O desemprego no estado do Tocantins segue a mesma proporção da do restante do país. Sacrifica em maior parte os jovens. Outro agravante é que quanto mais baixo o corte de idade, maior as taxas, como mostra os dados do segundo trimestre deste ano da Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice entre os jovens de 18 a 24 anos no Tocantins ficou em 25,7%, enquanto entre os mais velhos, entre 25 e 39 anos, a taxa não passou de 10%.
por Redação
Além da problemática da falta de vagas de emprego, um outro ponto pode ser discutido quando o assunto é dificuldade em se inserir no mercado de trabalho: qualificação. Esforços foram feitos na área educacional nos últimos anos, algumas conquistas foram alcançadas, mas não conseguiram equacionar problemas relacionados à qualidade do ensino, tampouco assegurar a universalização das matrículas no Ensino Médio, um dos gargalos do país.
Apenas 58,5% dos jovens concluem a educação básica até os 19 anos de idade; e a maioria dos que conseguem concluir sai despreparada para o mercado de trabalho. O número de pessoas frequentando o EJA no ano passado na etapa do ensino médio é 10,6% maior do que a registrada em 2016. Leia mais aqui.
Dados da Pnad indicam que o País abriga cerca de 70 milhões de pessoas com mais de 18 anos sem o Ensino Médio completo. Atento às dificuldades do mercado, Pedro Antônio Calistro da Silva Neto, de 17 anos, não quer correr o risco de ficar sem um emprego por muito tempo. Hoje, tem dedicado tempo e atenção ao curso técnico em automação industrial, no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Palmas. Deixou os pais no Pará para correr atrás da tão falada qualificação profissional. “A questão do técnico é por ampliar bastante a visão de emprego e entrar mais fácil no mercado de trabalho. Se eu fizesse engenharia elétrica demoraria mais e ganharia a mesma coisa na função de técnico. Quero alguma boa coisa no final”, afirma o jovem.
A 11ª meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é, justamente, triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. A ideia também é defendida pelo setor produtivo e foi encaminhada aos candidatos à presidência da república para ser posta em prática nos próximos quatro anos, como um incentivo ao aumento das qualificações profissionais e, consequentemente, maior chance de absorção desses jovens no mercado de trabalho.
Segundo o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, é preciso melhorar o diálogo do país com a educação para os jovens. “A visão nossa, da Confederação Nacional da Indústria, vai muito nessa direção de estabelecer uma agenda que seja importante para a realidade brasileira, para os problemas que nós temos hoje de juventude no país. Nós temos um elevado grau de desemprego na população aberta, que está acima de 12%, mas entre os jovens, ele se aproxima de 30%. Então nós temos um grande contingente de jovens que é vítima exatamente dessa baixa capacidade de diálogo entre o nosso modelo educacional e as opções e projetos de vida dos jovens que passam pela escola”, afirma Lucchesi.