Por Paulo Albuquerque
Emerson Leitão Filho tem 58 anos e nasceu em Alto Parnaiba – MA. A família mudou-se para Gurupi quando ele tinha apenas quatro anos. Autodidata, Emerson começou a esculpir madeira aos 10 anos. Antes disso, rabiscava os cadernos da escola com desenhos. Na juventude iniciou no teatro e conheceu a argila. Mais tarde fez os primeiros contatos com a tornearia artesanal em madeira, construiu seu próprio torno e passou a desenvolver, também, trabalhos com essa técnica. Mais recentemente iniciou-se na escultura em pedra sabão.
![felipe_quatro-1024x767 Emerson Leitão Filho e a arte de trabalhar com micro-tornearia felipe_quatro-1024x767 Emerson Leitão Filho e a arte de trabalhar com micro-tornearia](http://www.atitudeto.com.br/wp-content/uploads/2021/11/felipe_quatro-1024x767.jpg)
Emerson, com a pandemia, assim como a maioria dos brasileiros que trabalham por conta própria, teve de adaptar-se para manter as atividades. Os editais da Lei Aldir Blanc trouxeram a Emerson uma ótima oportunidade. O artista teve a ideia de socializar suas experiências com o torno. O Projeto denominado de Curso de Micro-Tornearia foi contemplado pelo Prêmio Emergencial do Tocantins – artesanato, do Governo do Estado do Tocantins, com o apoio do Governo Federal, Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Fundo Nacional de Cultura.
A estratégia do curso de Emerson Leitão foi a de disponibilizar os conteúdos em canal no Youtube. Os vídeos que repassam todas as técnicas de produção são elaborados no atelier do artista.
![torno_um-1024x768 Emerson Leitão Filho e a arte de trabalhar com micro-tornearia torno_um-1024x768 Emerson Leitão Filho e a arte de trabalhar com micro-tornearia](http://www.atitudeto.com.br/wp-content/uploads/2021/11/torno_um-1024x768.jpg)
“Atendemos nesta modalidade cinco pessoas, que receberam um torno idealizado no meu atelier. Este equipamento é utilizado para tornear pequenos objetos, utilitários e decorativos”, disse o artista-professor.
Desde fevereiro
As atividades do Projeto de Micro-Tornearia iniciaram no mês de fevereiro deste ano com os preparativos, a confecção dos tornos e a aquisição e preparação das madeiras. O curso teve início pra valer no dia 14 de maio com o primeiro vídeo postado no YouTube. O projeto termina dia 31 de dezembro. “O projeto se encerra, mas as atividades, os vídeos difundindo as técnicas e criações permanecerão no YouTube, no canal Atelier Pau e Pedra”, assegura Emerson Leitão.
Para o fim desta etapa do curso, Emerson está organizando uma exposição virtual das peças produzidas pelos alunos e por ele mesmo. “O Atelier nunca produziu tanto; foi um ano de muita criação, o que demonstra a grande importância do apoio governamental para a arte”, disse o professor. “O Atelier corria sério risco de fechar as portas por causa da pandemia, e o projeto foi fundamental para assegurar a continuidade das atividades”, assegura. Com os recursos da Lei Aldir Blanc, Emerson conseguiu reestruturar seu atelier com equipamentos e ferramentas.
Para o artista, o apoio que recebeu para realizar este projeto deu-lhe novo ânimo. “Foi um estímulo importante. Durante toda minha vida fui envolvido pelas artes. Essas atividades que desenvolvo me são inatas, mas aprendi muitas técnicas e agora tive a oportunidade de dividir.
O meu dia a dia está em minhas obras, é a forma como vejo o mundo, as expressões humanas, os dilemas e reflexões que faço e enfrento”, observa Emerson Leitão.
A experiência com as oficinas durante a pandemia foi um enorme aprendizado para Emerson. Se por um lado as aulas remotas são limitantes por não haver o contato humano, por outro lado o alcance foi ampliado, pois as videoaulas puderam ser acessadas por um número maior de pessoas, sendo assim atendido o objetivo de difundir a arte da escultura e tornearia em madeira e suas técnicas. Até este mês de novembro as aulas tiveram em torno de 4 mil visualizações.
Felipe, 70 anos, animadíssimo
Felipe Souza Veras, 70, anos, foi servidor público da educação. Ele trabalhou praticamente a vida toda em Gurupi, e esteve também em Palmas realizando projetos sociais com instrumentos de percussão. Aposentado, seu hobbie hoje é o artesanato. “O Emerson é amigo de longa data e me convenceu a fazer esse curso para ampliar meus horizontes a partir da micro-tornearia”, disse Felipe. “Aposentado não pode ficar parado, tem sempre algo a mais para oferecer”, brinca.
Para este veterano do artesanato, o uso do torno está sendo essencial na nova fase de produção. Ele está fazendo peças pequenas, tais como abridores de garrafas, chaveiros e canetas, entre outras que ainda estão sendo experimentadas. Felipe já possuia grande habilidade para construir peças de decoração ou suportes para fruteiras utilizando a capa do cacho de cocos da palmeira Inajá, que além de utilitária é uma bela peça para ornamentar cozinhas.
“Estou fazendo algumas peças pequenas para desenvolver a técnica, mas outras já estou comercializando, por exemplo o prendedor de cabelo e a caneta. Estas já têm boa saída”, diz Felipe. Para vender as peças, o artesão tem utilizado as redes sociais. Ele faz fotos e envia para os amigos, que acabam repassando para outras pessoas. O próximo passo, segundo Felipe, é participar de exposições e vender o artesanato nas feiras.