Técnico (tocador de obras), ter imagem de líder (sabe comandar), experiência, ser simpático, administrador, carismático, rígido com as contas públicas, determinado, honesto ou trabalhador. São algumas perguntas retirada de um livro de Carlos Manhanalli em que ele fala sobre Plano de Marketing Eleitoral que indicam o passo a passo do nascimento de uma candidatura.
Com o eleitor cada vez mais crítico, cada eleição muda o cenário dos representados e de seus representantes. Nas últimas eleições municipais mostrou em Gurupi o papel das duas famílias mais trandicionais na política municipal. Tanto a família Cruz e como a Nunes agiram apenas nos bastidores criando espaços para novas candidaturas. Com o apoio da deputada Josi Nunes (PMDB) e sua mãe Dolores Nunes (PMDB), do governo, da maioria dos partidos e dos deputados estaduais e federais do Tocantins, o então deputado Federal Laurez Moreira (PSB) venceu as eleições com 22.350 votos (57,22%) na eleição quando entrou no cenário o, até então desconhecido, Mauro Carlesse (PTB) e, mesmo assim, teve 16.713 (42.78%) – com apoios de Goiaciara Cruz (hoje PSD), Kátia Abreu (PMDB) e do deputado Eduardo do Dertins (PPS).
As eleições de 2014 serviram para ter uma noção do potencial de votos. Candidatos como deputado Eduardo do Dertins (PPS) terceiro mais bem votado em Gurupi nas eleições de 2010 com 3.984 (9,83%) votos em Gurupi. Em 2014, mesmo com apoio do governo, acompanhou a sua votação cair na Capital da Amizade declinar para 2.218 votos (5,45%) votos e hoje encontra-se, absolutamente, apagado e desaparecido do cenário político municipal. Neste rito, a votação da candidata a deputada Goiaciara Cruz (PSD) não foi muito diferente. Em 2010 Goiaciara teve 19.316 (48,21%) votos na candidatura a federal em Gurupi e nas eleições de 2014 a estadual, a votação de Goiaciara também entrou em declínio com 5.854 votos (14,38%); perdendo para o novato Mauro Carlesse (PTB) – candidato a deputado Estadual mais bem votado em Gurupi em 2014, com 6.896 (16,96%), superando muitos políticos tradicionais.
No entanto, a então deputada Estadual Josi Nunes recebeu nas eleições de 2010 dos gurupienses 9.214 votos (22,74%) e nas eleições de 2014 surpreendeu com 17.017 (43,06%) dos votos válidos, numa eleição em que ela concorreu em Gurupi com novato Walter Júnior (SD), segundo mais bem votado a federal com 6.966 votos (17,63%).
Historicamente, Josi Nunes, perdeu apenas para Goiaciara Cruz em 2010 quando teve 19.316 (48,21%) votos. Naquela mesma eleição, o então deputado federal Laurez Moreira (PSB) foi o segundo melhor votado a federal com 7.935 (19,81%).
Ainda nas eleições de 2014, no contexto estadual, a surpresa foi a pequena diferença de 5.932 votos que ninguém, nem as pesquisas, imaginavam que o candidato a única vaga ao senado, Eduardo Gomes (PSDB), com seus 276.12 votos perderia para a senadora Kátia Abreu (PMDB), que teve 282.052 votos. A senadora, hoje ministra, levou de frente em Gurupi 3.490 votos, uma grande diferença positiva, levando em conta o retorno e a vantagem na cidade que ela tem os alicerces da sua vida política.
No entanto, Marcelo Miranda (PMDB) venceu em Gurupi o candidato Sandoval Cardoso (SD) com uma diferença de 9.984 votos (28,39%). Em síntese, estes números apontam a importância do eleitor de Gurupi na eleição da senadora Kátia Abreu e do governador Marcelo Miranda.
Coloquei os números acima para o leitor ter uma noção da situação da desenvoltura de algumas lideranças de Gurupi e do papel da cidade na conjuntura política estadual.
Oposição tímida
Agora, voltando para as eleições de 2016, percebe-se que a situação não mudou, ou seja, até o momento apareceu apenas o pré-candido Luis Claúdio (PEN) a colocar o nome para disputar a cadeira ocupada pelo prefeito Laurez Moreira (PSB), que mostra mais uma vez ser um bom articulador e hoje conta com apoio do ex-líder da oposição na Câmara, vereador Jonas Barros (PV), com o PSD, de Goiaciara Cruz e das duas alas rivais do PMDB, representadas pela ministra Kátia Abreu e pela deputada federal Josi Nunes.
Perfil do eleitor no Brasil…
As eleições municipais deste ano acontecem no momento que os eleitores estão mal humorados com a classe política, num cenário onde os jovens eleitores não mostram interesses em votar, conforme foi apontado em uma pesquisa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apontando que 31% dos jovens eleitores de 16 a 17 anos recuaram a intenção de tirar seus títulos em 2016 – em relação ao ano de 2010.
“Há um descrédito na política. As coisas não mudam e, [quando mudam], só mudam para pior. Eles [os jovens] só vão se inscrever [para tirar o título de eleitor] quando for obrigatório. Isso é bem sintomático. Não há uma renovação nos quadros políticos. São sempre as mesmas pessoas e políticos. Isso desestimula”, apontou a cientista política e professora da PUC-SP Vera Chaia em uma entrevista ao Portal UOL.
Já o cientista político da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer, foi mais longe quando disse: “Tanto os candidatos às eleições desse ano como os políticos eleitos pelo voto do povo têm parcela de culpa nisso”.
Em Gurupi
Não são apenas os jovens que estão insatisfeitos com a política, basta observar as postagens e comentários nas redes sociais e nas rodadas e conversas e poderemos observar que o eleitor não perdoa falhas e não poupa críticas, como os exemplos da votação de aumentos de impostos, a defesa pela não realização do carnaval em troca de investimento em pavimentação asfáltica, a falta de investimento no trânsito da cidade, insegurança pública, o polêmico PL do PCCR do quadro geral e dos servidores da saúde de Gurupi. No caso do PCCR, pessoas sem ter qualquer ligação com servidores tomaram a dor e não poupam críticas aos representantes dos poderes Legislativo e Executivo.
Sem medo
O eleitor perdeu o medo de criticar os políticos e a rejeição dos políticos em geral é confirmada em pesquisa como foi o caso de uma realizada pelo Instituto Datafolha nos dias 25 e 26 de novembro que revelou que 50% rejeitam os políticos. Mas, política no Brasil é um fenômeno em que os eleitores críticos, na hora da onça beber água, mudam de opinião da noite para o dia, principalmente se não sentir segurança na mudança ou em seus pequenos interesses – num país em que nos campos das ideias, as emoções falam mais do que a razão em período eleitoral, o que não acontece em países mais desenvolvidos.
Zona de conforto
Apesar destes números, ainda não há nenhuma pesquisa divulgada no Tocantins, mas, para muitos, a gestão do prefeito Laurez estar, até então, em zona do conforto, devido a administração, em especial, na infraestrutura, na área da educação e na agricultura familiar; no controle das contas públicas e experiência política, principalmente, quando comparado a outros municípios que não conseguem, sequer, pagar os fornecedores, salários dos servidores e atolados em denúncias de corrupção, como são os casos de Prefeituras como a de Peixe e Formoso do Araguaia.
Novos líderes
O fato é que a corrida eleitoral ainda não começou e a disputa em Gurupi continua dependendo da vários fatores nas esferas estadual e nacional, justo num momento crítico em que alguns rasgaram seus títulos, enquanto poucos novos nomes no cenário município, como Luis Cláudio Barbosa (PEN), deputado Mauro Carlesse (PTB) e Adailton Fonseca (hoje sem partido) buscam seguir exemplos dos bons cozinheiros e estão preparando os ingredientes antes de começar a fazer o prato principal na intenção de obterem vantagens em comparação aos pratos de seus rivais com a finalidade de terem o gosto da confiança dos eleitores. Pois, como disse Ulisses Guimarães: “Política é como uma nuvem, você olha agora, está de um jeito; abaixa a cabeça e olha de novo, e ela está completamente diferente”, e a situação complica com as mudanças do calendário eleitoral que neste ano o candidato terá que gastar mais a sola do sapato, pois o tempo de campanha será reduzido 90 para 45 dias e o eleitor será menos chateado, devido a diminuição do tempo de propaganda eleitoral (TV e Rádio), reduzida de 45 para 35 dias. Um barato que deverá sair caro, pois obrigará os candidatos a investirem em supermarqueteiros para repassarem suas mensagens no menos tempo possível, inclusive para se defender de inverdades e agir na contrainformação.