuca seria implantado uma rede tronco para receber esgoto de outras redes que sairá da região do Supermercado Beira Rio no Parque Mutuca e seguiria até o Centro Administrativo da Prefeitura de Gurupi, localizado às margens da BR-153. “Nossas equipes de topografia e jurídica estão fazendo levantamento das áreas que vão passar a tubulação principal que interceptará o esgoto e vamos fazer toda desapropriação, indenizações e depois iniciaremos estas obras”, explicou o gerente.
O que diz a empresa:
De acordo com o responsável operacional pela BRK em Gurupi, Frederico Hupsel, a BRK Ambiental ainda não conseguiu liberação da licença ambiental para ampliar o sistema coletor de esgoto na córrego Mutuca e de ampliação da estação de tratamento de esgoto para receber a demanda da região que envolve se mil ligações. “Está em tramite de licenciamento ambiental com muitos órgão envolvidos e nós ficamos meio com as mãos atadas aguardando o processos desenrolar. Nós temos o otimismo que este processo ambiental se equacione em 2019”, disse.
“A região do Mutuca é a região mais tensa, mas temos problemas não só na estação de tratamento que tem que ser licenciada para poder receber este esgoto como tem o coletor desta região que precisa de licenciamento ambiental e estes dois processos estão em tramite na nossa ossada de gestão e temos tentado pressionar este órgãos”, explicou o representante da BRK em Gurupi.
Tubulações estourada
Frederico Hupsel justificou que as tubulações da rede de água de Gurupi são muito antiga e garantiu que até 2020 todas serão substituídas.
“As tubulações da cidade de Gurupi são muito antigas e foram feitas com um material chamado cimento amianto (CA). Estamos neste processo de substituição desde o ano 2018 e já substituímos na Avenida Paraná, agora estamos na Avenida Goiás e temos um plano de até 2020 concluir toda substituição deste material mais antigo já que fez 30 anos”, disse.
Pavimentação asfáltica prejudicada
O responsável operacional pela BRK em Gurupi, defendeu que o material usada para recuperar o asfalto prejudicado com os rompimentos das tubulações é o mesmo da composição original e que mesmo substituindo as tubulações, os vazamentos vão continuar.
“Da nossa parte temos tentado diminuir esta quantidade de vazamento e o que comprova isso é a substituição de tubulações que foi investidos mais de R$ 2 milhões e não está ao nosso alcance fazer com que deixe de acontecer os vazamentos. O que fazemos e tentar recompor o pavimento da melhor maneira possível dando a ele característica do pavimento original e tentamos dar características técnicas ao pavimentos com compactação, o asfalto ser o mesmo, mas esteticamente é impossível o pavimento adquirir a mesma coloração do pavimento original”, disse.
Qualidade do asfalto
Ainda sobre a qualidade do asfalto a reportagem do Portal Atitude questionou o representante da BRK sobre vários casos em que a pavimentação ficou comprometida depois dos remendos da BRK em Ruas e Avenidas da cidade.
“O pavimento de recuperação fica um pouquinho mais alto para quando for liberado o tráfego naquela área com o decorrer do tempo ele possa adquirir o mesmo nível do pavimento anterior. No caso da Avenida Paraná, especificamente, é um caso atípico e temos avaliado a possibilidade de fazer intervenção na composição original e para isso a BRK estamos estudando, inclusive com o poder público e temos avaliado com uma equipe técnica sobre esta possibilidade”, explicou.
No entanto, a reportagem do Portal Atitude tornou questionar sobre as situações em que o remendo asfáltico fica côncavo em vez de convexo, como defendeu o entrevistado e com isso acaba permitindo infiltrações e abertura de novos buracos.
“Isso não era para acontecer e se tiver esta situação nós temos nossos fiscais que estão falhando neste trabalho, mas o próprio consumidor ou imprensa pode ficar a vontade de nos informar os locais que vamos fazer”, disse.
Celeridade e aviso dos transtornos à comunidade
De acordo com o representante da BRK Ambiental seria impossível fazer obras de saneamento sem ter impacto e, apesar do Conselho Municipal de Saneamento Básico de Gurupi afirmar falta de uma plano de comunicação, o responsável pela empresa em Gurupi garantiu à reportagem que ele existe.
“Não tem como fazer este tipo de obra sem ter impacto para o cliente e neste percepção a gente tenta de toda maneira informar o início da obra para o cliente, principalmente levando para ele os benefícios que estas obras vão gerar para eles. Temos um plano de comunicação avisando, mas durante a execução da obra é muito difícil que este cliente não tenha um transtorno. Por isso tentamos fazer um Plano de Comunicação bem elaborado e fazemos o porta a porta”, disse.
Contudo, a reportagem voltou a intervir questionando que, conforme os entrevistados pelo Portal Atitude, a comunicação não alcança as residências e comércios que ficam sem água por várias horas, a exemplo da parte central da cidade.
“A gente passou carro de som na Avenida Goiás e todos os comércios foram visitados e temos registro disso que entregamos um comunicado sobre os inicios das obras e temos evidências disso”, disse.
Conversas com os comerciantes
O representante da BRK Ambiental disse que as interdições da Avenida Goiás estão sendo feitas para substituição de toda tubulação e que todos os comerciantes são avisados e em comum acordo é deixado uma área livre para tráfego de pedestre e veículos. Porém, ele garantiu que antes das obras iniciarem é negociado com os comerciantes e recebe apoio dos fiscais de trânsito municipal.
“Tem duas situações na Avenida Goiás onde acontece vazamento que não conseguimos prever o local que vai acontecer, mas, quando ocorre o cliente nos avisa ou alguém da nossa equipe visualiza e a gente atua que é um trabalho que leva de 24hs a 48hs para resolver o problema que tem uma situação muito grande e necessita de um trabalho mais complexo. Além disso na própria Avenida Goiás tem um trabalho de substituição das tubulações e estamos implantando uma nova e vamos desativar a antiga e este trabalho o impacto para o cliente fica na questão do trânsito e sujeira, mas não por falta de água”, disse.
Esgoto nos setores Aeroporto e Vila Nova
Os problemas ocorridos com a expansão da rede de esgoto na parte norte da cidade também foi questionado ao representante da BRK, conforme disse o comerciante Douglas Campos que possui uma farmácia na Rua Aeroporto do setor Vila Nova.
Segundo Frederico Hupsel no momento 10 bairros da cidades estão sendo impactados por obras de redes de esgoto que durante as escavações acontecem rompimentos de tubulações de água devido a falta de atualização dos cadastro técnicos que não são fidedignos.
“O nosso cadastro técnico não está 100% atualizado e não é 100% fidedignos e estamos sujeitos em algum ou outro caso e não é genérico durante as escavações a gente encontrar tubulações de água, mas a recuperação do abastecimento de água é rápido. Esta reclamação específica [de Douglas Campos] não chegou para gente e estou sabendo através de vocês agora. A empresa que foi contratada tem o compromisso de que no final do dia ela deve fazer a varredura e depois lavar e talvez algumas falhas do nosso procedimento técnico esteja permitindo que esta lavagem não esteja acontecendo”, pontuou o representante da BRK.