O mercado de produtos orgânicos, ou seja, produzidos sem agrotóxicos ou adubos químicos e com a preocupação de preservar o meio ambiente, vem crescendo em todo o mundo e o Brasil segue essa tendência.
Segundo a FAO, o mercado mundial de produtos orgânicos crescerá 20 vezes, até 2005, atingindo a cifra de US$ 100 bilhões. No Brasil, conforme dados da FIPE (SP), a taxa de crescimento interna do setor é de 20% ao ano e o valor da produção orgânica em 1999 foi estimado em US$ 150 milhões.
Alguns estados brasileiros oferecem diversos programas de financiamento aos agricultores familiares, no âmbito do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário).No estado de São Paulo, o benefício não fica restrito aos pequenos produtores, abrangendo também aqueles interessados em reduzir a utilização de insumos químicos e estimular uma produção agrícola mais sustentável (no caso, orgânica).
A coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura, Sylvia Wachsner, aprovou a medida. “O Feap/Banagro conta com diversos programas de financiamento destinados à conversão ou transição da agricultura convencional para a agroecologia e à produção orgânica. Outro aspecto interessante é que os itens financiáveis incluem a aquisição de equipamentos e insumos destinados à transição agroecológica e à modernização da produção. Para os produtores rurais, o acesso a esse financiamento, em longo prazo, com quatro anos de carência, é muito importante. Permite produzir com maior tecnologia e contar com ferramentas que permitam ultrapassar a curva de crescimento ou ajuste produtivo, durante a etapa de conversão”.
Para André Rorato diretor comercial da Lstractor, “a iniciativa é um exemploque os produtores estão buscando tecnologias e alternativas e a indústria de tratores precisa acompanhar esta tendência e atender a demanda”. Ele salientou citando como exemplos as feiras municipais “que continuam a se multiplicar em diversos estados” e o crescimento de espaços no varejo e nas lojas especializadas. “As pessoas desejam consumir alimentos orgânicos e agroecológicos, e estão cada vez mais interessadas na produção local”, destacou.
TENDÊNCIA
Além disso, o gerente de desenvolvimento de produtos da Ipacol, empresa pioneiro de implementos para reaproveitamento de Carlos A. Antoniolli, diz que os produtores convencionais brasileiros estão começando a se adaptar às práticas agroecológicas para obter uma agricultura mais sustentável.
“Numa prática de controle biológico, certificada para uso na agricultura orgânica, por exemplo, têm sido bons os resultados no combate à Helicoverpa armiguera da soja. Esperamos que outros exemplos de técnicas agrícolas sustentáveis continuem a ser implementadas na agricultura convencional. Com isso, poderemos contar com uma produção agrícola brasileira que utilize menos insumos químicos, e que ajude na preservação dos recursos naturais e na emissão de gases de efeito estufa”, concluiu.
Roberto Torres é o responsável pela gerência técnica e de negócios da produção, da unidade de negócios rurais e agroindustriais do Banco do Brasil, explica, que o BB agricultura orgânica é um instrumento diferenciado de apoio e financiamento à agricultura orgânica, que permite assistência creditícia ampla e imediata aos produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, nas linhas de crédito rural existentes, respeitando as exigências e peculiaridades do segmento, baseadas na certificação da qualidade orgânica do produto, fornecida por certificadoras reconhecidamente idôneas.
Diferentemente do que se pensava e do que se praticou antigamente, a produção orgânica representa, hoje, um modelo viável de agropecuária, baseado em novas tecnologias, que atendem aos princípios de produtividade, rentabilidade e qualidade. (Valeria Vilela, com informações do MDA,Feap/Banagro,da FIPE (SP), e FAO).