Um grupo de criadores de cavalos da região Sul do Tocantins estiveram reunidos na noite desta terça-feira, 21, na Chácara Futrica em defesa da liberação de eventos como vaquejadas e provas de laços e de tambor monitorado pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec). “Não faz sentido a gente ter um cavalo bem cuidado com exame negativo de Mormo e não poder participar de eventos fechados”, reclama Pedro Chaves.
Durante a reunião foi montado uma estratégia para recorrer da decisão judicial que impede o transporte e esportes envolvendo eqüídeos, dentre eles vaquejadas e provas de laço e de tambor.
“A ADAPEC está muito severa nas decisões, condenando cavalos sem deixar os criadores fazer uma contra-prova, não deu previsão para liberar os eventos. Então, não faz sentido a gente ter um cavalo bem cuidado com exame negativo e não poder participar de eventos fechados que são fáceis de controlar. Se controlam a anemia infecciosa, porque não controlam se os cavalos têm Mormo?”, questionou o técnico Agropecuário e criador de cavalos, Pedro Chaves.
De acordo com Pedro Chaves os animais que os criadores trabalham são de elite com preços que variam de R$ 10 mil a R$ 600 mil.
“Todos os nossos animais estão com exames e, inclusive, é de interesse nosso fazer o exame para termos a certeza de não haver contaminação. O caminho agora é tentar derrubar a liminar na justiça, já que a ADAPEC está um pouco irredutível”, disse.
O prejuízo econômico também foi lembrado pelos criadores de cavalo. O locutor de vaquejadas, Jodvan Amaral disse que a interdição prejudica o comércio que atua no segmento e a mão de obra, pois segundo ele muitos peões ficaram sem oportunidade de trabalho.
“Estou sendo prejudicado tanto como locutor como criador. Porque se eu vender um cavalo não poderei entregá-lo e o custo mensal de um cavalo de competição é muito alto. Eu preciso trabalhar e, para fazer uma vaquejada exige muitos vaqueiros da região, mas está tudo bloqueado”, disse.
Em seguida ele completou: “Somos a favor da fiscalização nos eventos fechados e queremos ajudar a ADAPEC, mas não podemos ser prejudicados porque hoje não podemos transportar nossos cavalos, mesmo com exames. Tenho como o exemplo no estado da Bahia onde até os carroceiros são obrigados a carregar os exames de Anemia, Mormo e Influenza. São conhecimento s que já temos e queremos que fiscalize; mas, não nos prejudique porque tem como eles fiscalizar”, defendeu.
No final da reunião o grupo anunciou que irá contratar um advogado e buscar novo parecer técnico junto com o Conselho Regional de Veterinária e se possível propor um Termo de Ajuste e Conduta no sentido de reverter a liminar.
No início deste mês a promotora de Justiça Maria Juliana Naves Dias do Carmo, afirmou que o Ministério Público vem acompanhando os casos de Mormo desde o início do ano e citou que a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec) não teria condições estruturais de realizar fiscalização de todos os animais. Diante disso, a Promotora de Justiça decidiu ajuizar a Ação Civil Pública no sentido de prevenir a disseminação da zoonose em eventos como cavalgadas e vaquejadas, até que a Adapec certificasse a região como zona livre de Mormo.
“Ficou claro que as autoridades sanitárias não têm recursos humanos e estruturais para fiscalizar os eventos realizados em várias propriedades, havendo sério e concreto risco de disseminação da grave zoonose”, considerou a promotora.