A Casa de Apoio Vera Lúcia Pagani é um espaço ofertado pelo Governo do Tocantins a acompanhantes e pacientes internados nos hospitais públicos de Palmas
Cláudio Duarte
Hilário Mamede da Silva, 42 anos, tocantinense de Araguaína, veio à capital acompanhando seu irmão que está em tratamento há mais de 35 dias no Hospital Geral de Palmas (HGP). Ele esperava voltar à sua cidade logo no outro dia, mas assim que chegou soube que teria que ficar mais tempo. Estava com pouco dinheiro e não tinha onde dormir e fazer as refeições. Foi a enfermeira do hospital que falou a ele sobre a Casa de Apoio.
Hilário vai ao HGP todos os dias, conversa com o médico de plantão e retorna para a Casa de Apoio, onde está hospedado; lá, enquanto aguarda que a saúde de seu irmão se restabeleça, ele faz as principais refeições e pode descansar em uma cama disponível para seu uso, no quarto que divide com outros hóspedes, tudo integralmente gratuito.
A Casa de Apoio Vera Lúcia Pagani é um espaço ofertado pelo Governo do Tocantins a acompanhantes e pacientes internados nos hospitais públicos de Palmas; vinculada à Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), foi entregue à população em 18 de abril de 2006, e desde então já hospedou mais de 230 mil pessoas vindas dos 139 municípios tocantinenses e também de outros estados, como Bahia, Maranhão, Pará, Piauí, Mato Grosso e até do Rio Grande do Sul. Somente de janeiro a junho deste ano o número de pessoas atendidas já chega a 10.128 mil.
Moradora de Almas, Lizete Rodrigues, agora com 52 anos, lembra quando se hospedou pela primeira vez. “Em 2017 passei pelo pior momento da minha vida e fui muito bem acolhida na Casa de Apoio. Na época fiquei 45 dias aqui e agora precisei retornar; mas viajei tranquila, pois sabia que tinha um lugar para ficar”, pontuou.
A cerca de 200 metros do HGP, a Casa atende diariamente entre 60 e 80 pessoas fornecendo as principais refeições e hospedagem; atualmente tem 96 leitos equipados com beliches, além de cozinha, refeitório, brinquedoteca, sala interdisciplinar, área de convivência e capela.
O gestor da Setas, Messias Araújo, pontuou que a Casa de Apoio fornece alimentação, mas principalmente proporciona segurança, conforto, e proximidade dos parentes em tratamento. “Aqueles que procuram a Casa de Apoio, os fazem por necessidade. Ter um local próximo e seguro para descansar e fazer as refeições possibilita encarar esse momento de fragilidade com mais confiança, e sem se sentir abandonado”, ressaltou o secretário.
Moradora de Tupirama, Ana Maria Rodrigues Lopes, 57 anos, está acompanhando seu esposo há quase 20 dias e também está hospedada na Casa. “A Casa de Apoio caiu do céu. Aqui somos bem tratados e as pessoas procuram colaborar no que podem”, afirmou ela, lembrando que não teria outro lugar para ficar.
A diretora da Casa de Apoio, Elizângela Sardinha, disse que seu esforço é em proporcionar um atendimento humanizado a todos os hóspedes. “Todos aqui têm carências. Precisamos ser multifuncionais; ter tempo para ouvi-los, e quando for necessário deixá-los à vontade para que tenham tempo de absorverem as informações dos familiares que nem sempre são tão boas”, afirmou ela.
Para amenizar o impacto das notícias desagradáveis a Casa de Apoio promove aos pacientes e acompanhantes suporte emocional, por meio de escuta qualificada, palestras, conversas em grupo e individual, momentos de orações, além de eventos especiais nos dias festivos. Também é comum que parceiros voluntários promovam ações culturais e encontros que transmitam afeto e carinho aos hóspedes.
Ações voluntárias
A Casa de Apoio também recebe doações e ações voluntárias de amparo emocional e espiritual para seus hóspedes. Algumas das necessidades constantes dos usuários são roupas, calçados fechados (exigência dos hospitais), itens de higiene pessoal, e alimentação complementar. Os interessados em conhecer a Casa e se tornarem parceiros podem entrar em contato pelo telefone (63) 3218-2465.