“Na nossa contemporaneidade pessoas como Martin Luther King, Gandhi, Mandela, dentre outros foram condenadas por lutarem pelo bem comum. A luta contra o racismo liderada por Luther King e Mandela, dentre várias outras, até hoje continua. A luta contra a desigualdade é uma constante.” João Nunes da Silva.
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Arraias. Trabalha como projeto em cinema e educação
A crise política que se instalou no país a partir do momento que a direita brasileira não aceitou o resultado das eleições de 2014 trouxe consigo o crescimento do ódio; mas especificamente o ódio de classe, o ódio ao pobre e a tudo o que representa alguma perspectiva de diminuição das desigualdades sociais se tornou alvo de perseguição.
Estranhamente tenho verificado que grande parte das pessoas que destila ódio contra os partidos de esquerda, mas especificamente contra o PT, se mostra nas redes sociais como pessoas felizes, amáveis e, como dizem por aí, se intitulam como “pessoas do bem”. Eu não entendo como alguém que se diz do bem defende a tortura e a morte aos seus oponentes.
O ódio alastrado contra os direitos humanos, por exemplo, em geral tem vindo de pessoas que se dizem bastante cristãs, mas que ao mesmo tempo defendem a pena de morte, o porte de armas e até se juntam a outras para agredir pessoas indefesas pelas ruas, principalmente se estas representarem alguma coisa em defesa dos trabalhadores.
É importante refletir mesmo sobre essa curiosa situação de inversão de valores que a humanidade tem apresentado ao longo do tempo; veja que coisa curiosa: você que está lendo essas linhas, já parou para pensar o quanto a história humana tem sacrificado exatamente aqueles que lutam pela paz, pela igualdade e pela justiça social?
Ainda na Grécia antiga Sócrates (399 a.C) foi condenado à morte por sua filosofia ser considerada um perigo para a juventude da sua época; assim acusaram os representantes da justiça. Para os poderosos do seu tempo Sócrates corrompia a juventude e introduzia a crença em novos deuses. Embora tenha tido esse fim, Esse filósofo foi considerado o mais sábio de sua época. O que matou Sócrates na verdade foi à ignorância e a intolerância ao Novo.
Jesus Cristo, a figura mais conhecida no Ocidente foi condenada a morte na cruz; antes, porém, passou por todo tipo de suplício, sofrendo torturas e humilhações. Sua condenação foi motivada, não apenas pela questão religiosa, mas sim por apresentar uma nova concepção de mundo baseada no respeito às diferenças. Para os mandatários da época Jesus representava uma ameaça à ordem vigente.
Jesus foi julgado pelos romanos e pelos judeus; pelo lado judaico enfrentou o Sinédrio e pelo romano político foi levado a Pôncio Pilatos, isso mesmo, foi aquele que declarou que não via nenhuma culpa em Jesus, mas mesmo assim decidiu pela covardia ao lavar as mãos e entregá-lo para ser crucificado.
O julgamento de Jesus foi marcado por incongruências e ilegalidades processuais, o que ainda hoje é muito comum quando a classe dominante se sente ameaçada por alguma liderança oriunda do povo.
Na nossa contemporaneidade pessoas como Martin Luther King, Gandhi, Mandela, dentre outros foram condenadas por lutarem pelo bem comum. A luta contra o racismo liderada por Luther King e Mandela, dentre várias outras, até hoje continua. A luta contra a desigualdade é uma constante.
No Brasil a história não é diferente; as principais lideranças que lutam por justiça, liberdade e contra as desigualdades, impostas pelas elites, até hoje são perseguidas. Para isso as instituições são usadas a serviço da ordem desigual e injusta.
As nossas instituições têm funcionado ultimamente muito bem, mas, só para um lado.
A principal arma que mantém a injustiça social é a ignorância alimentada pelas elites as quais se apropriam do poder em nome do povo e em nome da ordem.
Assim tem sido história da humanidade.