Por Gil Correia
Dois casos de racismo aconteceram no futebol tocantinense na semana passada. Um foi denunciado. O outro ocultado. O primeiro aconteceu na partida entre Gurupi x Interporto, 24 de março, quando um tresloucado cidadão, se é que ser assim chamado, totalmente transtornado, ofendeu o treinador Luis Carlos, chamando-o de macaco, além de chamar os jogadores de vagabundos, entre outros adjetivos.
Este ficou ocultado. Não foi relatado para o árbitro Luciano Santos e nem pelo quarto árbitro, João Sales, que pela geografia do estádio, fica sempre entre os dois bancos de reserva destinados aos clubes. E o alambrado fica nas costas dos jogadores e comissão técnica, a menos de dois metros de distância.
Porque não foi relatado não se sabe, mas o que se sabe é que esse cidadão, conhecido por todos é um empresário, que vive pacatamente todos os dias da semana, em seu escritório, na sua loja, vendendo seus produtos.
![Racismo-1-300x200 Racismo em nome da emoção Racismo-1-300x200 Racismo em nome da emoção](http://www.atitudeto.com.br/wp-content/uploads/2015/04/Racismo-1-300x200.jpg)
Mas que se transforma, como se possuído estivesse, quando adentra ao estádio de futebol, transformando-se na pior espécie de ser humano. Tira a capa de cidadão e entra o agitador, encrenqueiro, desagregador, cheio de razão, dono da verdade, que fica a destilar suas decepções e neuras, seus fracassos diários e a falta de mansidão e paz de espírito em outros trabalhadores, que estão fazendo suas atividades, que nem sempre agrada ao “pacato cidadão”. Sem contar a motivação alcoólica, vendida livremente nos estádios.
Claro que o futebol, e, especialmente o futebol, tem essa peculiaridade. De fazer com que as paixões aflorem e muitas situações envolvam brigas, confusões generalizadas em nome dessa paixão, que acontece em todo o Brasil e pelo mundo. Mas não se pode compactuar com isso, de forma alguma.
Acima do resultado, está o ser humano. Acima da vitória ou derrota, está o trabalhador, seja ele do elenco de jogadores ou da comissão técnica, que estão defendendo seu pão de cada dia, como todo e qualquer brasileiro. E que precisa ser respeitado. Criticas são permitidas, mas ofensas, não. Ainda mais ofensas raciais.
Não foi relatado, mas que fique o alerta. O Grêmio de Porto Alegre foi eliminado de uma competição nacional no ano passado, justamente pela confusão envolvendo o goleiro Aranha, quando jogava pelo Santos, que foi “elogiado” com o termo macaco pela torcida gremista.
O lateral Alberto, do Interporto, também recebeu os mesmos “elogios” na partida do seu time contra o Guaraí, de um grupo de ditos cidadãos imbecilizados, travestidos de torcedores, quando ia cobrar um lateral pelo lado das arquibancadas.
Em Guaraí, foi denunciado e relatado na súmula, embora o autor ou autores não tenham sido identificados, mesmo com a presença policial no local. O tribunal de justiça desportiva tocantinense deve tomar medidas severas e punir com rigor, para que não se repita e sirva de alerta para outros clubes, visando coibir essas atitudes. Até porque com ações desse nível e com torcedores desse quilate, o futebol tocantinense não vai crescer, pela conivência e descaso com a gestão e profissionalização do nosso esporte. Mas aí é outra conversa.