Lembro também que na época, apesar dos boatos de que a Transbrasiliana despejava seu esgoto próximo a nascente do córrego, muitas crianças, que hoje muitas delas possuem títulos de doutores bem sucedidos, depois de passar horas engraxando sapato na rodoviária velha, próxima aos Correios, deixavam suas caixas à beira do Mutuca para divertirem dando tibungos e matar a sede nas águas do Mutuca.
Passaram-se os anos e a evolução da sociedade levou a inocência das crianças que hoje foram transformadas nas
maiores atrações dos telejornais, quando o assunto é crime e drogas. No Mutuca de hoje, apesar da boa aparência, qualquer bom observador poderá ver que lá existe diversas formas de vidas que contaminam o solo e coloca a saúde das pessoas em risco. Dentre elas estão os caramujos africanos, um substituto do chique escargot. Para nós, um reflexo da globalização, pois, segundo a Agência Fio Cruz esses bichinhos saíram do continente Africano no final da década de 80, de forma ilegal, e chegaram aqui no Norte do Brasil, da mesma foram como chegaram os Walkmans do Paraguai, que deram lugar discman, MP3, pen drive, Blu-ray disc e se hoje, na época da nanotecnologia, pode juntar tudo que cabe dentro de um celular e ainda sobra espaço para televisão, GPS e internet com suas redes sociais. Pelo menos, este é o lado bom das coisas e da evolução.
Só, que os caramujos tem um agravante, segundo o Departamento
de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz eles podem levar doenças para as crianças e adultos que brincam no Parque Mutuca e ainda corre, apesar de ser muito raro, o risco de contribuírem com duas zoonoses, dentre elas a meningite eosinofílica, causada por um verme que passa pelo sistema nervoso central, antes de se alojar nos pulmões. Segundo o Ministério da Saúde no Brasil, há apenas um relato de caso.
Outro problema é despejos de esgotos no Corrégo Mutuca pelos comerciantes que ficam à margens e, por falta de uma rede de esgoto sanitário, não têm onde jogar suas imundícias e fazem das água do córrego Mutuca um esgoto subterrâneo disfarçado.
Segundo relato de um ambulante, um dia destes, um comerciante teve problema no esgoto e quando o caminhão limpa fossa iniciou a desobstruir a tubulação uma espécie de chafariz, como o da praça da Abadia, só que de esgoto, explodiu no meio da canalização do Mutuca, exalando um mal cheiro insuportável, abrindo espaço para que os excrementos humanos escorressem pelo Mutuca.
Durante uma audiência na Câmara Municipal levei o problema ao gerente de Meio Ambiente da Secretaria de Desenvolvimento e Meio Ambiente da Prefeitura de Gurupi, Jandislau José Lui, que afirmou que a solução está no Plano de Expansão de Saneamento que deverá ser iniciado neste ano pela Foz/Saneatins. “Nós temos uma funcionária levantando quais são estes pontos. Após detectar vamos de imediato tomar uma atitude. Mas, vai ser resolvido, definitivamente, com a rede de esgoto”, disse.
Na mesma audiência na Câmara Municipal, Jandislau noticiou que a intenção da sua equipe é despoluir o Mutuca em todos os sentidos. Retirando os outdoors, os comércios ambulantes que, segundo ele, são todos ilegais e finalizar a expansão do Parque Mutuca e, com isso, possa dar aos gurupienses um lugar seguro e sadio para passar os momentos de laser.
Mas, enquanto os projetos não saem do pepel e não acontece ficamos aqui escrevendo, denunciando e fazendo o nosso papel social de cidadão e de jornalista que ainda acredita em um futuro melhor para a cidade, onde vivem as crianças e adolescentes com seus iPhone´s, mas desconhecem as mordidas dolorosas da Tabanidae.