“Uma sociedade minimamente sadia reconhece e bem quer suas crianças, é a elas que recorremos para sentir o gosto de inocência, é nelas que nos apoiamos para construir o amanhã, nelas o que há de mais humano, o nosso melhor.” Francisco Cláudio Gomes.
por Francisco Cláudio Lima Gomes
Em meio a injustiças de toda espécie e noticia de degolas nos presídios, casos como o do menino João Hélio, das crianças da escola em Realengo ou as crianças da creche em Janaúba nos deixa em estado de choque, abismados e em luto.
Uma sociedade minimamente sadia reconhece e bem quer suas crianças, é a elas que recorremos para sentir o gosto de inocência, é nelas que nos apoiamos para construir o amanhã, nelas o que há de mais humano, o nosso melhor.
Em um mundo de relações cada vez mais efêmeras o luto é uma oportunidade para o resgate da empatia, da solidariedade e o sentimento de pertencimento. O choque da noticia, que nos retira do caos cotidiano e nos leva ao luto e é uma janela em nossa opacidade emocional, é um meio precioso para repensarmos nossa realidade.
Sabe-se que o suicídio pode ser uma questão psiquiátrica, Emile Durkheim mostrou estatisticamente que também é uma questão social que pode aumentar em situações de desemprego em massa. As relações de causalidade são mútuas, precisamos cada vez mais de pessoas que compreendam que tudo esta interligado.
Em contexto de relações em complexidade crescente é válido que se pergunte sobre os motivos do ocorrido. Foi um ocorrido pontual? Que se pergunte se sinistros como esse aumentarão em uma projeção de desemprego crescente, em uma projeção de aumento no número de refugiados, em uma situação crescente de desesperança e crise de representatividade.
Vivemos em um mundo assombrado por demônios. Fome, falta de oportunidade, ignorância, alienação, violência, lixo, desprezo ambiental … Quem cuida de nossas crianças?
Atônitos, só sabemos que não se pode se negar ao luto! Não se pode lavar as mãos!