Cortar na carne dói, mas não há milagre quando se gasta mais do que se recebe e evita calamidade financeira, em consequência de rombos acumulados nas contas. A equação é simples e pragmática. Se falta dinheiro, o governo trava, os investidores ficam receosos em se instalar no estado, o desemprego aumenta, o comércio desaquece, a arrecadação desaba e a população paga a fatura com impostos mais caros, salários atrasados, serviços públicos precários e obras paradas.
por Wesley Silas
Não é demais lembrar que o Brasil ainda não superou sua crise econômica e que isso continua refletindo nos demais entes. Até o momento, sete estados já declararam oficialmente situação de calamidade financeira. Enquanto o Tocantins discute estratégias para voltar a crescer, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás passam por problemas econômicos sérios e não enxergam no horizonte uma saída a curto e médio prazo para a crise.
Grande parte da crise vivida por esses estados está no fato de não terem feito o dever de casa enquanto ainda era tempo. A lição que sobra ao Tocantins é que se os erros do presente não forem corrigidos, o futuro chegará cobrando uma fatura muito alta, com desemprego, recessão, salários atrasados e serviços públicos pífios.
Há muito tempo que a economia do Estado vem dando sinais do seu esgotamento. Ainda assim, gestões passadas estiveram mais focadas em tão somente gerenciar a folha de pagamento do Estado do que em realmente resolver os problemas que afligiam os cofres públicos.
Dever de casa
Mas lodo de início, a gestão Mauro Carlesse chega fazendo os ajustes necessários para que o Estado retome o caminho do desenvolvimento. A primeira fase desse processo é realmente mais complicada, porque é quando o governo precisa aplicar o remédio amargo e com isso, consequentemente, desagradar uma parcela da população.
Porém, o Estado só vai reagir e voltar a crescer se as contas públicas forem sanadas. E não há outra receita se ele não fizer os cortes necessários e preparar o terreno para a implantação de ideias modernas e de uma gestão eficiente. Por isso, a importância do planejamento estratégico que está sendo feito pela equipe econômica do governo, no sentido de rastrear as perdas de receitas para aumentar a arrecadação e investir esse dinheiro em áreas estratégicas como a educação, habitação, saúde e segurança pública.
Além disso, são bem-vindos também os outros esforços para manter os compromissos do governo em dia, como pagamento de servidores e fornecedores, algo que já não acontece em outros estados. A redução da máquina pública passa essencialmente pelo corte de secretarias e do número de servidores em comissão e contratos; redução de gastos com a frota de veículos públicos e com combustível; reavaliação de contratos firmados em gestões passadas; além da economia com água, luz, telefone e materiais de expediente.
Modernização
Outro ponto importante anunciado pelo governo nessa reforma é a criação da Agência de Tecnologia da Informação. Um órgão, que se bem gerenciado, poderá não apenas modernizar o atendimento na máquina pública estadual como também colocar o Tocantins de vez dentro do século XXI, superando a hoje sucateada estrutura que Estado possui.
Cabe ressaltar também que, ao se enquadrar dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e ajustar suas finanças, o Estado terá sua nota para investimento reavaliada pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o que refletirá também na liberação dos empréstimos da Caixa Econômica e do Banco do Brasil aprovados pelo Legislativo estadual. Os recursos serão investidos em todos os 139 municípios fazendo com que o Tocantins se transforme em um verdadeiro canteiro de obras. Que 2019 seja um ano que o governo consiga se libertar de vez das amarras que o impedem de crescer e desenvolver e mostre ao país que possui um modelo viável de governança.