“O filme denuncia as manobras feitas pelas mães que após brigas, divórcios ou separação decidem fazer de tudo para manterem os pais longe dos filhos. Mas devido a enfatizar o olhar dos homens sobre a questão da alienação, o filme tem sido alvo de censuras e de críticas, sendo a principal delas a vitimação dos pais”, João Nunes da Silva.
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT. Trabalha como projeto em cinema e educação
Você sabe o que é alienação parental? Se não tem ideia, muito provavelmente já soube de algum caso de filhos que foram criados por pais separados e que em geral o genitor que fica com a criança procura alterar a percepção sobre o outro; daí esse nome que no mínimo soa complexo.
O termo alienação parental surgiu pela primeira vez em 1985 por R. Gardner. A questão que se torna em geral num verdadeiro imbróglio jurídico e psicossocial acontece principalmente como forma de vingança de uma das partes, de modo que a criança passa a ser usada como arma para punir o parceiro.
O tema da alienação parental é apresentado em dois documentários produzidos no Brasil e na Argentina: Borrando a papá, dirigido por Ginger Gentile e Sandra Fernandez, Argentina (2014) e A morte inventada, Brasil, dirigido por A. Minas (2009).
Os dois documentários tratam do dilema dos pais que não podem ver os filhos tendo em vista os vários artifícios usados pelos alienadores. Borrando a papá dá voz a seis pais os quais falam da situação dramática que é viver sem poder estar ao lado do filho.
O filme denuncia as manobras feitas pelas mães que após brigas, divórcios ou separação decidem fazer de tudo para manterem os pais longe dos filhos. Mas devido a enfatizar o olhar dos homens sobre a questão da alienação, o filme tem sido alvo de censuras e de críticas, sendo a principal delas a vitimação dos pais.
Quanto ao filme A morte inventada, temos a história de sete genitores, sendo que apenas uma é mulher. Este filme reforça o sério problema da alienação parental e destaca o olhar dos filhos envolvidos nesse drama. Com isso esse documentário permite ao espectador uma visão sobre o que é denominado de síndrome de alienação parental; o que ocorre quando tanto genitores quanto filhos são obrigado a conviver com esse dilema.
A partir do ponto de vista trazido pelos dois filmes sobre o referido problema, é salutar destacar a importância dessas obras por favorecerem ao público a discussão um problema sério da sociedade moderna e que, de certa forma, ainda é tratado como um problema apenas jurídico.
Vale ressaltar que a questão da alienação parental ainda é um tema pouco discutido e, por sua vez, quando há alguma referência ao tema, percebem-se inúmeros problemas de ordem emocional, jurídica, social, política e cultural.
A partir desses dois filmes temos a possibilidade de ampliar a discussão sobre o assunto; o que deve ser feito pelas famílias, organizações não-governamentais, escolas, universidades e profissionais que lidam direta e indiretamente com essa questão.
Recomendo, portanto, a todos, sejam envolvidos ou não com esse problema, que assistam aos filmes, os quais se encontram disponibilizados no youtube e em seguida discutam á luz dos vários olhares possíveis. Eis os endereços:
– A morte inventada
https://www.youtube.com/watch?v=aihyfzHU2X0
– Borrando a papá.
https://youtube.com/watch?v=x5ppLOtTKe4
A narrativa construída em A morte inventada favorece um olhar sobre as subjetividades diante do problema da alienação parental; já Borrando a papá permite uma discussão sobre a burocracia e o funcionamento da justiça sobre uma questão tão delicada, especialmente quando os filhos envolvidos nesse dilema são os principais prejudicados.