O objetivo, segundo as empresárias da casa, Viviane Tenório e Lorena Noleto, é fazer daquele espaço comercial também um ponto de cultura, promovendo a aproximação entre a sua clientela e os produtores de conhecimento, por meio da presença de escritores, poetas, jornalistas, historiadores e outros pensadores modernos, buscando promover e fortalecer a identidade cultural do próprio povo tocantinensse.
Nonô Noleto já escreveu três livros: Alice, Araguacema e Cassununga – Meus Três Amores, que escreveu a quatro mãos, junto com o seu pai – Louracy Crisóstomo Noleto -, que narra histórias reais ocorridas nos sertões de Goiás, Tocantins e Mato Grosso, nos meados de 1.900; O Moço da Camisa Azul, que fala sobre o seu trabalho de assessoria de imprensa ao então deputado federal Marconi Perillo, quando candidato ao Governo do Estado de Goiás pela primeira vez; e Flores no Quintal – Memórias de Sonhos e de Lutas, onde conta, com um viés feminino, o seu cotidiano de menina pobre em busca de uma auto-afirmação; o encontro com o seu grande amor, o jornalista e ex-preso político Wilmar Alves, e a longa caminhada dos dois, com muitas lutas e sonhos, fazendo uma inserção na história política do Brasil à época da ditadura militar.
Nonô Noleto, nascida no Mato Grosso e criada em Goiás, sempre teve uma relação familiar e profissional com o Tocantins, em especial com as cidades de Araguacema, onde nasceu seu pai e onde ainda moram familiares, e Palmas, onde a jornalista já trabalhou na coordenação executiva de quatro campanhas majoritárias. Agora, em Flores no Quintal, ela fala várias vezes de Araguacema, reproduz a letra da música Araguacema, de José Wilson Leite, que virou hino da cidade e de sua família; mostra foto do rio Araguaia e conta histórias que vivenciou no então Norte de Goiás, com viagens pela Belém-Brasília, na época da poeira e lama, completamente alheia aos enfrentamentos entre policiais do Exército e jovens guerrilheiros, bem perto dali, no episódio depois denominado Guerrilha do Araguaia.
Formada em Jornalismo pela UFG, ainda em 1972, Nonô Noleto trabalhou nos maiores veículos de comunicação do país, tendo passagem registrada nos jornais goianos O Popular, Cinco de Março e no extinto Folha de Goyaz. Por mais de cinco anos trabalhou como correspondente em Goiás e no Tocantins do jornal O Estado de São Paulo, cobriu a Assembléia Constituinte de 1988 para a Folha de São Paulo e Correio Braziliense; foi produtora, editora, diretora de jornalismo e diretora geral da TV e Rádios Brasil Central; e fez diversas assessorias de imprensa e coordenação de propaganda de várias campanhas políticas, em Goiás e em Palmas.
Depois da perda do marido, há nove anos, Laurenice Noleto se aposentou no Jornalismo, virou artesã-licoreira. Junto com uma irmã, a culinarista Letice Noleto, produzem licores com sabor de frutos do Cerrado e os vendem na Feira do Cerrado, nas manhãs de domingo, em Goiânia. E, administrando melhor a ressaca emocional da perda do seu amor-companheiro, ela diz que sentiu necessidade de escrever sobre esse relacionamento, como se fosse uma terapia: “Senti uma enorme necessidade de escrever as nossas histórias, para que os jovens de hoje e principalmente as minhas netas soubessem que o avô delas, Wilmar Alves – que foi um jornalista de primeira grandeza -, esteve por cinco vezes preso e foi cruelmente torturado, junto com mais um monte de outros jovens de todo o país, nos porões da ditadura militar. Nossa juventude precisa saber – até mesmo para dar mais valor – o quanto custou a toda uma geração de jovens dos anos 60/70 a democracia que agora todos nós desfrutamos”, afirma.
E, nos dois últimos anos, a jornalista dedicou-se, também, a militar politicamente, trabalhando na Comissão da Verdade, Memória e Justiça do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, da qual é secretária. “O desconhecimento do passado – explica Nonô Noleto – permite que jovens de hoje saiam às ruas pedindo o retorno da Ditadura. Isso é um absurdo! Eu acredito ser preciso conhecer a história, para evitar que se repitam os mesmos erros do passado, não se ande pra trás, mas que se caminhe pra frente, procurando ajudar no aprofundamento da democracia. Ditadura, nunca mais!”
O Café da Manhã com Literatura está marcado para ter início às 09h00, com a apresentação da jornalista Laurenice Noleto Alves e uma fala dela sobre o livro “Flores no Quintal”, seguindo-se uma sessão de autógrafos, com serviços de café e bolos produzidos pela Oficina de Bolos e Pudins. A casa fica na 104 Norte, NE 11, Nº 17, Sala 04 (atrás da Celtins e do Hotel Araguaia).