Em Gurupi, até esta segunda-feira, 08 de junho, 80 pessoas venceram o vírus e estão aos poucos, assim como todos, voltando à vida normal, se é que pode-se falar em vida normal, já que tudo está em constante adaptação.
Da Redação
O mundo vive o susto de uma nova doença, a Covid-19. Os pesquisadores estudam para tentar encontrar a vacina para esse mal. Todos tiveram que adaptar as rotinas para se protegerem e proteger aos que amam. Estar longe das pessoas em tempos de Coronavírus é o maior gesto de proteção e amor que alguém pode demonstrar ao próximo. O isolamento e distanciamento social são os maiores fatores para a não propagação do vírus. A pessoa diagnosticada com a Covid-19, necessita de isolamento total para não transmitir aos demais enquanto faz o tratamento.
vendedora Alessandra Pereira, de 33 anos, é uma das que venceu o coronavírus. Ela comenta que foi um susto e uma tristeza receber o diagnóstico de uma doença em que ainda não tem uma medicação cem por cento eficaz, que não tem vacina, e que todos os dias morrem centenas de pessoas. “É impossível não ter medo. Foi um baque. Fiz o teste, fui para casa, já fiquei isolada e até receber o resultado fiquei na esperança de dar negativo”, conta. Segundo ela, que não soube a origem da transmissão, uma das maiores dificuldades do processo de tratamento é ficar totalmente sem contato com as pessoas que ama. Ela que tem duas filhas, se separou delas por mais de 20 dias e diz que além do medo, ansiedade, teve que conviver com o distanciamento das pessoas que ama. Ela recebeu alta do tratamento, mas ainda não retornou ao trabalho. “A vida está voltando ao normal aos poucos”, relata.
Alessandra diz que nesse processo contou com atenção da equipe do Programa Saúde da Família (PSF). O acompanhamento, segundo ela, foi imprescindível para o reestabelecimento de sua saúde. “Todos os dias o pessoal da Vigilância Epidemiológica me ligava, para saber se estava precisando de algo, o pessoal da Unidade Básica de Saúde também diariamente me acompanhava. Teve um dia que me senti mal, o enfermeiro da UBS Parque das Acácias acionou o SAMU e fui levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e chegando lá toda equipe já estava me aguardando. Fui muito bem atendida durante todo o meu tratamento”, relatou.
O consultor de vendas Dinailton Mendonça, de 37 anos, também contraiu o vírus, superou a doença e já retomou ao trabalho. Relata que ao chegar de viagem no dia 30 de abril, sentiu uma forte dor de cabeça e febre. Sintomas que persistiram no dia seguinte e que o fez procurar o atendimento na Unidade de Pronto Atendimento. Realizou o teste, mas enquanto aguardava o resultado, os sintomas foram agravando e ele decidiu procurar um hospital particular em que ficou internado. Dinailton conta que tinha certeza que estava infectado pela Covid-19 e essa certeza o fez aceitar e entender que poderia se recuperar. Ele ficou quatro dias internado em estado moderado da doença.
Ao receber alta, foi para casa cumprir o isolamento. Ele conta que mais uma vez precisou ter um psicológico forte para entender a necessidade do isolamento e proteger as pessoas que ama, como a esposa que está grávida, a mãe e a sogra. “Quando pensamos que estamos com um vírus que podemos transmitir aos que amamos e o isolamento é uma maneira de protegê-los aceitamos bem essa mudança”.
O filho dele de 1 ano e 7 meses também teve a doença, mas com sintomas leves e foi acompanhado pela equipe da Unidade Básica de Saúde do setor Nova Fronteira. Ele relata que foi prestado ao filho uma assistência de excelência.
Quem também atravessou o isolamento domiciliar foi o caminhoneiro Félix Gama, de 60 anos. Ele estava em viagem para Marianópolis e já chegou a Gurupi com fortes sintomas o que o fez procurar a UPA para realizar o teste em que após 72 horas recebeu o resultado positivo. A família de Felix, providenciou uma casa para ele ficar isolado, local em que permaneceu por 14 dias, tendo contato com a família apenas por telefone. “Foi necessário eu ficar em outra casa, porque minha esposa é hipertensa e no dia que fiz o exame, minha filha ganhou minha netinha, então não seria bom eu ficar na mesma casa”, destaca. Ele recebeu alta do tratamento e também retornou ao trabalho. O caminhoneiro conta que redobrou os cuidados com a higiene e que a máscara e o álcool em gel são itens inseparáveis.
O médico da Unidade Básica de Saúde Rosendo Barbosa de Araújo (Centro), Rodrigo David Silva, destaca a importância do isolamento e distanciamento social para a quebra do contágio da doença. Ele explica que quando a pessoa suspeita ou confirmada entra em isolamento social diminui a transmissão do vírus. Destaca que o isolamento de 14 dias após a apresentação dos sintomas quebra a corrente de transmissão e após esse período já não ocorre o contágio.
O médico conta que são passadas as informações aos pacientes confirmados para que permaneçam isolados, assim como as demais pessoas da casa por 14 dias. “O ideal seria que a pessoa testada positivo ficasse em outra residência, mas nem sempre isso é possível”. Ele explica que em caso confirmado, a pessoa deve ficar em um cômodo separado dos demais moradores sem contato algum. “O ideal é que seja um quarto com banheiro para uso exclusivo da pessoa testada positivo. O quarto deve ficar com a porta fechada e a janela aberta para circulação do ar e ela deve usar máscara”, destaca.
O médico recomenda ainda que a pessoa deve manter a distância de 1 metro dos demais moradores, se não for possível ele ter um banheiro exclusivo, todas as vezes que usá-lo necessita ser higienizado com hipoclorito ou água sanitária ou ainda álcool; não compartilhar nenhum objeto de uso pessoal, talheres, copos, pratos, celular; toalhas, roupas de cama; roupas devem ser lavadas separadamente; sempre higienizar as mãos com água e sabão e álcool 70%; higienizar maçanetas de portas, chaves, bolsas. Deve haver um cuidado especial no descarte do lixo da pessoa com Covid-19, sendo depositado em um saco duplo, bem amarrado.
Dr. Rodrigo alerta que as pessoas da casa, assim como o paciente, devem sempre ficar em alerta aos sintomas como febre alta, falta de ar, e sempre manter o contato com a Unidade Básica de Saúde relatando alterações no quadro clínico.