Queijo aromatizado com vinho tinto, criação de bactérias para combater as pragas nas lavouras sem a necessidade de agrotóxico, criação de cervejas com frutos do cerrado, produção de biodiesel de óleos alimentares coletados em restaurantes de Gurupi e utilização de bactérias para aumentar a produtividade, melhorar a eficiência na ração do tambaqui e debates sobre patentes e divulgações destas pesquisas científicas serão algumas atrações apresentadas no I Congresso de Biotecnologia do Tocantins no Campus da UFT de Gurupi. O evento acontecerá no Campus da UFT no período de 06 ao dia 09 de novembro.
por Wesley Silas
A ciência e a tecnologia são fundamentais no desenvolvimento econômico e social de qualquer povo e, em Gurupi, as instituições de pesquisas como a Unirg, IFTO e UFT a cada ano estão mais plugadas na inovação empreendedora promovida por meio do conhecimento científico com criação de produtos capazes de gerar riquezas econômicas e transformar a realidade social da região.
“Muitos materiais (pesquisas) feitos acabam sendo guardados porque não tem uma empresas para investir ou produzir aqui e comercializar. A universidade poderia lucrar, por exemplo, com um queijo que foi bem aceito e a ideia é vender a patente, produzir e arrecadar dinheiro para a Universidade que é uma das melhores do Estado diante tantos produtos produzidos aqui, mas que falta ser mais visibilizados”, defende o pesquisador, professor e mestrando no curso de Biotecnologia, Mágno de Oliveira. Durante o I Congresso de Biotecnologia do Tocantins ele vai ser um dos palestrantes e ministrar curso de Mídias Digitais para a Produção de Artigos Científicos.
A professora Talita Pereira de Souza Ferreira, que é Doutora em Biotecnologia, explica que a biotecnologia representa inovar e ampliar técnicas para o estudo da vida e o Congresso será uma oportunidade de obter novos conhecimentos por meio de vários palestrantes de diversas partes do País.
“Neste sentido estamos promovendo este Congresso que será um evento com foco na profissão da pessoa que se forma em Biotecnologia ou gostaria de trabalhar nesta área no perfil do estudante que sai da universidade e que o mesmo pode fazer para contribuir com a sociedade, como ser bem sucedido em sua carreira. Neste congresso teremos muitas palestras interessantes onde os participantes poderão aprender um pouco mais sobre biotecnologia, seja no estudo de vacinas, de Organismos Geneticamente Modificados, no estudo de sequenciamento de DNA, como a bioinformática, estudo de alimentos fermentados como a produção de cerveja e várias outras áreas”, explica a professora.
Depoimentos
A reportagem do Portal Atitude ouviu alguns depoimentos de mestrandos no curso de Biotecnologia do Campus da UFT que aproveitarão o Congresso de Biotecnologia para mostrar e trocar experiências nas pesquisas que estão sendo desenvolvidas.
Dentre eles a mestranda, Layna Pires Rosa, que está desenvolvendo um Queijo de Minas padrão, aromatizado com vinho tinto.
“Já começamos a produzir o queijo e já está em laboratório e na fase de teste porque temos dois meios de processamentos, tanto no vinho no leite como o queijo pronto imerso no vinho para a gente ver a aceitação dele no mercado para podermos vender a ideia às empresas”, disse Layana.
Ele explica que também serão apresentadas pesquisas que estão sendo sendo feitas de vinhos da cagaita, cervejas do extraída do buriti, outras pesquisas que utilizam a macaúba e plantas medicinais do cerrado na parte microbiana.
O professor Mágno de Oliveira, que também é mestrando no curso de Biotecnologia explica que no Campus da UFT de Gurupi pesquisadores já conseguiram desenvolver bactérias que servem para combater as pragas nas lavouras sem a necessidade de agrotóxico e cervejas exóticas do frutos do cerrado, mas a falta de divulgação atrapalha na comercialização dos produtos.
“Temos várias cervejas sendo produzidas aqui e há empresas nacionais e internacionais que possuem interesses, mas não há divulgação do nosso material e acaba dentro da gaveta e fica preso dentro da universidade. Todos perdem com isso porque poderia ser uma fonte de renda para o Estado, para o município e para a Universidade.
Ele cita casos de sucessos como que acontece na Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais que produz alimentos, patenteia e comercializa, dentro e fora do País.
“Por exemplo aqui não temos nenhuma indústria de cerveja e hoje temos quatro cervejas sendo produzidas aqui por alunos de graduação e de mestrados. Aqui não tem nenhuma empresa para mostrarmos o produto e levar para outro Estado é complicado e somos obrigados a usarmos intermediários e isso fica complicado. Enquanto isso, existem muitas empresas internacionais como as canadenses e australianas que têm interesses em produtos exóticos brasileiros e para produzir lá fica muito caro”, disse.
Biodiesel de óleo de soja utilizados em restaurantes
A professora do curso de Engenharia Florestal e mestranda em Biotecnologia, Cristina Almeida da Silva, trabalha com a produção de biodiesel de resíduos de óleos alimentares coletados em restaurantes de Gurupi. Ela retira a parte contaminada e transforma em valor de produtos agregados para ser comercializados.
“Eu faço as caracterizações destes produtos para ver se eles estão de acordo com as especificações da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP). Além disso a gente purifica a glicerina que é utilizada na formação de sabão de modo que 100% do nosso produto usado na cadeia de produção seja aproveitado. Então, já conseguimos produzir, caracterizar e hoje vamos reproduzir estes ensaios nos motores a diesel aqui no Campus”, explica.
Ração para piscicultura
Formada em Engenharia de Pesca para Universidade Federal de Alagoas, a mestranda Valéria Lima, está desenvolvendo uma proposta para a piscicultura no intuído de aumentar a produtividade e melhorar a eficiência na ração dos peixes.
“A nossa intenção é utilizar uma bactéria Ácido-Láticas isolada do intestino do Tambaqui. Vamos inocular esta bactéria na alimentação (ração) e testar sua eficiência para suprimir os efeitos que são causados pelos stress constantes na piscicultura devido o manuseio excessivo que é responsável pelo retardamento do crescimento do peixe e muitas vezes abre portas para alguns parasitas que estão presentes e causam doenças que podem gerar a mortalidade. Está bactéria é natural e não tem nenhuma contraindicação porque faz parte da flora intestinal do peixe e inoculada na ração ela vai aumentar a flora intestinal e melhorar a eficiência alimentar”, explica a pesquisadora que adiantou que a bactéria já foi testada em laboratório e a sua intenção é testar em campo.
Confira aqui o link das inscrições do I Congresso de Biotecnologia do Tocantins no Campus da UFT de Gurupi.