por Wesley Silas
Alguns vídeos e vários áudios envolvendo um caminhoneiro residente em Gurupi dividiu opiniões em grupos de redes sociais com julgamentos precipitados de internautas sobre a conduta dos envolvidos, sendo eles um policial de Goiás que afirma em vídeos que o caminhoneiro estaria bêbado e colocando em risco a vida de outros motoristas, enquanto a família e amigos do caminhoneiro defendem que ele foi vítima do golpe “boa noite cinderela”.
Segundo o Policial, da Polícia Militar de Goiás, que pediu para ter não ter o seu nome divulgado, por volta das 13h40 do sábado, 23, ele e outras pessoas que estavam em seu veículo se depararam com o caminhão ziguezagueando na TO-070, a 20km de Brejinho de Nazaré e, para evitar acidente ele teve que frear o veículo e ligou o pisca alerta até conseguir parar o caminhão e ficou a espera de uma viatura da PM, enquanto ele monitorava o trânsito, pois o caminhão estaria próximo a uma curva, o que poderia causar acidentes. Ao se deparar com o caminhoneiro ele gravou um vídeo com imagens do motorista com afirmações de que estaria bêbado, em seguida o vídeo viralizou nas redes sociais provocando ofensas ao caminhoneiro e, em seguida após declarações de familiares do motorista, os ataques partiram contra a conduta do policial.
Para a filha do caminhoneiro, Letícia Aires Bandeira, o seu pai estava almoçando e alguém teria colocado no refrigerante dele uma substância química deixando-o dopado e sem consciência dos seus atos.
“Quando ele estava no meio da estrada ele dormiu e foi aonde ele conseguiu tirar o caminhão para o lado e desceu. Daí passou o policial que estavam em viagem com a família e o filmou achando ele estaria bêbado. Ele ficou esperando os outros policiais chegarem quando o efeito da droga estava terminando. O meu próprio pai pegou o caminhão, tirou da estrada e voltou para a fazenda onde ele tinha pego a soja”.
Ela afirmou que o caso também chegou a ser divulgado em veículos de comunicação e nas redes socais sem oferecer a oportunidade do contraditório.
“A Globo (Jaime Câmara) está distorcendo tudo e não sabe dos fatos, as pessoas estão republicando e não sabem dos fatos. Se alguém ver o vídeo em algum grupo avise para as pessoas não julgarem porque não sabem da verdade. Minha mãe e eu temos problemas de saúde e isso está mexendo com a família toda. É para eles terem um mínimo de decência e de humanidade e parar de ficar divulgando coisas que eles não sabem a verdade”, disse Letícia. Ela enviou ainda alguns áudios de caminhoneiros amigos do seu pai informando que ele não consumia bebida alcoólica.
Ela rebateu ainda a versão do policial goiano que alegou que o pai dela estivesse alcoolizado.
“Vamos entrar com um processo contra o policial (goiano) porque está usando e denegrindo a imagem do meu pai. Ele estava de passagem e no impulso ele jogou as imagens do meu pai nas redes sociais, sendo que os policiais (do Tocantins) não ficaram sabendo do vídeo e só souberam quando eu estava em Aliança do Tocantins”, disse.
A filha do caminhoneiro citou o 139 do Código Penal brasileiro para alertar as pessoas que postam nas redes sociais com objetivo de denegrir a reputação de alguém com ofensas, podendo ser considerado crime. Outro ponto que deve ser refletido para os desavisados é o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), que diz respeito aos “princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil”.
“Outro lado”: O que diz o policial
Atendendo ao princípio de ouvir sempre o outro lado, a reportagem ouviu o policial goiano que ao ser entrevistado pediu para não ter o seu nome divulgado. Ele reafirmou que o caminhoneiro estaria bêbado e pode comprovar nos vários vídeos que ele fez, inclusive com depoimentos de testemunhas e do próprio caminhoneiro, sobre a embriaguez e que “o odor de álcool era muito forte”. Disse ainda que, ao contrário do que afirma a família, o caminhão não estava carregado (com soja).
“O todo tempo fiquei balizando o trânsito para eu outros veículos não viessem a colidir na carreta e que só saiu do local quando uma viatura da cidade de aliança chegou ao local”, disse. Ele afirmou ainda que ficou surpreso da falta do registro de um Boletim de Ocorrência.
O Portal Atitude tentou ouvir a Polícia Militar do Tocantins, mas até o fechamento da matéria não obteve respostas.