“Trata-se de uma obra importante para propiciar a discussão em sala de aula e nos diversos ambientes da sociedade. O filme favorece ao espectador uma olhar sobre o século XVII, o contexto do iluminismo, no qual estavam presentes as discussões em torno da razão, essa que será tão importante para o desenvolvimento da modernidade, mais precisamente do modelo de sociedade que temos hoje”. João Nunes da Silva.
por João Nunes da Silva *
A jovem rainha conta a história de Cristina, uma menina palaciana da Suécia do século XVII que enfrenta sérias dificuldades para lidar, como rainha, com a realidade da sua época. O filme foi lançado em 2016 e sob a direção de Mika Kaurismaki e trata da história da Rainha da Suécia, que governou de 1626 a 1689.
O pano de fundo da história é o conflito entre católicos e protestantes que durou mais de 30 anos, além da moral da época a partir dos bastidores da política e da religião. Cristina assumiu o trono aos 12 anos e se mostrou uma mulher bem a frente do seu tempo, tendo que lidar com o conservadorismo da época e várias questões política, religiosas e filosóficas.
Trata-se de uma obra importante para propiciar a discussão em sala de aula e nos diversos ambientes da sociedade. O filme favorece ao espectador uma olhar sobre o século XVII, o contexto do iluminismo, no qual estavam presentes as discussões em torno da razão, essa que será tão importante para o desenvolvimento da modernidade, mais precisamente do modelo de sociedade que temos hoje.
Na trama, podemos perceber as questões em torno do poder e a relação do Estado com a religião e com a sociedade, mais precisamente sobre as disputas pelo poder que envolviam economia, religião e fiosofia.
A rainha Cristina insere um novo modo de governara, pois era voltada para a leitura, principalmente de filósofos como Renê Descartes, que foi seu preceptor na época. Com isso favorece a discussão sobre os diversos temas como política, religião, amor, entre outros.
A jovem rainha ainda enfrenta grandes dificuldades por ser lésbica e, por sua vez, se tornar alvo de críticas ao se apaixonar por uma jovem condessa que a acompanhava. Eis mais um tema bastante atual em tempos de intolerância como o que vivemos no momento no Brasil.
A história da Rainha Cristina, da Suécia, já foi à grande tela em 1933 com a atriz Greta Garbo. A produção atual é alemã e oferece ao espectador novas possibilidades para saber um pouco da história desse período tão rico do século XVII e sua influência nos modos de pensar de fazer política e de viver hoje.
** João Nunes da Silva: Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Miracema-TO.Trabalha com projetos em cinema e educação