João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT- Campus de Arraias.
A capacidade de pensar é inerente ao ser humano, mas, é preciso saber que você esta no comando. Do contrario, se tornará escravo do seu pensamento. O cérebro é uma máquina de grande magnitude, de modo que na sociedade moderna, focada na industrialização e na tecnologia, há uma forte tendência a tornar o ser humano em pura máquina; o que, resulta em serias implicações para a vida humana e para a sociedade.
Desde o Renascimento e o Iluminismo cada vez mais o ser humano foi sendo induzido à ilusão da máquina; achou que a felicidade enfim seria alcançada em sua plenitude e, portanto, agora nada mais seguraria o progresso da humanidade. Grandes invenções aconteceram e ainda hoje muitas acontecem. Tudo criação do ser humano. Coisas boas e ruins foram criadas; não se pode dizer que poucas coisas boas foram trazidas com o avanço da ciência.
![João-Nunes-pensamento O eu, o pensamento e nós humanos João-Nunes-pensamento O eu, o pensamento e nós humanos](http://www.atitudeto.com.br/wp-content/uploads/2015/09/João-Nunes-pensamento.jpg)
As descobertas na área de saúde estão aí para mostrar que de fato muita coisa avançou. Mas isso não é tudo; e olhando de uma perspectiva crítica, as grandes descobertas têm sido muito mais para o beneficio de poucas pessoas, tendo em vista que a ganância pelo capital se tornou fator predominante nas sociedades em geral ditas civilizadas.
O surgimento de grandes máquinas de guerra, os conflitos armados, os ataques com armas químicas, o uso da bomba atômica, são alguns exemplos de que a humanidade avançou em tecnologia e regrediu do ponto de vista ético e humano.
A capacidade de pensar foi elevada ao extremo sob a perspectiva do lucro, do poder pelo poder. A educação, que poderia servir para o equilíbrio humano e social, se tornou refém da ganância. É contraditório e nefasto reduzir a escola e a universidade á lógica instrumental e a desumanização.
É isso que acontece de maneira assustadora. Com isso o eu passou a ser o indivíduo neurótico em busca do poder a todo custo e a ciência e seus cientistas passaram para o lado do maior, mais precisamente, do que explora. Não por acaso as pesquisas cientificas mais financiadas são aquelas voltadas para a tecnologia com vistas ao aumento da produtividade e do lucro, enquanto o ser humano passou a ser visto como uma peça ou uma máquina do sistema.
O resultado de toda essa onda instrumentalizante são os conflitos sociais e individuais, as neuroses, os diversos problemas psíquicos, o crescimento do ódio e do rancor e as doenças em geral como sinal do esgotamento do corpo e da incapacidade de controle da mente.
Me pergunto para que serve a escola nesse contexto; o que fazem os estudiosos e cientistas, os intelectuais, gestores, professores e estudantes. Se o modo de vida passa a ser pautado pela coisificação, a impessoalidade, a burocracia, a sistematização e a institucionalização forçadas, que será de nosso destino e, principalmente das futuras gerações?